
por Bernardo Fellipe Seixas
Projeto de lei propõe transformar sofrimento animal em aposta lucrativa para o setor do agro e das bets
O deputado federal Capitão Augusto (PL-SP) parece ter encontrado um nicho de atuação em 2025: transformar a vida dos animais em espetáculo, aposta e mercadoria. Depois de propor a legalização da exploração de bichos em circos, agora quer liberar apostas em rodeios e provas equestres em todo o país.
Rodeio nas bets: quando tortura vira fonte de renda
O projeto de lei foi apresentado na última segunda-feira, 14, e prevê a inclusão dessas modalidades nas chamadas bets, as apostas de quota fixa que hoje movimentam bilhões no Brasil. Segundo o deputado, a regulamentação feita pelo Ministério do Esporte no fim de 2024 deixou os rodeios de fora — e isso, na visão dele, seria uma falha a ser corrigida.
“A inclusão nas apostas de quota fixa de todas as modalidades de rodeios e provas equestres, reconhecidas por entidades ou federações esportivas de âmbito nacional, trará benefícios concretos”, diz o parlamentar. Entre os tais “benefícios” estariam novas fontes de receita para quem organiza esses eventos, mais impostos e, claro, o velho discurso do “fortalecimento da identidade cultural”.

Na prática, o projeto abre caminho para que bois e cavalos virem mais uma ficha no cassino bilionário das apostas online, um mercado que cresce sem transparência e já preocupa setores da saúde mental, do esporte e da segurança pública. No caso dos rodeios, além do sofrimento animal já conhecido, Capitão Augusto quer colocar dinheiro em cima da tortura.
Rodeio com dinheiro público: o negócio de família dos “Patronos dos Peões”
Capitão Augusto e sua esposa, a deputada estadual Dani Alonso (PL), não escondem a preferência: se autoproclamam “Patronos dos Rodeios” e tratam as festas de peão como prioridade no mandato. Em 2024, o deputado federal destinou R$ 400 mil em emenda parlamentar para o rodeio de Cândido Mota. Para Marília, onde o agronegócio e os contratos milionários com rodeios se cruzam com laços familiares e a política local, o bolo foi ainda maior: R$ 1,15 milhão para o Marília Rodeo Music. Penápolis também recebeu R$ 100 mil, e outras cidades menores da região foram agraciadas com verbas públicas para sustentar esse negócio lucrativo travestido de cultura.
Na prática, Capitão Augusto transforma a máquina pública em patrocinadora oficial das arenas. Enquanto escolas e hospitais enfrentam cortes, as festas de peão recebem dinheiro gordo e prioridade no orçamento. Não é exagero dizer que, para o deputado, rodeio e festa de peão são negócios de família e de campanha.
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