É preciso combinar com os russos

Foto: Lula Marques/AGPT/Fotos Públicas

Cara leitora, caro leitor, a frase acima não se refere á família deste colunista que vos escreve. É uma máxima do grande craque, único, inigualável e que tanto faz falta hoje, Garrincha.

Dizia respeito a jogadas ensaiadas, as quais, segundo ele, era preciso combinar com os russos. Mas o Russo ao qual iremos discorrer é Sérgio Moro (este é o apelido dele entre os Procuradores da República).

Conversas foram publicadas pelo The Intercept mostrando revelações embaraçosas em que o procurador Deltan Dallagnol reconhece a fragilidade das provas no caso Triplex de Lula, motivações impróprias, como procuradores decidindo o direito de um preso ser entrevistado com base em efeitos políticos desta entrevista, ou condutas na margem da legalidade, como um juiz instruindo a procuradoria.

Durante a semana passada o assunto dominou as redes sociais.

Uma das reportagens publicada pelo The Intercept Brasil que comprova o uso político da Lava Jato.

A esquerda defendeu que o vazamento é prova inconteste da parcialidade da Lava Jato, do caráter político do julgamento do presidente Lula e de que o impeachment de Dilma foi efetivamente um golpe.

A direita viu com bons olhos, que o que se apresenta nas conversas é um forte compromisso moral dos procuradores com o combate á corrupção, e que o verdadeiro crime ali é vazamento de mensagens privadas.

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Tudo indica, é verdade, que o material que chegou ao The Intercept foi colhido de forma criminosa, o que deve realmente ser apurado. Mas não há dúvida de que deva ser publicado e que desperta interesse público.

O ‘Russo’, Sérgio Moro, quase um herói brasileiro para muitos, é visto como o dono da moral e dos bons costumes. É cotado para o STF e também o foi para presidente da república em 2018. Qual não é a surpresa agora ao vê-lo envolvido em um caso ás raias da promiscuidade. Sua imagem já vinha abalada, após o indiscreto Jair Bolsonaro, seu chefe, declarar que teria uma espécie de dívida a pagar a Moro, que seria finalizada com sua indicação ao STF. Suspeitas há de que Moro queria mesmo era tirar o quanto antes Lula da disputa na eleição do ano passado, pavimentando o caminho para Jair. Mal foi eleito, Bolsonaro convidou Moro a fazer parte do governo como um superministro, convite este que Moro fez charme e disse que ‘iria pensar’.

Dezembro de 2016: Sérgio Moro, na época juiz, com o político Aécio Neves. | Imagem: Diego Padgurschi /Folhapress

Ao cidadão mais atento, ficou uma sensação estranha ao ver a justiça trabalhar tão rápido para julgar Lula, com Moro interrompendo férias, inclusive.

Obviamente se sabe que a Lava Jato tem uma obra invejável a defender. Quebrou paradigmas de impunidade em elites empresariais e políticas.

Porém, com os últimos acontecimentos, não dá para negar: dúvidas foram deixadas sobre sua imparcialidade.

Agora, a sensação que fica é a seguinte: O que diriam os antipetistas mais radicais se as conversas reveladas mostrassem o ex juiz orientando, passando dicas ou antecipando decisões aos advogados de Lula? Como um juiz fala para o acusador ir atrás de uma testemunha porque ela é séria?

Russo, a lei é para todos!

| Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Jornal Biz. |

Escreva para a Coluna do Russo: luizrobertorusso@hotmail.com

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