Trabalhadores da Zona Azul denunciam salários atrasados e assédio moral na Amo-sim

Imagem: Amo-sim / divulgação

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por Bernardo Fellipe Seixas / Jornal Biz

“Obrigam as funcionárias a baterem meta de venda de folhinhas de estacionamento para receberem seus salários. É um absurdo!”, denuncia funcionária

Trabalhadores da Zona Azul, vinculados à Associação Mirim de Ourinhos (AMO-SIM), estão enfrentando uma série de problemas graves, incluindo atraso nos salários e a falta de depósito do FGTS. Quatro funcionários, que preferiram manter o anonimato por medo de retaliações, relataram ao Jornal Biz casos de assédio moral e condições precárias de trabalho.

Juliana, um dos nomes fictícios utilizados pelos denunciantes, explica que os trabalhadores são forçados a atingir uma meta de vendas de 1.800 cartões de estacionamento mensais. “A prioridade de pagamento de salário é dada apenas a quem atinge essa meta, o que não está previsto no contrato de trabalho. Nem todos atuam na venda direta”, afirma Juliana. O salário dos agentes da zona azul é de R$1.400,00.

Ela continua: “A empresa exige que usemos calça jeans azul ou preta, tênis e que levemos caneta e troco. Mas não nos fornecem nada! Trabalhamos sob sol e chuva sem nenhum equipamento de proteção individual, como capa, protetor solar ou guarda-chuva. Reclamações até sobre direitos básicos, como pagamento, são ignoradas, e a pressão psicológica é enorme.”

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A frustração culminou em uma tentativa de paralisação das atividades no início de novembro, protestando contra a falta de pagamento. No entanto, o medo de represálias desmotivou a maioria. “Muitos estão desesperados, sem conseguir pagar aluguel, contas básicas ou até mesmo comprar comida para suas crianças”, relata Juliana.

Flávio, outro funcionário cujo nome foi alterado, destaca o problema da falta de depósito do FGTS. “Eles não depositam o FGTS, mas cobram dos funcionários. Quem reclama é ameaçado de demissão. Há pessoas que deixaram a guarda sem nunca receber”, explica. Segundo Flávio, ex-funcionários que deixaram a entidade há mais de três anos estão, até o momento, sem FGTS.

O presidente da entidade, Fioravante Neto, afirmou em entrevista a um site local que regularizará os pagamentos do FGTS atrasados de 2021, 2022 e 2024. Tentamos contatá-lo, mas não obtivemos resposta.

HISTÓRICO
Desde 2017, o prefeito Lucas Pocay (PSD) tem enfrentado conflitos com a AMO-SIM. No final de seu primeiro ano de mandato, ele apresentou um projeto para criar a “Zona Azul Digital”. A proposta foi aprovada por sua base na Câmara Municipal, em uma sessão extraordinária, mas não foi implementado devido à pressão popular, resultando na retirada dos guardas mirins da Zona Azul. A AMO-SIM criticou a falta de diálogo e se manifestou contrária ao projeto. Votaram contra apenas os então vereadores Dr. Salim Mattar, Flavinho do Açougue, Vadinho e Carlinhos do Sindicato.

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À época, a AMO-SIM se pronunciou algumas vezes através de notas oficiais, divulgadas na imprensa e redes sociais. Em uma delas criticou a falta de diálogo com o prefeito, afirmando que a entidade não teria sido ouvida nenhuma vez. Em outra, comunicou oficialmente ser contra o projeto de Pocay, e suspendeu o tradicional curso de formação de “guardinhas”, realizado tradicionalmente no início de cada ano e que ocorreria em janeiro de 2018.

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