Para o filho jogar basquete, ela criou um projeto que ajuda outras pessoas com deficiência

Foto: Reprodução redes sociais

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Conteúdo original Nós / Terra

Patricia Goloni criou a Vidas, projeto que já beneficiou 250 jovens: ‘Minha motivação era que ele pudesse se enxergar no outro’

A história de Patricia Goloni se mistura com a história da Vidas – organização paulistana que, por meio do esporte, oferece oportunidades de sociabilização para crianças e adolescentes com deficiência física. Isso porque seu filho, Gabriel Goloni, é uma pessoa com deficiência que não tinha um ambiente para jogar basquete de forma acessível.

“O projeto surgiu para proporcionar ao Gabriel o contato com pessoas como ele. Minha motivação inicial era que ele pudesse se enxergar no outro”, diz Patricia. Da dificuldade nasceu o projeto que já beneficiou mais de 250 jovens. “Eu sempre acreditei que para mudar o mundo a gente não precisa fazer nada muito grande. Basta uma pequena mudança de atitude – e a Vidas foi a minha forma de mostrar isso para mim e para os outros.”

Quando as primeiras contrações apareceram, Patricia Goloni não achou que seu filho já iria nascer. Afinal, uma gestação normal dura em torno de 40 semanas e Patricia estava apenas na 27.ª semana quando Gabriel veio ao mundo, em maio de 2001. “O nascimento dele pegou todo mundo de surpresa. Ninguém esperava”, conta.

Em decorrência da prematuridade, Gabriel teve uma hemorragia cerebral que prejudicou a parte do cérebro responsável por enviar alguns comandos para o corpo. Por isso, ele tem dificuldades para caminhar e usa uma cadeira de rodas para facilitar a locomoção. “Quando você se torna mãe, surgem muitas dúvidas e, nessas condições, o desafio é maior ainda”, afirma.




A dificuldade de Patricia Goloni em encontrar um ambiente onde seu filho pudesse jogar basquete de maneira acessível fez com que ela criasse a Vidas – sigla para Vivência e Inclusão da Pessoa com Deficiência por Meio de Atividades e Sensibilização. A Vidas é uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que oferece oportunidades para que crianças e adolescentes com deficiência física possam se sociabilizar e se desenvolver por meio da prática esportiva. O objetivo é formar cidadãos independentes e integrados. “A convivência social é fundamental para isso.”

“O projeto surgiu para proporcionar ao Gabriel o contato com pessoas como ele. Minha motivação era que ele pudesse se enxergar no outro”, explica Patricia, que desde 2010 divide seu tempo entre as salas de aula como professora de inglês e o projeto social. As primeiras atividades, inclusive, foram onde Patricia dava aulas. “Eu só precisava que eles abrissem a escola por algumas horas aos sábados. O resto era comigo.”




Com o tempo, outras escolas abriram as portas e forneceram suas quadras e equipamentos esportivos para que o projeto oferecesse atividades com os jovens. “Tudo o que a gente precisa é um espaço, que pode ser uma quadra ou uma sala. Só isso”, diz Patricia. Ela destaca a importância do Atende+ – o serviço de transporte gratuito da Prefeitura de São Paulo destinado a pessoas com deficiência física – para o funcionamento do projeto, cujos encontros não têm uma periodicidade fixa.

“Eu sempre acreditei que para mudar o mundo a gente não precisa fazer nada muito grande. Basta uma pequena mudança de atitude. E a Vidas foi a minha forma de mostrar isso para mim e para os outros”, conta.

‘A principal mudança ocorreu em mim’

Ao longo de 12 anos à frente da Vidas, ela estima que mais de 250 crianças e adolescentes foram beneficiados. Entre eles, o próprio Gabriel, que passou a fazer parte da organização social conduzida pela mãe. “Minha motivação foi fazer uma mudança na vida do Gabriel, mas a principal mudança acabou ocorrendo em mim.”

Além das crianças e dos adolescentes que participam do projeto, as ações da Vidas também se refletem nos familiares. “Muitas mães vão acompanhar os filhos, por isso foi importante pensar em uma atividade para elas”, ressalta.

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Ao mesmo tempo que acompanham a formação dos filhos, as mães participam de programas voltados para elas, como oficinas de artesanato, teatro, música, grupos de discussão e trocas de experiência. “Eu sempre tive condições de proporcionar ao Gabriel os melhores equipamentos e tratamentos de que ele precisava e aprendi muito convivendo com as mães que não têm esse mesmo universo que eu.”

Hoje, com 21 anos, Gabriel cursa o 5º semestre de Psicologia e escolheu a organização social da mãe para seu primeiro estágio. Patricia reconhece os efeitos do projeto na vida das crianças atendidas, mas, principalmente, na de Gabriel. “Acredito que, por conviver com pessoas como ele, o Gabriel tenha mudado seu o olhar com relação aos outros e a ele mesmo. É o sentimento de pertencimento.”

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