Temendo vandalismo e saques, comerciantes “desmontam” vitrines

Comércio fechado, vitrines vazias.

A demora do Governo Federal em fazer chegar às famílias o auxílio emergencial devido à pandemia de coronavírus pode ocasionar um movimento de saques em supermercados e lojas em geral. Esse é o pensamento de alguns comerciantes de Ourinhos ouvidos pelo Jornal Biz.

Sempre cheio de gente e com música ao vivo, o Bar Sete Cordas, na rua Arlindo Luz, está atendendo apenas no sistema delivery.

Donos de lojas decidiram desmontar suas vitrines, e proprietários de restaurantes estão levando o que podem para as suas casas. “Num momento de desespero, quando a pessoa não tem o mínimo para sobreviver, manter uma vitrine chamativa pode ser um problema. Não tivemos orientação da entidade de classe, fizemos isso para cuidar de nosso patrimônio”, disse o proprietário de uma loja de roupas. “Outro fator é que uma vitrine bonita faz com que as pessoas parem para olhar, circulem pelo centro, e nesse momento o importante é cada um ficar em sua casa”, conclui.

Loja na rua Antonio Carlos Mori não deixou nem os manequins na vitrine.
Principal loja de roupas de luxo da cidade, a Sampa também ‘desmontou’ suas grandes vitrines.

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A loja Cristina Barreto, na rua Rio de Janeiro.

O dono de um restaurante também resolveu se precaver, e levou para casa microondas, televisões, som e outros objetos de valor. “Até os pratos e talheres nós levamos. Ficaram os fogões e fornos, que são grandes e difíceis de carregar. Não sabemos quanto tempo isso ainda vai durar e como as pessoas vão reagir”.

A boutique Lollita, localizada na avenida Antonio de Almeida Leite, é das poucas que ainda tem roupas em exposição. Sua proprietária, Aline Oliveira, continua atualizando a vitrine semanalmente, mas observando a atitude da maioria dos lojistas, também vai guardar o que tem em sua casa. “Continuarei indo até as clientes, como um delivery, mas a procura é pequena”, diz Aline, que lamenta a impossibilidade de contato com o cliente. “A falta de proximidade também atrapalha as vendas. Falta a conversa, o café”.

A loja Lollita, na Avenida Antonio de Almeida Leite, é das poucas que ainda tem peças expostas na vitrine.

O Congresso Nacional aprovou na segunda-feira uma ajuda de custo de R$600 por mês, enquanto durar a pandemia, para quem não possui renda ou emprego formal. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ficou três dias com o documento em mãos, até aprovar com ressalvas, o que agrava ainda mais a angústia de quem vê a prateleira de alimentos em casa diminuir. O Governo Federal promete que na próxima semana o dinheiro começa a chegar às mãos de quem precisa. Em Ourinhos, as ligações em busca de cestas básicas congestionaram os telefones dos CRAS da cidade. Até o momento já foram doadas 800 cestas-básicas para famílias afetadas pelo isolamento social.

No mês de janeiro, antes da pandemia, portanto, o Brasil já contabilizava 12 milhões de desempregados, além de 38,7 milhões de trabalhadores informais. São diaristas, o sorveteiro, o feirante, o mototaxista, a vendedora de salgados; pessoas que não possuem salário, aposentadoria ou qualquer fonte fixa de rendimento – vendem o almoço para pagar a janta.

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), em 2018 metade da população brasileira (104 milhões de pessoas) sobreviveu com apenas R$413 per capita mensais. No mesmo ano, 5% da população (10,4 milhões de pessoas), sobrevivia com R$51 por mês. A renda desses 5% mais pobres caiu 3,8% de 2017 para 2018.

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