Entre 18 de dezembro e 5 de janeiro, Bolsonaro curtiu praias em SP e SC e gastou mais de R$2,3 milhões em dinheiro público. Dados foram divulgados após requerimento de informações do deputado goiano Elias Vaz
As férias de fim do ano do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Santa Catarina e no litoral paulista, entre 18 de dezembro e 5 de janeiro, custaram aos cofres públicos mais de R$ 2,3 milhões. As informações foram fornecidas pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e pela Secretaria-Geral da Presidência da República, em resposta a um questionamento oficial da Câmara dos Deputados apresentado pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO).
Os R$2,3 milhões gastos nas férias do presidente seriam suficientes para pagar auxílio-emergencial de R$662,25 para todas as famílias em situação de pobreza de Ourinhos, Canitar, Chavantes, Ipaussu, Ibirarema, Salto Grande, Santa Cruz do Rio Pardo, Espírito Santo do Turvo, Ribeirão do Sul e São Pedro do Turvo.
Segundo dados do site do Ministério da Cidadania, a microrregião de Ourinhos registra quase 4 mil famílias em situação abaixo da pobreza. São consideradas nessa classificação as famílias com renda mensal até R$171 ou per capta de R$89.
Os R$2,3 milhões gastos por Bolsonaro seriam suficientes para pagar auxílio de R$600 para 4 mil famílias, ou exatos R$662,25 para as 3.473 famílias em situação de miséria da região. Segundo dados do Ministério da Cidadania divulgados em janeiro, mais de 14 milhões de famílias vivem na extrema pobreza atualmente, inscritas no CadÚnico. É o maior número registrado desde 2014, que representa 39,99 milhões de pessoas.
Pandemia agrava pobreza – Em São Pedro do Turvo, a procura por ajuda aumentou bastante desde o início da pandemia. “O número de famílias vulneráveis só cresceu no último ano, seja pela pandemia, desemprego ou necessidade de isolamento. Quem não era carente, agora precisa de ajuda. A necessidade de famílias até por cestas básicas aumentou 100%”, disse Lucimar de Freitas Divino, secretária de Assistência Social de São Pedro do Turvo.
É consenso entre os funcionários da área social ouvidos pelo Jornal Biz nesta reportagem que o número de pessoas em situação de vulnerabilidade vem aumentando significativamente desde abril de 2020. A secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social da Prefeitura de Chavantes, Regiene Mendes, disse que a calamidade imposta pela pandemia está levando novas famílias para a probreza. “Temos 614 famílias cadastradas como de extrema pobreza no CadÚnico, e 1400 no total, incluindo as de baixa renda. O sistema do Governo Federal ficou suspenso por alguns dias, então com a volta do serviço e novos cadastrados, o número tende a subir”, informou Regiene.
As dificuldades das equipes de assistência social na atualização dos dados para o Governo Federal podem ser constatadas em Ipaussu, onde o número de famílias em situação de pobreza que consta no site do Ministério da Cidadania é quase metade do real. Segundo o secretário Gláucio Rosin, atualmente são 725 famílias em condição de miséria, número 51% menor do que o dado oficial (376). “Todos os dias atendemos novas famílias que precisam de amparo básico. É uma situação muito preocupante”, disse Gláucio.
Segundo informações das Secretarias de Assistência Social, os dados atualizados de famílias em situação de pobreza são: Ipaussu (725), Chavantes (614), São Pedro do Turvo (100).
Para produzir esta reportagem, o Jornal Biz solicitou dados atualizados a funcionários das secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social e de Comunicação da Prefeitura de Ourinhos, mas não obteve retorno. Algo que chama a atenção na pesquisa sobre dados sociais da maior cidade da região é a falta de informações sobre violência contra mulheres e da infância dos ourinhenses.
Presidente Jair Bolsonaro gastou R$2.452.586,11 em suas férias de fim de ano; R$124 mil por dia
O relatório entregue pela Secretaria-Geral da Presidência sobre os custos das férias do presidente aponta gastos de R$ 1,196 milhão em hospedagem, alimentação, despesas de aeroportos e combustível.
O GSI, por sua vez, informou que gastou R$ 202,5 mil com as diárias dos agentes. Estão incluídos os gastos de toda a equipe que acompanha o presidente – inclusive os agentes de segurança, que chegam com alguns dias de antecedência às cidades que ele vai visitar. Também declarou custo de US$ 185 mil com as aeronaves usadas nas duas viagens, incluindo gastos de manutenção e combustível. Esse custo foi coberto pelo orçamento da Aeronáutica.
Os valores incluem somente o primeiro período de férias de Bolsonaro em SC, quando ele se hospedou no Forte Marechal Luiz, em São Francisco do Sul, de 19 a 23 de dezembro. Em São Paulo, no Guarujá, ele permaneceu de 28 a dezembro a 4 de janeiro. Não entraram na conta as despesas do presidente no feriado de carnaval, que ele também passou em Santa Catarina.
“Em um período de pandemia, em que o mundo tinha começado a vacinar e o Brasil ainda não, estávamos chegando a quase 200 mil mortos, estava acabando o auxílio emergencial, e o presidente tirou férias e gastou um dinheirão, dinheiro público. Isso daria para atender 8 mil famílias com auxílio emergencial de R$ 300”, criticou Elias Vaz, autor do requerimento que tornou público a gastança presidencial, em reportagem ao NSCTotal.
Elias diz que está avaliando se há algo que possa ser questionado juridicamente. Ele não descarta a possibilidade de levar as férias de Bolsonaro ao Ministério Público ou ao Tribunal de Contas da União.
Além de gastar milhões dos cofres públicos o presidente ainda promoveu aglomerações por onde passou durante as férias. Em São Francisco do Sul (SC) Bolsonaro desceu da embarcação em uma praia e, sem máscara, foi cumprimentar as pessoas que estavam no local.
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