Uma releitura do amor romântico

Imagem: Freepik/Zeichen.org

Será que o amor realmente existe? Você já amou alguém?  O que é o AMOR? Será que a psicologia evolucionista tem razão, quando fala que o romance surgiu pela necessidade de não puxarmos mais o cabelo de ninguém? Será que Nietzsche (filósofo alemão do século XIX) estava certo ao declarar que, o amor/sexo é uma armadilha da natureza para não se extinguir?

Em todos os períodos da humanidade houve pessoas (filósofos, poetas, cientistas) tentando definir o que é o amor. Não cometerei a mesma infantilidade!  Talvez, esse seja um exame grosseiro, o de dizer o que o amor É ou NÃO É.

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Para fins didáticos e SALUTARES, não entrarei em méritos do tipo: o amor de Deus, o amor de mãe, de amigos (as) e outras definições. Deixarei isso para os teólogos ou para outra oportunidade. Vou me limitar exclusivamente ao que entendemos por amor nos relacionamentos conjugais. Bom, pelo menos é o que eu observo no cotidiano de um modo geral.

Antes de invadir esse terreno de gozos e tristezas, alguns axiomas precisam ser averiguados profundamente.

1 – Nada do que existe, material ou abstrato, É, tudo ESTÁ.

Em outras palavras: as coisas estão em constante transformação, inclusive você nesse exato momento. Os biólogos afirmam: a cada sete anos, todas as células do nosso corpo são trocadas completamente. Ou seja, aquele ser que existia pelo âmbito físico, não existe mais. Desapareceu!  E isso não se restringe somente ao que é palpável. Quantas ideias, conceitos e juízos sobre o mundo, os quais afirmávamos como verdade absoluta, categóricas, hoje não passam de equívocos? São inúmeros! Basta lembrar o que você pensava sobre alguém ou algum fato em sua infância, na juventude, até mesmo há meses atrás, para legitimar o que estou falando.

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2 – Tudo que nasce necessariamente deve morrer – no sentido mais amplo da palavra. Acredito que essa é proposição mais dolorosa para nós – criaturas tão sonhadoras e apegadas.

Por exemplo: uma rosa se abre de manhã com toda a sua beleza e murcha no final do dia. A primavera chega intensa com os rouxinóis cantarolando e vai embora, dando lugar a uma próxima estação. Um bebê vem para a família caminhando na direção do túmulo. No mesmo infinitésimo de segundo que uma casa está sendo construída, ela também está deteriorando pelo tempo. Tudo passa! As lágrimas nunca duram para sempre, tanto quanto, a alegria, a dor de barriga, o dinheiro e a saúde que cedo ou tarde adoece.

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Mas, porque falei tudo isso, leitor (a)? Pela transitoriedade que é a vida, nós, seres “extremamente maduros”, começamos inventar as flores de plástico, as estátuas ou qualquer outro meio que garanta a “eternidade”, inclusive um anel de compromisso. E aqui chegamos ao AMOR. Veja a loucura que nos metemos:

Um dia, você encontra alguém que desperta sua afeição. É inevitável. Todo mundo já experienciou essa sensação em alguma medida. Você sente desejo, frio na barriga, sudorese, taquicardia. É algo como uma doença e seus inúmeros sintomas.  Aquilo te vivifica, te deixa feliz, mexe com a líbido e a autoestima. Mas, para resumir a “novela das oito”: gera um bem estar intoxicante. E se o negócio é reciproco, o romance acontece. Tudo fica lindo e doce. Viramos crianças novamente. Deve ser por isso que os (as) pequenos (as) são tão alegres. Repare no comportamento dos apaixonados e tire suas conclusões. A diferença não é qualitativa, é somente no objeto de paixão: as crianças amam a vida, enquanto nós, a pessoa.

Os (as) envolvidos estão embriagados com o que sentem. Na verdade eles nem conseguem enxergar um ao outro – literalmente como os bêbados. Ele ou ela deduz que o (a) parceiro (a) foi o causador daquele bem-estar e o (a) utiliza como um meio para desfrutar novamente os sintomas. Consegue entender, leitor (a)?  As pessoas não estão se relacionando com ninguém. Elas buscam no outro (a) o que supostamente ele (a) pode oferecer e não o outro em si.

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Enfim, dizemos ter encontrado a nossa alma gêmea, a metade da laranja, ou, o AMOR de nossas vidas. Sonhadores, inocentes e iludidos que é a espécie homo sapiens, criamos um jeito de burlar a própria ordem natural da vida. Onde, tudo é passageiro e tem um final. Nós sabemos disso. Mesmo que inconscientes. A realidade está a nossa volta, é factual, irrefutável. Porém, não aceitamos! Em uma atitude egoísta, ébria, acorrentamos o amor. O matamos. Transformamos um ser livre, em rótulos, convenções, em namoradas (os) e maridos (esposas). Fazemos isso por desespero, por segurança, para garantir que o (a) companheiro (a) nunca se vá e que o amor nunca acabe.  Reconhece agora o porquê da infantilidade (citado anteriormente)?

Mas, a história não termina aí.

Os dias, os meses, os anos se vão e com eles o amor, pois, o mesmo existe apenas em liberdade. Fluindo! Como uma fonte cristalina e pura, que, ao ser represada torna-se lamacenta, suja, fedida. Sufocamos algo tão belo, divino. E, quando não resta mais nada, começam as acusações. Jogamos a responsabilidade do “assassinato” no outro ou em nós mesmos. Tentamos achar um culpado que não existe. É a natureza da finitude: começo, meio e fim. Procuramos uma explicação razoável para a desventura – sobrando “por via de regra”, duas opções: ou engolimos as vicissitudes de uma vida mediana, medíocre e passamos a sustentar o relacionamento por interesses e pretextos diversos. Mil coisas podem manter duas pessoas juntas, dentre elas: filhos, bens materiais, a história que tiveram juntos (as), medo do novo, o status, o sexo, moral, a falta de coragem e assim por diante. Ou, cada qual vai para seu canto e pode acontecer da “novela das oito” se repetir. Um círculo vicioso à procura de preenchimento.

Todo ser humano é incompleto e busca formas de se completar. Talvez, o amor seja uma delas, contudo, ele também é passageiro e tende ao fracasso nessa perspectiva de releitura. Assim sendo, arrisco a dizer que: A ÚNICA PERMANÊNCIA DA VIDA SEJA A PRÓPRIA IMPERMANÊNCIA DELA.

| Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Jornal Biz. |

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