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por Luiz Carlos Motta
Em cada bairro ou cidade onde paro para conversar, a maioria das pessoas me pergunta quando voltaremos à normalidade. Falam da volta ao respeito entre os três poderes e do emprego, principalmente. Não é fácil falar sobre o futuro em um país tão complexo como o Brasil. Mas de uma coisa tenho certeza: é preciso restabelecer a harmonia entre os três poderes para que tenhamos o cenário necessário para tocar as reformas que o País precisa e, ao mesmo tempo, garantir a segurança jurídica, com respeito à democracia e à Constituição, recuperar a economia e garantir emprego, comida, habitação, salário e renda para os trabalhadores, ou seja, focar nos temas que são prioritários e urgentes para os brasileiros.
Inflação e salário
Enquanto o País não se acerta, alguns indicadores causam preocupação para todos. A inflação, por exemplo, que solapa os salários dos trabalhadores, volta a causar assombros. Acaba de ser divulgado (26/08) boletim mensal da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), mostrando que a inflação continua comprimindo os reajustes. Isso porque somente 27,5% das negociações salariais em julho resultaram em ganhos reais ao trabalhador, ou seja, acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). O reajuste médio dos salários ficou 1,6 pontos percentuais abaixo do acumulado dos últimos 12 meses, que foi de 9,2%. Foi o mês mais cruel, segundo os analistas. A proporção de negociações salariais abaixo do INPC foi de 59,3%. E apenas 13,2% conseguiram aumentos iguais ao índice. Para mudar essa realidade o país precisa voltar a crescer e reduzir a inflação. A perspectiva no mercado de trabalho está muito preocupante, destacou o boletim da Fipe.
Desemprego
O desemprego já atinge 15 milhões de pessoas e é o maior número de desempregados desde 2012. Pesquisa do IBGE aponta que o país perdeu mais de 1,3 milhão de carteiras assinadas em um ano. Faltam oportunidades no mercado para 33 milhões de trabalhadores no Brasil e a única atividade que cresceu nos últimos meses foi o trabalho por conta própria. Mesmo diante desse cenário, vez por outra, aparecem novas propostas para a precarização daqueles que estão trabalhando e para os que anseiam por uma vaga, sem as garantias das leis trabalhistas. Do outro lado, vemos mais de 800 mil empresas fechando suas portas e deixando dívidas para trás.
Presente e futuro
É o momento de os governos, parlamento, judiciário e todos os que se preocupam com o presente e com o futuro da Nação, olharem com responsabilidade para a classe trabalhadora para a adoção do chamado “colchão social”, afastando a possibilidade de conflitos e oferecendo condições para alimentação, saúde e moradia digna para os milhões de despejados de suas casas que diariamente se juntam aos milhões de outras pessoas com fome. Tenho trabalhado em todas as frentes dentro e fora do Parlamento com o objetivo de unir forças para amenizar o sofrimento durante essa difícil transição.
Pandemia
Infelizmente estamos constatando, agora, o que já era previsível no início da pandemia: os pobres, os desempregados e os trabalhadores informais estão sofrendo mais do que toda a sociedade. A demora na compra, distribuição e aplicação das vacinas contra a Covid-19 prejudicou a retomada das atividades, principalmente no comércio. A não inclusão de categorias como a dos comerciários, por exemplo, na lista dos prioritários para a imunização, também causou prejuízos, ceifou vidas e empregos.
Recuperação
O Brasil é o 9º país mais desigual do planeta, segundo classificação do Banco Mundial. Essa desigualdade só tem aumentado. Nossa esperança é que a solidariedade, a resiliência, a capacidade de luta e de reversão de expectativas, que sempre marcaram os brasileiros, estejam mais fortes para que possamos ter mais rapidamente possível a tão sonhada recuperação de parte do que perdemos até agora.
E aproveito para fazer um apelo ao Executivo, Legislativo e Judiciário: retomem o relacionamento harmônico para destravar as pautas que possam trazer dias melhores aos brasileiros.
Luiz Carlos Motta é Deputado Federal (PL/SP) e presidente da Federação dos Empregados no Comércio do Estado de São Paulo (Fecomerciários)
| Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Jornal Biz. |
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