Na véspera da apresentação em Ourinhos, Jornal Biz e Os Rockers trazem entrevista exclusiva com a banda Velhas Virgens. Confira!
A banda paulistana Velhas Virgens concedeu uma entrevista à coluna OS ROCKERS do Jornal Biz, conduzida por Gregório Coiradas. A banda se apresenta neste sábado, 18, na Praça do Caló (Concha Acústica), às 21 horas.
A banda tem 31 anos, e a formação atual é Paulo de Carvalho e Juliana Kosso nos Vocais, Alexandre Cavalo na Guitarra, Filipe Cirilo na Guitarra, Tuca Paiva no Baixo e Simon Brown na bateria. A trajetória das Velhas Virgens já contabiliza 18 CDs gravados, 6 DVDs, 2 HQs (história em quadrinhos), 2 Livros, 5 Rótulos de Cerveja e 1 Grife de Camisetas. O sucesso pode ser medido pelo número de fãs: 600.000 seguidores nas redes sociais, 2,5 milhões de acessos no YouTube e 2 mil shows por todo o Brasil.
Dois integrantes da Banda responderam às perguntas formuladas para a entrevista exclusiva ao Jornal Biz: O guitarrista Alexandre Cavalo (Ale) e o vocal Paulo de Carvalho (Paulão).
Como surgiu a banda? O nome Velhas Virgens foi dado por causa do Mazzaropi?
“Paulão e eu nos conhecemos em um Conservatório de música na Zona Norte de São Paulo. Ele fazia aulas de baixo e eu de violão erudito. Começamos a tocar em audições e depois montamos uma banda que foi o embrião das Velhas Virgens. O nome foi inspirado em um filme do Mazzaropi, o Paulão tirou o nome daí, prestando uma homenagem ao cineasta brasileiro”, recorda Alexandre Cavalo.
Paulão complementa: “Juntamos um baterista à dupla, e assim surgiu o primeiro núcleo. Não conseguíamos tocar e cantar ao mesmo tempo e colocamos meu irmão Celso como vocalista. Com o passar do tempo, eu assumi os vocais”.
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Quantas mudanças ocorreram nesses 30 anos?
“Da formação original restaram apenas Paulão e eu”, conta Alexandre, e Paulo recorda das muitas alterações: “Foram inúmeras, até 1990, umas 15… A partir de 1991, a presença dos mesmos músicos é uma constante. Gravamos o primeiro disco, Foi Bom Pra Você, em 1994, com esta formação exceto pela troca de Fabiano por Caio na guitarra. No segundo disco Edu entrou no baixo e eu fiquei com gaita, voz e sax. No terceiro em diante ficamos eu, Cavalo, Tuca no baixo, Lips na batera, Caio na outra guitarra e Claudia Lino na voz. Tivemos outras três vocalistas: Roberta, Lili e a que está atualmente, Juliana Kosso, a melhor de todas. Na formação atual, além da voz também toco gaita”.
Vocês já gravaram com músicos como Rita Lee, Roger Moreira do Ultraje, Made in Brazil, etc. Quem serão os próximos parceiros da Velhas Virgens?
“Temos muitas ideias, mas nem todas são possíveis de realizar por enquanto. A gente gostaria de misturar com artistas que fazem outros tipos de música, uma coisa mais eclética, como foi no CD Carnavelhas. Tivemos a participação do piano de Benito de Paula em “Última partida de Bilhar”. Talvez o Erasmo Carlos seja o nosso maior sonho hoje”, confessa Alexandre.
[foto retirada]
Quais as dificuldades que a banda enfrenta?
“O mais complicado é ser independente e ter que cuidar de tudo. Arranjar grana pra gravar, montar turnês, fazer a divulgação. E hoje também ter que ser virar com o policiamento artístico que existe em todas as frentes, pessoas sempre dispostas a censurar”, diz Alexandre. Paulo resume: “Difícil mesmo é manter-se na ativa”.
