por Bernardo Fellipe Seixas
Salto Grande e Bernardino de Campos conseguem melhores resultados no enfrentamento da pandemia, e não registraram mortes nos últimos 30 dias
O mês de junho já é o mais trágico em número de mortos desde o início da pandemia. A explosão de testes positivos sobrecarregou o sistema de saúde de várias cidades da região, e Ourinhos chegou ao colapso, sem leitos de internação no Hospital Covid e UTI. Nos últimos 30 dias foram registradas 183 mortes por Covid nos 13 municípios da região.
De 20 de maio até hoje, Ourinhos tem média de 3,6 óbitos por dia, e Santa Cruz do Rio Pardo 1,03. Proporcionalmente à quantidade de moradores, Ribeirão do Sul, Canitar e Chavantes figuram negativamente na estatística de vítimas por Covid19. Canitar detém a pior média de mortes por Covid para cada 100 mil habitantes, 453,51. Confira a tabela abaixo.
Se a Prefeitura de Ourinhos não implantar medidas mais efetivas para conter a propagação do vírus, e se mantiver a média diária de mortes por Covid, a cidade perderá mais 36 vidas para o novo coronavírus até o final deste mês.
Ponto positivo – Bernardino de Campos e Salto Grande não registram morte por Covid há mais de 30 dias. O número total de óbitos nesses municípios é de 23 e 18, respectivamente.
Segundo o prefeito de Bernardino de Campos, Wilson José Garcia (PL), a melhora nos resultados no enfrentamento da pandemia se deve à agilidade na identificação e mapeamento dos casos positivos, apuração por tomografia individual de cada paciente e intensificação na fiscalização. “Nossa prioridade é salvar vidas, independente do valor que vamos gastar. Todo cidadão tem um valor sentimental inestimável”, disse Wilson por telefone ao Jornal Biz.
Segundo o prefeito, os investimentos em medicamentos e exames colaboram para a estatística de nenhuma morte nos últimos 30 dias. “Temos um local separado dentro do prédio da Santa Casa dedicado para identificação e tratamento de pacientes com Covid. Colocamos um médico em tempo integral para esse atendimento, e os resultados melhoraram”, ressalta Wilson.
Outra ação importante apontada pelo prefeito de Bernardino de Campos é a fiscalização nas atividades comerciais e de pacientes positivados. “Estamos sendo rigorosos, mas isso é respeito pela vida. O morador que tem teste positivo e é visto pela cidade é multado imediatamente. O controle sanitário no comércio também foi intensificado”, afirmou Wilson.
Em Ourinhos o prefeito Lucas Pocay (PSD) não adotou medidas restritivas que poderiam frear o número de contaminados e mortos, e a fiscalização de aglomerações é praticamente inexistente. O prefeito continua “com cara de paisagem”, indiferente à tragédia dos números divulgados diariamente.
Segundo a psicanalista e jornalista Amanda Mont´Alvão Veloso em artigo publicado na edição de ontem (20) no jornal O Estado de São Paulo, estamos banalizando a morte no país, e em Ourinhos vemos o mesmo fenômeno: “Sem se chocar com suas perdas, é como se parte do Brasil estivesse se acostumando a trivializar seus mortos mediante política pública. Incitados à frieza por algumas “lideranças”, alguns de nós esculpimos, via obediência, uma suposta normalidade, sem assombro diante dos absurdos”.
Que a morte de 430 ourinhenses pela pandemia não caia no esquecimento, que sirva de motivação para lutarmos por vacina e medidas preventivas eficazes. Não podemos nos acostumar.
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