O presidente vaidoso

Foto: Kevin Lamarque/Reuters

O Brasil assistiu no último fim de semana à sua seleção ganhando de 3×1 do selecionado do Peru, grande equipe com Guerrero e Cueva, além de seu ótimo goleiro. Felicidade para o povo, seleção ganhando e todos felizes, apesar de que a amarelinha não desperta mais o grande interesse de outrora. Aproveitemos para dar as boas-vindas de volta ao Brasileirão, que retorna na mesma semana.

E por falar no campeonato de clubes mais disputado do mundo, vem-me á cabeça (apesar de são paulino roxo e doente) a final do Campeonato Paulista entre Palmeiras x Corinthians em 1993, em que o clube alviverde ganhou um campeonato após 17 anos (se não me falha a memória). O então técnico do Palmeiras, Wanderley Luxemburgo, ao final do jogo, foi visto cumprimentando todos os jogadores do banco de reservas e indo embora, situação que causou estranhamento. Á época, os repórteres entrevistavam os técnicos durante o jogo. Não era ainda proibido tanta gente em campo. Um deles chegou ao lado de Wanderley enquanto ele se encaminhava ao vestiário e perguntou por que estava-se indo. ‘Vou deixar os jogadores fazerem sua festa’, foi sua resposta. Ele, líder técnico da equipe, treinador, responsável por montar a tática, dosar a técnica, iria deixar os guerreiros campais festejarem e serem as estrelas. Foram estes que ganharam. O técnico fez sua parte, mas não queria roubar a cena.

Após o jogo do Brasil no domingo, festa rolando, abraços apertados, gritos de ‘É Campeão’, começou-se a ouvir uma vaia, misturada a aplausos, e quem vinha lá? Sim, ele, o presidente da república e sua trupe. ‘Lá vem ele’, devem ter pensado alguns jogadores.

Exatamente. Não jogou, não é presidente da CBF, mas tinha de estar presente, tirando fotos, rindo de orelha a orelha, levantando troféu, e, admitamos, despertando alguns gritos de ‘mito’. Não teve a importância comparada á de Luxemburgo, muito menos a humildade.

Imagem: G1

Não é a primeira vez que Bolsonaro vai á partidas finais de campeonato. Já havia ido á que entregou o troféu ao Palmeiras em 2018, ainda somente como eleito, ainda não como presidente. Palmeirense assumido, foi jogado para cima pelos jogadores, aplaudido, adorado. Prato cheio para seus críticos, que se perguntavam se ele realmente havia levado a tal facada, se não estava com a bolsa de colostomia, e se com tal equipamento ele poderia ter sido apalpado e jogado aos ares. Foi visto também no jogo de Flamengo x CSA, em que vestiu a camisa do time rubro negro, juntamente com Moro e seu acompanhante costumeiro Hélio Negão, na tribuna, só de sorrisos.

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Bolsonaro funciona assim. Ele ama ser ovacionado, ser chamado de Mito, estar ao lado de pessoas de verde e amarelo, os quais ele considera os ‘verdadeiros brasileiros’.

Á minha cabeça vêm as vaias recebidas por Lula na abertura dos Jogos Pan Americanos em 2007, e das sofridas por Dilma na cerimônia inicial da Copa do Mundo, no Itaquerão.

O mandatário mor do nosso país não saberia lidar com estas vaias. É certo que falaria que é um movimento influenciado pela esquerda, comunistas, ‘exército vermelho’, assim como seus filhos, que destilariam baixarias pelo Twitter.

Há uma tendência às vaias aumentarem, conforme o tempo for passando. Pesquisa Datafolha revelou esta semana que 1/3 do país aprova seu governo. Pouco para quem começou há menos de 1 ano. Policiais já o chamaram de traidor por conta de discordâncias com a Reforma da Previdência. Esta última está sendo reivindicada pelo Congresso, pelas vozes de Rodrigo Maia, que já disse que a Reforma é do Parlamento, não do governo. O presidente não previa que este novo formato, com ministros técnicos, não políticos (o que é sim uma boa idéia), o afastaria dos deputados e senadores.

Podemos ver que o capital político dele vai se esgotando. E com isso, desaprovações e vaias em público serão mais frequentes. O brasileiro deverá vê-lo menos em estádios.

Ao que já demonstrou, não tem equilíbrio para lidar e nem reverter tal situação. Sua vaidade e seu ego não cabem no Maracanã.

Imagem: redes sociais

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