Cerveja, aspirina, atividades físicas: o que não se deve fazer após ser vacinado

Imunização atinge maior eficácia após a segunda dose. É preciso continuar usando máscara e fazendo distanciamento social

Alguns comportamentos devem ser evitados depois de receber a vacina contra a Covid19. Consumir bebidas alcoólicas em excesso e medicar-se preventivamente com paracetamol ou aspirina são alguns deles.

A aspirina é um dos medicamentos indicados para aliviar os efeitos secundários das vacinas. No entanto, muitas pessoas passaram a tomá-la como forma de prevenir coágulos sanguíneos que algumas vacinas podem causar, uma vez que há estudos científicos que sugerem que o ácido acetilsalicílico previne tromboses ou AVC’s.

Fernando Simón, diretor do Centro de Emergências do ministério da Saúde de Espanha, explicou ao jornal ‘El Economista’ que não acredita que seja necessário tomar o medicamento, podendo até ser prejudicial.

“Acho que tomar ácido acetilsalicílico não vai mudar substancialmente nenhum risco para ninguém. A aspirina, como qualquer outro fármaco, tem efeitos colaterais”, declarou.

Quanto ao paracetamol, há uma diretriz da Sociedade Espanhola de Medicina Familiar e Comunitária, que afirma que não é necessário recomendar sistematicamente o uso de paracetamol para prevenir possíveis efeitos secundários da vacina. Segundo o órgão, o correto será tomar paracetamol após a vacinação somente se forem verificadas reações adversas. De outra forma, o fármaco não é recomendado, pois não tem qualquer utilidade.

Cervejinha pode?

Segundo um estudo da Universidade de Manchester, conduzido pela professora e imunulogista Sheena Cruickshank, uma pessoa que consome bebidas alcoólicas na noite anterior ou dia seguinte pode ter o sistema imunológico não funcionando totalmente, o que pode prejudicar o objetivo final da vacinação.

As Prefeituras de Fortaleza (CE) e Belém (PA) recomendam abstinência “por pelo menos 24 horas do período de aplicação de qualquer vacina ofertada pela rede pública”.

Diminuir o consumo – “A preocupação que a gente tem não é só com a vacina, é por toda a questão do consumo pesado de álcool em tempos de pandemia. É importante que as pessoas tenham um controle do consumo”, disse ao Jornal Extra a biomédica Erica Siu, vice-presidente do Cisa (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool).

A ingestão moderada, o famoso “beber socialmente”, ela diz, é calculada como sendo de, no máximo, uma dose por dia para mulher e até duas doses por dia para homem.

É importante a gente destacar o conceito de dose. Uma dose padrão são 350 ml de cerveja ou 150 ml de vinho ou 45 ml de destilado — afirma.

OUTRO LADO – Já as fabricantes das vacinas Astrazeneca/Oxford e Coronavac/Butantan, e o Ministério da Saúde, afirmam que “não há nenhuma evidência sobre a relação do álcool com o comprometimento da formação de anticorpos promovida pela vacina Covid-19”.

Também não há proibição de bebidas alcoólicas nas bulas dos imunizantes, afirma a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável por avaliar e liberar os produtos no país.

Academia, pedalada, futebol?

Para a Dra. Paola Machado, fisiologista do exercício e da nutrição e pesquisadora científica, “é possível dizer que o principal risco de se exercitar logo após se vacinar é que algumas reações adversas leves provocadas pelo imunizante (dor de cabeça, muscular ou no local da aplicação, fadiga, mal-estar, náusea etc.) podem reduzir a qualidade do seu treino”. Dependendo da intensidade das reações, é possível que nem consiga fazer atividades físicas.

Até o momento, não há evidências de que o exercício logo antes ou logo após a vacinação afeta a eficácia da vacina. “O que precisamos entender é que, se você se sente bem o suficiente para se exercitar após receber a vacina, aparentemente não há nenhuma contraindicação para realizar atividades físicas. Por esse motivo, o ideal é que você preste atenção no seu organismo e se atente aos efeitos adversos”, afirmou Paola em texto publicado no UOL.