A Coluna Os Rockers estreia no Jornal Biz trazendo reportagem sobre a banda Threesome, que surgiu na cidade de Campinas em 2012 e vem se destacando na cena rock.
As composições da Threesome estão cheias de malícias e discorrem sobre as relações humanas pela perspectiva de experiências sexuais, tentando romper os preconceitos impostos pela sociedade. Sua sonoridade é uma mistura das experiências de seus integrantes nas mais variadas épocas musicais desde o blues, jazz, rock anos 60, 70, 80,90 nacional e internacional. Confira a entrevista exclusiva com a vocal Juh Leidl.
Como surgiu a Threesome?
Juh Leidl – Da persistência de Fred Leidl. Ele já estava há alguns anos compondo músicas e tentando reunir músicos para voltar aos palcos. Surgiu um núcleo embrionário com amigos que se reuniam de finais de semana para tocar. Dessa gig saíram os primeiros integrantes do que viria a ser a Threesome.
Por que o nome da banda é Threesome? Tem a ver que no início eram apenas três integrantes, ou por mais algum motivo?
Juh – Para começar a contagem das músicas, um dos vocalistas da época, o Bruno Baptista da “banda de fim de semana”, sempre mandava um “one, two, three… some”, e para a zoeira geral ninguém nunca entrava na contagem dele (risos). Dessa brincadeira do Fred Leidl, Bruno Baptista junto comigo, Juh Leidl, resolvemos focar e levar a sério o projeto de uma banda de rock autoral. Começamos a escrever mais músicas, pensar nos arranjos e a procurar outros integrantes para compor o time.
Há quanto tempo estão na estrada, quantas formações tiveram desde o início da carreira?
Juh – O projeto inicial da Threesome começou em 2012. Durante 2012 e 2013 fizemos as buscas e audições de músicos para compor a formação da banda, preparação de material para lançamento de um álbum, o Get Naked, e para shows inteiramente autorais. Em 2014 lançamos o álbum e começamos a fazer shows promovendo essas músicas. De cara convidamos o Bob Rocha que também participava das nossas gigs e sempre apresentou um trabalho sólido e um super talento para linhas de baixo. Para compor uma “cozinha” perfeita encontramos Henrique Matos. A história de como o conhecemos por si só já é uma saga digna de muitos parágrafos, mas resumindo muito, vimos o Henrique colocar um bar abaixo reencarnando o Keith Moon de maneira assustadora e impecável, ficamos muito impressionados e depois de quase um ano de buscas finalmente ele era o baterista da Threesome, na época o apelidamos de “Rick Moon”. Para guitarra solo, trabalhamos inicialmente com o Victor Marques por um ano mais ou menos quando entrou o Bruno Manfrinato, atual integrante.
O que de mais difícil que tiveram de enfrentar com a banda?
Juh – Sempre trabalhamos alternando três vocais entre Bruno, Fred e eu e as vezes duetos, mas o Bruno Baptista era o que interpretava o maior número de músicas da Threesome. Em janeiro de 2017 estávamos com data marcada para entrar em estúdio e gravar o novo EP, foi quando o Bruno Baptista avisou que estava se desligando da banda e preferia não fazer parte das gravações uma vez que estava saindo. Acredito que esse foi o momento de maior desafio para a banda. Tivemos que adiar a entrada no estúdio, mas estávamos desde novembro anunciando o trabalho do novo EP com a equipe de assessoria o que não nos deixava muita margem de tempo. Dividimos as músicas entre os vocais do Fred Leidl e os meus e nessa mudança veio a necessidade de refazer os arranjos, principalmente nas músicas que saíram do vocal masculino para o feminino. Perder um integrante na banda nunca é um processo simples, ainda mais quando se trata do vocal principal, e o Bruno Baptista era um dos três que começaram o projeto. O lado bom dessa mudança foi percebermos que a banda Threesome mais do que nunca sempre foi e será uma BANDA no sentido mais profundo da palavra. Nós não temos brigas internas de ego, o nosso processo de criação, composição e arranjos cada vez mais acontece em conjunto e todos contribuem em todas as músicas. Nosso foco é sempre pelo melhor para A MÚSICA. Nossa linguagem, nossa musicalidade, nossa personalidade só ficaram ainda mais evidentes além da nossa união. Tínhamos um grande desafio ao reorganizar a “casa” e conseguimos fazer juntos. Não foi fácil, mas tenho a sensação que ficamos mais maduros e ainda mais cúmplices depois de tudo.
