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por Bernardo Fellipe Seixas | Jornal Biz
Antigos depósitos de grãos espalhados pela cidade têm história atrelada à ferrovia
Nosso pendrive está com os dias contados. A demolição da construção conhecida pelos ourinhenses como o “maior pendrive do mundo” é tida como certa, já que no terreno onde o silo foi erguido, em frente ao Plaza Shopping, está sendo construído um novo supermercado.
O silo foi construído nos anos 1940, em uma época em que Ourinhos era grande produtora de grãos como café, milho e algodão. Como não havia estradas, o transporte era sempre feito pela ferrovia até os portos (Para se ter uma ideia, em 1910 a cidade plantou um milhão de pés de café).
A ferroviária aposentada Angelina Rossignoli, em entrevista realizada em 2010 para o projeto “Arquivo de lembranças”, recorda: “Naquele tempo eles despachavam muito café, madeira, como tinha produto pra embarcar! Eu trabalhava na Rede Viação Paraná Santa Catarina, e obedecia o critério que a empresa adotava, que era por ordem de chegada. Quem chegasse primeiro pegava o vagão, poderia transportar a carga. Faltava muito vagão, era muita mercadoria”.
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Como não havia vagões suficientes para transportar a produção abundante, os agricultores precisavam armazenar a colheita por algum tempo, enquanto esperavam a possibilidade de vaga no trem.
Para atender essa necessidade, foram construídos diversos depósitos ao longo da ferrovia, que eram alugados pelos produtores que aguardavam a liberação de vagões para transporte. O prédio onde hoje funciona o Mercadão é um deles. A loja Construcasa, na rua Duque de Caxias, também já foi um grande depósito de cereais, além de outros espalhados pela cidade.
O silo da rua Cardoso Ribeiro foi utilizado para armazenar grãos por diversas empresas que funcionaram no local, estrategicamente ao lado da ferrovia. Primeiramente pela Cargill Agrícola e Comercial, até meados dos anos 50. Depois foi utilizado pela empresa Neva e finalmente pela Cooperativa Agrícola do Norte do Paraná. Desde os anos 90, estava esquecido e abandonado, reinando solitário depois que, em 2007, todo o prédio da antiga fábrica Sanbra, localizado em frente, foi demolido.
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Ninguém se importava muito com aquela construção estranha no meio da cidade, até que alguém enxergou ali um pendrive gigante, e o fato virou um meme nas redes sociais. De alguma forma a velha construção caiu no gosto dos ourinhenses, especialmente dos mais jovens, que veem ali uma representação da identidade da cidade.
A área onde está o silo é particular, e não passou por processo de tombamento.Portanto, são poucas as chances da construção ser preservada, apesar da importância afetiva para a geração que carinhosamente a apelidou de “maior pendrive do mundo”.
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