Chavantes completa 100 anos e aposta no turismo para impulsionar a economia

Praça dos Estudantes, centro de Chavantes | Foto: Divulgação

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por Bernardo Fellipe Seixas | Jornal Biz

A cidade oferece belos cenários às margens do rio Paranapanema

Chavantes completou seu primeiro centenário neste domingo, 04 de dezembro, somando pouco mais de 12 mil habitantes. A data marca a ocasião em que o antigo povoado foi declarado município, desmembrando-se de Santa Cruz do Rio Pardo.

Além de uma rica história, em Chavantes a natureza é exuberante, onde a água esverdeada do rio Paranapanema oferece cenários únicos. Nos últimos anos, empresários e gestores públicos tem realizado investimentos para explorar o lado turístico da cidade.

O rio Paranapanema tem águas esverdeadas e calmas, e atrai muitos praticantes de esportes náuticos | Foto: Divulgação Prefeitura de Chavantes

Sobre a riqueza de sua história, impossível não citar Irapé, hoje distrito situado a 3 km de Chavantes. Dados históricos contam que, em 1887, João Inácio da Costa Bezerra abriu na região às margens de um riacho a fazenda Cachoeirinha ou Santana da Cachoeira, nome com o qual o povoado de Irapé foi conhecido inicialmente. Não muito tempo depois, uma família de mineiros chegou nas terras onde hoje temos a cidade de Santa Cruz do Rio Pardo. A fertilidade do solo, a abundância de água e a beleza natural com certeza atraíam os forasteiros. Quem habitava essas terras antes deles eram os índios coroados e xavantes, que acabaram expulsos ou aniquilados com a derrubada das matas e perseguição dos novos donos.

O lugar onde a fazenda Santana da Cachoeira começou a ser erguida logo se transformou num pequeno povoado, e em 1909 foi transformado em Distrito, pertencente a Santa Cruz do Rio Pardo, consistindo em enorme área de terra.

Rua Donato Bergamo, no Irapé, em maio de 2021 | Imagem: Captura de tela Google

Entre 1900 e 1925, a importância econômica, social e cultural do povoado foi muito grande, e passou a ser conhecido como “Irapé”. No livro “Na Garupa da Memória”, o autor Geraldo Machado diz que o nome vem do tupi: I= além de água, líquido, rio, curso d’água. Rapé= caminho do rio. Os primeiros habitantes foram libaneses que vieram fugidos da guerra, que ali se instalaram como mascates ou donos de mercearias que abasteciam os moradores das fazendas e viajantes, fazendo movimentar a economia do lugar. O dinheiro que corria com a venda da alfafa e café tornou necessária a criação de uma “Casa Bancária”, denominada Casa Guardadora de Dinheiro, e em 1921 foi construído o Theatro São José, o primeiro do oeste paulista. A pequena Irapé tinha importância política, cultural e social na região. Mas só até a Estação de Ferro de Chavantes construir a estrada de ferro distante 3 km de Irapé. A escolha do local foi devido à topografia, mas os estabelecimentos comerciais foram aos poucos se mudando para a região da nova estação, minguando a população e dando fim ao apogeu econômico e político vivido pelo antigo distrito de Santa Cruz.

O Teatro São José, localizado no distrito de Irapé, foi reformado pela Prefeitura recentemente.

E assim, de um amontoado de casas construídas em torno da estação ferroviária surgiu Chavantes, que foi grafada com x (Xavantes) até 1985. A origem do nome é controversa. A Estrada de Ferro Sorocabana nomeou a estação como Chavantes, com ch. Dizem que, ao adquirir o bilhete para a viagem entre São Paulo e Chavantes o viajante deveria pedir “uma chave antes” de Ourinhos, para não pagar a passagem até a estação que ainda estava sendo construída. Porém, também é possível que o nome, inicialmente grafado com x, seja uma referência aos primeiros habitantes da região, os índios xavantes.

Conjunto arquitetônico da Estação Ferroviária de Chavantes | Foto: Condephaat

Na Praça Antônio Prado, em frente a Igreja Matriz, fica o Monumento aos Expedicionários de Chavantes. A homenagem foi erguida em 1945 como reconhecimento aos chavantenses que lutaram ao lado dos Aliados na 2ª guerra mundial.

Monumento aos Expedicionários de Chavantes | Fonte: Museu Histórico de Chavantes Adibe Abdo do Rio

Além da importância para a história da ferrovia e de ser um lugar com potencial turístico, a ponte pênsil Alves de Lima está localizada no município, na divisa do Estado de SP e Paraná, e foi protagonista de eventos importantes durante a Revolução Constitucionalista de 1932.

A Ponte Pênsil Alves de Lima liga Chavantes (SP) a Ribeirão Claro (PR).

Construída no início do século passado sobre o rio Paranapanema, com objetivo de facilitar o escoamento da grande produção cafeeira da região, é uma das 3 pontes construídas nesse estilo no país. As outras duas estão em Florianópolis e São Vicente.  Em 1932, a ponte foi destruída com dinamite, durante a Revolução Constitucionalista. Em 1983, ela precisou ser novamente reconstruída devido a uma enchente. E em novembro de 2020 ela foi alvo de vandalismo, quando uma grande parte da estrutura de madeira foi incendiada.

Em junho de 2020 a Prefeitura realizou reforma na praça dos Estudantes, no centro da cidade, e implantou uma réplica em miniatura da Ponte Pênsil no local.

Réplica da ponte pênsil na Praça dos Estudantes | Foto: divulgação




Ao longo desses cem anos de vida, Chavantes se desenvolveu, com a chegada de indústrias e dinamização do comércio, sem perder o charme de pequena cidade com suas praças e espaços esportivos. A ferrovia deixou de ser impulsionadora da economia da região, e hoje o turismo tem sido estimulado, aproveitando os belos cenários proporcionados pelas áreas próximas ao rio Paranapanema.

Segundo resultado das Enquetes Biz 2022, o problema mais urgente a ser solucionado pela Prefeitura é a falta d’água (47%), seguido da geração de emprego (25%) e a área da Saúde (12%). Em fevereiro de 2021 a população organizou uma carreata para protestar contra o desabastecimento, que chegou a passar de 72 horas. Como fica distante 10 quilômetros do rio Paranapanema, o abastecimento de água em Chavantes é feito a partir de poços artesianos.

O Jornal Biz deseja que a cidade continue em seu caminho de desenvolvimento, oferecendo belezas naturais e valorizando sua história tão importante para a região.

Fonte para pesquisa: Blog Lilia Alonso

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