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A quem interessa o desmonte do Estado brasileiro

25 de junho de 2019

desmonte capa — Charge de Castellucci | https://www.facebook.com/castellcharges/

Há claramente um projeto de desmonte em curso hoje no Brasil, atingindo as instituições que servem aos cidadãos para garantir seus direitos constitucionais. O preocupante é que ele não se resume ao presidente Jair Bolsonaro (PSL). Vai longe e tem uma engenharia entre os três poderes da República que o conduz.

No artigo de hoje, cara leitora, caro leitor, quero falar sobre a quem interessa este desmonte.

Há pessoas no legislativo, no executivo e no judiciário atuando em prol de interesses privados, em detrimento do público. Eles agem tentando enfiar goela abaixo da população que o que é bom para o banco, para o fabricante de armas, para o dono da empresa de plano de saúde, do presídio privado, é também bom para a população.

O perigo do desmonte do Estado e dos direitos sociais. | Imagem: redes sociais

Vamos começar falando da Reforma da Previdência, pois acredito ser o assunto mais em voga nos dias de hoje e que está prestes a ser votado. Em rodas de conversa (pouco existem agora, foram substituídas pelas redes sociais), ir contra a Reforma é ser inimigo do Brasil. É ser a favor de perpetuar privilégios, como o de filhas de militares que fingem não estar casadas para continuar a receber pensão. O atual sistema é o de Solidariedade, pois quem está ativo, trabalhando, paga para que quem já trabalhou muito na vida ou esteja impossibilitado para tal, devido a problemas de saúde, goze seus últimos anos aposentado, recebendo. Com a nova proposta, a aposentadoria praticamente vira vento, o que fará com que grande parte da população busque por previdência privada, servindo a empresas como a BTG Pactual, fundada por nosso não querido Paulo Guedes, Ministro da Economia (acho o termo horrível, tenho saudade de ‘Fazenda’).

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Sobre Educação. Interesses escusos nesta área não faltam. Assistimos aos investimentos minguando. Cursos como Sociologia e Filosofia absurdamente desprestigiados. Vemos livros didáticos tendo regras modificadas. A quem interessa? Primeiro a um presidente que diz que não quer a garotada pensando em política (não quer que eles tenham pensamento crítico). Nada melhor também, para o mercado, do que uma mão de obra especializada, mas silenciada. Em segundo, retirando recursos de Universidades, asfixiando-as financeiramente, as mesmas ficam reduzidas em sua capacidade de pesquisa, de tecnologia, de busca por inovações. Estas funções cairão no colo de laboratórios particulares, que passarão então a substituir as Faculdades no desenvolvimento, por exemplo, de medicamentos. Cobrarão então fortunas por eles, com suas belas patentes. Isso não pode acontecer! Educação deve ser gratuita, pública e para todos.

Manifestação na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. | Foto: Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz

Mais um ponto a citar seria o Censo Demográfico, que teve perguntas reduzidas em seu questionário. A quem interessa? Qual a finalidade de a população ter menos dados sobre si mesma? Interessa a um governo que quer implementar políticas públicas baseadas em suas crenças, em sua fé. Tais políticas devem ser baseadas no empírico, em dados consistentes. O mandatário do país é quem dirá se tem violência e se precisa investir em seu combate, por exemplo? Ele poderá manipular investimentos, também, no controle de doenças, alegando que ela existe ou não existe em uma região A ou B. Se quiser confrontar informações com o governo, a população tem sua capacidade para tal subtraída.

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No que tange ao tema Meio ambiente, temos uma fonte inesgotável de interesses privados aflorando, saindo do armário. Mineradoras, petroleiras, fazendeiros, ruralistas, a lista é enorme. Estes últimos querem cada vez mais ter espaços para o plantio, com lavouras banhadas de agrotóxicos que são proibidos em muitos países e agora estão voltando a ser permitidos. Pouco estão preocupados com a preservação de nossas florestas, animais, povos indígenas e quilombolas. Não querem nem saber da desorganização que podem causar com o regime das chuvas ou dos níveis dos mares.