Contem um vexame que tenha acontecido em algum show.
Alexandre Cavalo responde rapidamente: “Foi em um show em Curitiba. Um rapaz na minha frente deu um soco na namorada e eu tentei dar uma guitarrada nele, sorte que o Paulão tomou a guitarra de mim. Eu não devia ter feito isso, existem os seguranças pagos para resolver esse tipo de problema, fui impulsivo. Estávamos gravando o DVD Ninguém Beija como as Lésbicas e aparece parte da cena no filme. Foi um mico e ainda ficou registrado”.
A experiência de Paulo de Carvalho foi pior: “Tive uma diarréia cantando e precisei sair do palco para me limpar. Não tinha água e lavei com cerveja gelada”.
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Para vocês, qual foi o show mais marcante?
Alexandre Cavalo contou que foi o show da Virada Cultural. “Tinha mais de 50 mil pessoas cantando, foi emocionante”. Paulo concorda, mas também cita o Lollapalooza como um show que não esquece.
Qual a canção que vocês mais gostam de tocar?
Alexandre diz que cada músico tem a sua preferida, mas a dele é “Última partida de bilhar” (clipe abaixo), também lembrada por Paulo, que diz que outra favorita é “Fernando Pessoa Blues”
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Quais cantores ou bandas que até hoje usam de inspiração e influenciaram o trabalho da banda?
“Muitos artistas inspiraram nosso trabalho: Raul Seixas, Joelho de Porco, Premê (Premeditando o Breque), Língua de Trapo, Ultraje a rigor, Camisa de Vênus, Made in Brazil, Casa das Máquinas… Os Raimundos, que é uma banda contemporânea, nos mostrou o caminho para tocar mais pesado”, concordaram os músicos entrevistados.
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E as loucuras de fãs, o que vocês contam?
Alexandre denuncia: “Acho uma loucura os fãs que querem que o Paulão os case no palco. Perdi a conta de quantos casamentos já foram celebrados durante os shows, regados com muita cerveja na cabeça dos pombinhos”. Paulo se lembra dos que fazem tatuagens da banda: “Tem fãs que têm crise de choro quando nos encontram, meninas que mostram os seios, que se jogam na frente do carro…coisas assim…”, conta rindo.
Vocês tem algum sonho que ainda não realizaram com a banda?
“O sonho é ter saúde e criatividade pra continuar tocando. Esse é o melhor trabalho que uma pessoa pode querer e espero fazer isso até o fim. Queremos ficar velhos bem ativos, fazendo música e shows enquanto a carcaça aguentar”, revela Alexandre. Paulo contou que seu sonho é tocar com a banda no exterior, e aconselha: “Nunca gaste mais dinheiro na farmácia que no bar”
O que falta para que o Brasil revele novos talentos na cena Rock and Roll?
Alexandre Cavalo diz que talentos se revelam todos os dias. “Tem uma leva de bandas novas usando o rock, blues, misturando com outras linguagens, enfim fazendo música e tocando por aí. O negócio é que o rock tem que ter experiência com gente de outras vertentes e de outros estilos. Vai arejar, fazer bem e aprender a lidar com o negócio e a indústria musical”.
Já Paulão acredita que o rock está em baixa em todo o mundo. “Depois de cinco décadas com bandas e artistas fenomenais, estamos numa entressafra… Mas é cíclico… no underground será criada uma nova geração que vai novamente chacoalhar o mundo. Enquanto isso não acontece, seguimos na resistência”.
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Deixem uma mensagem a todos os rockers deste país.
Alexandre Cavalo ensina: “Procure conhecer e assista shows de artistas com trabalho autoral. Ajude a divulgar. Não perca tempo falando mal desse ou daquele, fale bem de quem você acha que merece. Envie músicas novas para os amigos, construa a cena de novo!”
Paulão aconselha: “Continuem chacoalhando a cabeça que só assim as ideias vão pro lugar!”
Imagens: Velhas Virgens e redes sociais