Como a família de vocês reagiram ao saber que escolheram estar no mundo da música?
Juh – Eu sou artista plástica e já cantava em bandas na época da faculdade, venho de uma família de artistas plásticos e músicos, meu pai, meu tio-avô, enfim, até aí nada de novo no meu ambiente. O Fred Leidl também já tinha feito parte de bandas e sempre esteve envolvido com música além da engenharia na área de desenvolvimento. O Henrique Matos também sempre teve incentivo para estudar música e passou por várias bandas incluindo a Rei Lagarto, e segue a carreira de músico profissional em período integral. O Bob Rocha também começou cedo a tocar em bandas bem como o Bruno Manfrinato. Tivemos sorte com nossas famílias.
Qual foi o show mais marcante? Qual canção que mais pedem quando a banda se apresenta? Já teve alguma loucura de fã para contar?
Juh – O show mais marcante acredito que tenha sido no Aldeia em Jundiaí. A casa lotada, as pessoas do andar de cima começaram a descer para o andar debaixo onde estávamos tocando e a ficar na escada porque estava absolutamente lotado, e tivemos a maravilhosa experiência de ver as pessoas tentando cantar junto os refrãos que estavam conhecendo ali, naquele momento, uma vez que somos uma banda desconhecida do grande público e mídia e estávamos em Jundiaí e não em Campinas onde temos amigos e alguns fãs da banda que nos acompanham.
Sobre a música, “Crawling” sempre causa gritos e berros, incluindo o público feminino; e 123 sempre ganha performance do público para a nossa alegria, é sempre divertido (risos).
Loucura de fãs ainda não tivemos, o máximo foram situações como no show do Aldeia, em que um mocinho animado resolveu invadir o palco enquanto tocávamos “Crawling” acústico pra cantar junto e a situação mais awkward, talvez, foi um show num bar do interior que ao final um grupo de meninos empolgadíssimos que pularam e cantaram o show inteiro me abordou pra pedir autógrafo, eu meio sem graça disse “claro”, e do nada um dos meninos levantou a blusa e me pediu pra assinar no peito; na sequencia os outros foram elegendo pontos no corpo até que virou um festival de mamilos masculinos rolando no meio do bar pós show. Foi esquisito, mais foi engraçado.
Quais cantores ou bandas que até hoje usam de inspiração e influenciaram o trabalho da Threesome?
Juh – Muito difícil colocar em linhas tantos nomes, tantos artistas… A banda é bem eclética, escutamos muita coisa das antigas às mais novas e muitas talvez apareçam em nossa trabalho sem até termos muita consciência, pois fazem parte da nossa história de vida. Como na pergunta você coloca “Até hoje” imagino citar as bandas mais antigas. Mas dentro da estética musical que buscamos claro que não podemos deixar de citar os grandes clássicos do rock e metal. The Who, The Beatles, Rolling Stones, Black Sabbath, Queen, Led Zeppelin, Hendrix, Pink Floyd, Yes, Genesis, Iron Maiden, Motörhead, Slayer, AC/DC, Guns N Roses, Dire Straits, Red Hot Chilli Peppers, Secos e Molhados, Titãs, bandas do Grunge dos anos 90, e muita coisa nacional e internacional novas pouco conhecidas no Brasil mas reconhecidas lá fora.
