Grupo de mulheres transforma espaço público na Cohab e aproxima moradores

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por Bernardo Fellipe Seixas e Neusa Fleury

O parque tem a magia daqueles com entrada paga e frequentados por gente rica, mas fica na Cohab de Ourinhos. Ocupa um local reservado para área verde, mas nunca havia recebido melhorias. Criado e mantido por um grupo de mulheres que moram em volta da praça, o local mudou também a forma dos vizinhos se relacionarem.

A reportagem do Biz esteve na última sexta-feira no local, uma tarde quente de julho, e encontrou o grupo reunido, conversando e planejando as próximas ações que vão acontecer no Parque Feliz. A conversa foi interrompida por Flávio Sergio, que traz uma criança pela mão, e questiona uma das mulheres: “Veja a validade da minha carteirinha, por favor?” Todos riem, e a carteirinha, feita em xerox colorido, passa de mão em mão, confirmando que sim, ele está autorizado a frequentar o Parque.

Fernanda Carolina de Souza, Francislene Carla Goulart e Andreia de Fátima Baccini fazem parte do grupo que há cerca de quatro meses começou a criar o espaço, alterando a paisagem cinzenta do lugar. A maior parte do trabalho foi feito pelas vizinhas, mas conhecidos de outros lugares também ajudaram a encher os pneus de terra e pintar e montar os brinquedos. As mudas de plantas foram trazidas de suas próprias casas; e para a horta, Fernanda comprou as sementes.

“Agora todo mundo curte, a gente aprendeu a conviver. Não temos problemas com depredação aqui. À noite a gente vem olhar, ver se tem alguém estragando. Como moramos aqui perto, se a gente escuta um barulho alguém logo vem conferir”, conta Andreia.

A amiga Fernanda explica que o parque ajudou bastante durante a pandemia: “Conseguimos tirar as crianças do celular. Elas vivem descalças aqui, brincam com terra, tem contato com a natureza, convivem com outras crianças. Ontem eu vi que eles estavam jogando queimada… fazia muito tempo que eu não via crianças jogando queimada. Aqui eles brincam, brigam, choram e fazem as pazes, enfim, aprendem a conviver”.

Todas concordam que a iniciativa trouxe alegria para as crianças, mas os adultos também se beneficiaram com a aproximação da vizinhança: “Hoje temos um vínculo diferente. Tem uma vizinha que é nova em Ourinhos, veio de Itapetininga, e logo se enturmou por causa do parque, agora ela traz a filha todo dia para brincar aqui”.

As reuniões são realizadas à tarde no parque. Enquanto olham as crianças brincando, aproveitam para saborear as guloseimas: “Um dia uma traz café, outra um bolo, pão, pipoca e comem juntas”. Francislene confirma que o projeto provocou transformações no espaço e na convivência entre os moradores:“Foi bom para as crianças e pra nós também, especialmente durante a pandemia. Agora é gostoso a gente abrir o portão, sair de casa e ver o local bem cuidado, os brinquedos coloridos e a alegria das crianças”.

A Prefeitura instalou um poste para iluminar o parque, já que antes a área vivia às escuras. “As pessoas perguntam se tem vereador ajudando a gente, mas aqui somos nós e Deus. Recebemos doações e servimos lanches para as crianças. A cidade tem poucas áreas públicas de lazer e convivência, e agora percebemos como elas fazem falta”, diz Andreia.

O sucesso do projeto alimenta o desejo de ampliá-lo, e é possível perceber a energia contagiante das mulheres: “Queremos instalar mais brinquedos para as crianças, fazer outros jardins. Estamos fazendo uma campanha para arrecadar recursos”, conta Andréia.

O grupo está pedindo doações para instalar um escorregador de plástico para as crianças. Quer colaborar com o projeto? Entre em contato com Francislene (14)99611-1057.