Um lobisomem na beira do rio Paranapanema

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por Bernardo Fellipe Seixas e Neusa Fleury

Moradora relata que o bicho apareceu durante a quaresma, em noite de lua cheia, numa chácara em Salto Grande

 No creo en brujas, pero que las hay, las hay” é uma frase em castelhano que significa “Não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem”. A cultura popular está repleta de histórias do além e figuras assombrosas que são repassadas entre gerações.  Em especial em tempos de pandemia, quando enfrentar a realidade causa sofrimento e aflição, essas histórias ganham importância.

A funcionária pública A.S.G.P. mora há dez anos em uma chácara na vila dos Pescadores, em Salto Grande, e garante que, durante a quaresma, recebeu a visita do lobisomem. Isso mesmo, aquela figura lendária do homem que se transforma em lobo nas noites de lua cheia teria circulado por ali, causando alvoroço e medo entre os moradores.

A estrada de terra que leva à chácara é ladeada por pomar com grande variedade de frutas. Em cada pedaço percebe-se o amor e cuidados do casal que vive em uma casa ampla, a 150 metros do rio Paranapanema. A diversidade impressiona. Ali é possível encontrar árvore da canela, do cravo da Índia e até uma muda de pimenta do reino, trepadeira de onde pendem cachos de pequenas bolinhas verdes, com sabor bastante agradável e marcante.

A história aconteceu durante a quaresma, e segundo A.S.G.P., nunca tinha ocorrido antes. “Os cachorros começaram a uivar por volta da meia noite. Era uma sinfonia… os meus começavam, os da vizinha davam continuidade”.

Os anos de convivência com a natureza aprimoraram a percepção da dona da casa quanto aos ruídos. “Tem horas que eles uivam para uma revoada de morcegos. Sei quando o latido é para um animalzinho que passa ou para alguém que se aproxima”, revela.

Foram duas ou três noites de barulho na madrugada, nas noites de lua cheia. “Eu não conseguia dormir. Ouvia um barulho de carroça, e os cachorros uivando. Acendi todas as luzes, peguei uma espingarda de chumbo que fica perto da porta, sempre carregada, e uma lanterna, e procurei por tudo ali. Não tinha nem vestígio”, relata. No dia seguinte, pediu a um funcionário da chácara que procurasse nas chácaras vizinhas e na mata próxima se haveria alguma cachorra com cria. Imaginou que isso pudesse ser o motivo dos uivos dos seus animais. Segundo A.S.G.P., alguns animais quando se aproximam da casa deixam um cheiro característico, como a capivara, por exemplo, “mas eu não senti cheiro algum”. Apesar da busca minuciosa, o funcionário da chácara não encontrou nada. Resolveu então colocar marcas de cal nas beiradas da casa, para ver se conseguia reconhecer pelas patas o animal que provocava todo esse rebuliço. Nada deu resultado.

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O mistério começou a ser esclarecido em uma festa de casamento, numa chácara vizinha. “Não teve festa por causa da pandemia”, conta, “mas fui até lá para cumprimentar os noivos”. Em uma conversa ao entardecer que reuniu parentes da noiva sentados embaixo de uma árvore, A.S.G.P. contou dos perrengues que estava vivendo, com as madrugadas insones. “Foi quando a mãe da noiva falou que também tinha ouvido o barulho e uivos dos cachorros. Aí uma das pessoas falou: É o lobisomem!”  As informações foram sendo enriquecidas com detalhes contados por todos. Outra vizinha de chácara revelou que o lobisomem “era o fulano, referindo-se a um homem magro que mora sozinho em uma chácara um pouco mais afastada”. Segundo ela, o homem só veste roupas de frio, é meio corcunda, e por isso anda sempre de cabeça baixa.  Não conversa com ninguém, e foi visto por outra vizinha numa noite quente de lua cheia, quando assistia TV com a janela da sala aberta. “Passou o vulto, vi pela janela. Era fedorento”.

A.S.P.G diz que não ficou muito assustada com a visita do peludo, principalmente porque não cria galinhas, alvo preferido do lobisomem. Segundo os moradores, ele atiça os cachorros para que os animais o acompanhem: “Por isso eles uivam, querem seguir o mestre!”

“Pensei que fosse zoeira”, confidencia A.S.P.G., referindo-se às revelações sobre o lobisomem, que incluíram uma informação: “O lobisomem é o primeiro filho homem que nasce depois de sete filhas mulheres”. A.S.P.G. gelou. Seu marido se encaixa nessa categoria, é o oitavo filho e primeiro homem da família. “Será que o lobisomem veio atrás do C.?”

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A verdade é que, depois que a lua mudou, o bicho peludo desapareceu das redondezas. Nossa entrevistada já viu de tudo por ali. Os moradores convivem com capivaras, pacas, ouriços e cobras. “Já vi jaguatirica e onça parda aqui na estrada. Bonito mesmo foi ver um veado tomando água em um lago formado por uma mina perto de um milharal, em uma manhã de verão. É muito lindo. O pelo é dourado e avermelhado”, diz.

A conversa com o Jornal Biz aconteceu embaixo de uma grande árvore, que A.S.P.G. informou ser lichia, plantada como as outras, há dez anos. “Não cheguei a ver o lobisomem, mas de noite, quando venho aqui para fora e olho na copa das árvores, os olhinhos dos gambás parecem estrelas que caíram do céu”.

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