Implantação do Hospital Covid esconde possíveis irregularidades na contratação de OS

O Hospital Covid está instalado no antigo Grande Hotel, centro de Ourinhos

Prefeito Lucas Pocay diz nas redes sociais que Ourinhos custeia sozinho o Hospital de Campanha, mas documentos mostram que a UMMES repassou mais de R$700 mil no mês de janeiro

A edição deste domingo do jornal Debate, de Santa Cruz do Rio Pardo, traz denúncias de possível irregularidades envolvendo o Hospital Covid de Ourinhos. Apesar dos espalhafatosos pronunciamentos do prefeito Lucas Pocay (PSD) enaltecendo a implantação do hospital de campanha, a cidade amarga mais mortes por 100 mil habitantes do que o total do Estado de São Paulo e até mesmo do país. Veja o gráfico abaixo.

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A despeito do discurso do Prefeito afirmando reiteradas vezes que a Prefeitura de Ourinhos banca sozinha as despesas do Hospital de campanha, a Prefeitura tem recebido recursos vindos de outros municípios através da União dos Municípios da Média Sorocabana (UMMES), em contratos firmados com Organizações Sociais.

Captura de tela da capa do Jornal Debate de 23/05/2021

Segundo a reportagem, em abril do ano passado, com a cidade tendo declarado estado de calamidade pública, Lucas Pocay contratou sem licitação uma organização social para gerir o novo hospital de campanha. Todo o processo de contratação teve início com um ofício datado de 02 de janeiro de 2020, assinado pela então secretária de saúde Cássia Palhas, solicitando a implantação do hospital de campanha. A partir daí, as coisas andaram “a toque de caixa”. No dia 07, um email foi enviado pela Prefeitura para três OS (organizações sociais) que poderiam se interessar pelo serviço: Instituto Maxx Saúde, Santa Casa de Ourinhos e uma outra organização. No outro dia, a prefeitura também enviou o email para a UMMES, da qual Ourinhos faz parte, que também declinou da oferta, assim como a Santa Casa de Ourinhos e a outra OS contatada.

Jornal Debate publicou cópias de documentos embasando a denúncia

A rapidez com que a negociação aconteceu chama a atenção: O email com a proposta da Prefeitura para a OS foi encaminhado às 13h54 do dia 07 de abril de 2020, e segundo o jornal Debate, “às 14h15 da mesma data, o presidente do instituto Maxx Saúde, organização social com sede num bairro residencial de São Caetano do Sul, já havia lido o documento de 17 páginas e encaminhado resposta à administração”. Dois dias depois, em 09 de abril, a Maxx Saúde encaminhou  proposta orçamentária completa para  a Prefeitura de Ourinhos e no dia 15 foi assinado o contrato no valor de 2,7 milhões por três meses de parceria. A OS contratada não precisou admitir médicos, pois segundo o contrato, seriam utilizados profissionais já contratados pelo município.  Ocorre que esses médicos já atuavam em UBS ou no SAMU, que atende toda a região, órgãos que são geridos por outra OS, a Abedesce, Associação Beneficente de Desenvolvimento Social e Cultural, com sede no bairro da Saúde, em São Paulo, através de  contrato firmado pela UMMES.

Vale citar que o escritório da Abedesce fica em Santa Cruz do Rio Pardo, em sala ao lado da UMMES, em edifício no centro da cidade, e que seus diretores são réus na Justiça, acusados de terem formalizado contrato irregular em Pinhalzinho, SP.

No meio desse “embroglio”, a UMMES, que gerencia o Samu através dessa OS, aditou contratos para o funcionamento do Samu e outro para contratação dos médicos. O Debate investigou a lista de médicos que atuam no hospital de campanha e apurou que a maioria deles não tem relação direta com a UMMES ou com a Abedesc, mas atendem na Santa Casa e em outros hospitais da região.

A UMMES lucra com esses contratos o referente a 3% do valor, considerado verba de gerenciamento, e a Prefeitura de Ourinhos pagou só no mês de janeiro para a entidade a quantia de 702 mil reais, referentes ao hospital de campanha, em dois pagamentos de 236 mil e 472 mil. Ocorre que um dos pagamentos refere-se a serviços prestados pela Cooperativa dos Trabalhos de Profissionais da Saúde e não à Abedesc, apesar do fato de constar o número da conta bancária da OS para pagamento. Atentem para o detalhe: Essa Cooperativa, na verdade Phoenixcoop, já teve contratos rejeitados em Santa Cruz do Rio Pardo e mais três municípios do Estado, e seus diretores são exatamente os mesmos da Abedesc.

Em 13 de abril a UMMES finalmente firmou contrato com a Abedesc cujo escritório fica ao lado de sua sede, para financiamento do Hospital de Campanha de Ourinhos, no valor de 1.379.041,20. O novo contrato com a Abedesc permite que outros municípios paguem pelo hospital de campanha. Pelo menos R$ 200 mil repassados à Ummes pelo prefeito de Santa Cruz do Rio Pardo, Diego Singolani (PSD) já foram pagos à OS por serviços prestados ao hospital de campanha de Pocay. Singolani contesta a finalidade do pagamento: “Eles não poderiam ter feito isso. Nós temos um contrato com a Ummes que prevê a contratação de médicos em Unidades Básicas de Saúde e Postos de Saúde, este é o formal. Não tenho acesso ao que fizeram com Ourinhos. Mas se entrou crédito de Santa Cruz do Rio Pardo para pagar o hospital de Ourinhos está errado. Terão de justificar”, reiterando que o município só paga pelos serviços da cidade.

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O prefeito de São Pedro do Turvo, Marquinho, que é o presidente da UMMES, diz que o pagamento feito para a Abedesc com recursos do município de Santa Cruz do Rio Pardo refere-se a “serviço de apoio ao hospital de campanha”.

O jornal Debate tentou ouvir o prefeito Lucas Pocay “de várias maneiras” a respeito do assunto, mas, como é sua prática, ele não atendeu.

O orçamento da saúde nos municípios costuma ser vultuoso, às vezes maior que o da educação. As parcerias com OS costumam ser um bom negócio político, já que as instituições costumam abrir brechas para que os prefeitos indiquem seus apaniguados. A prática revela a privatização do serviço público, onde a porta se abre sem concursos. Centenas de OS estão envoltas em irregularidades e respondem a processos, como é o caso das citadas na matéria. Apesar do discurso de Pocay enaltecendo a transparência na gestão, não raro esses convênios feitos sem licitação podem esconder práticas de corrupção e mau uso do dinheiro público.

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