O primeiro projeto autoral, o Get Naked, com nove canções, já mostra o potencial da banda, com uma pegada Rock and Roll e letras com conteúdo erótico. Vocês não têm medo de uma conotação fora do rock que possa atrapalhar a carreira da banda?
Juh – Não sentimos esse medo, temos um trabalho sério musical com preocupação, propósito, e acho que ele é maior do que tudo. E na verdade para uma banda de rock, quanto mais “polêmico” melhor. Não que nossos temas sejam feitos com o propósito de chocar, simplesmente fazemos aquilo que dá vontade. Em termos pessoais somos bem tranquilos e reservados e lidamos tranquilamente com o nosso trabalho como músicos na banda e nossas vidas privadas.
Recentemente vocês lançaram o EP “Keep On Naked”, gravado pelo produtor Maurício Cajueiro, que já trabalhou com nomes gigantes como Stephen Stills, Steve Vai, Glenn Hughes, Gene Simmons e Linkin Park. O que vocês podem dizer sobre esse trabalho?
Juh – Uma das melhores experiências de nossas vidas como músicos. O Maurício Cajueiro é aquele tipo de profissional que não precisa nem falar nada, só a presença calma e assertiva dele já faz a sua mente se abrir. Junte isso a uma capacidade e sensibilidade extrema de entender a proposta da banda, a linguagem natural de cada um dos músicos e ele extrai e conduz tudo isso sem colocar seus gostos pessoais, mas o que a música pede dentro da estética da banda. É um maestro, um mestre e a cada gravação com ele em seu estúdio Cajueiro aprendemos muito, mas muuuuuuiiiiitttoooo. Além de ser uma pessoa super educada e agradável, um músico incrível antes de mais nada. Uma ótima companhia dentro e fora da sala de gravação.
Qual sonho vocês ainda pretendem realizar em relação a banda?
Juh – Acredito que em primeiro sempre vem o conseguir alcançar um público significativo dentro do rock e em segundo fazer um show tocando as nossas músicas arranjadas para uma orquestra sinfônica executar junto.
Vi uma entrevista de vocês que escutar e prestigiar somente os clássicos e fantásticos artistas que se consagraram há 20, 30, 40 e 50 anos atrás, faz com que os novos não tenham oportunidades. Concordo plenamente, mas deixe um recado para fortalecer ainda mais quem esta começando.
Juh –Dependemos dos fãs de ROCK para garantir novas gerações de bandas, músicas, hits. As bandas consagradas já foram bandas de bairro. Apoie a cena local, não ouça só o que já é consagrado, escute o novo, apoie o novo, vá a shows de bandas autorais mesmo sem saber cantar, pode ser que você descubra algo que ama e vai ser questão de minutos aprender a cantar. Não deixe o rock morrer! Quem pode nos matar não são os fãs de outros estilos, são os fãs de rock! Vida longa ao rock n roll!
Para vocês o que ainda falta para que nosso país consiga revelar novos talentos musicais na cena Rock and Roll ?
Juh – Cultura e educação. É mais do que provado que países com alto índice educacional e cultural tem um ótimo público e espaço para o rock. Muitas vezes o rock não é tão “digerível’, óbvio, não tem só algumas sílabas em cima de um ritmo básico. O rock em geral exige o exercício do pensar, e um povo sem preguiça de pensar é um povo com acesso a cultura e educação.
Uma mensagem final a todos os rockers desse país.
Juh – Não desistam do rock, apoiem a cena local, estimulem a renovação do rock, ouvir o novo não é blasfemar os clássicos, pelo contrário, permitir que o estilo prevaleça é a maior homenagem que podemos prestar aos nossos ídolos.
Conheça mais da Threesome
Site oficial www.3somerock.com
Facebook www.facebook.com/3some
Youtube www.youtube.com/threesomerock
Twitter www.twitter.com/ThreesomeRock
Instagram www.instagram.com/threesomerock
Soundcloud www.soundcloud.com/threesomerock
Para ver e ouvir online
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