Câmara e Prefeitura afrontam Judiciário e criam mais secretarias e cargos uma semana após cumprimento de decisão do TJ

Foto: TV Câmara Ourinhos

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por Bernardo Fellipe Seixas

Lucas Pocay foi obrigado pela Justiça a extinguir 94 cargos comissionados, e não perdeu tempo: Acertou com os vereadores da base a criação de novos cargos, que deverão ser ocupados por aqueles que foram demitidos.

O prefeito Lucas Pocay (PSD) deu um verdadeiro “passa moleque” no Ministério Público, e de quebra, na população ourinhense. Obrigado a extinguir 94 cargos comissionados considerados ilegais pelo Tribunal de Justiça, o prefeito resolveu o problema criando outras duas secretarias e novos cargos, com outras nomenclaturas. O esquema foi confessado pelo vereador Anísio Felicetti (PP), que em seu pronunciamento defendendo a aprovação do projeto afirmou que os comissionados afastados serão recontratados para prestar serviços nas novas secretarias. “O prefeito vai tirar recursos da Assistência e da Saúde para colocar nas novas pastas”, disse o vereador. Ou seja, prefeito e Câmara Municipal criaram subterfúgios para burlar uma decisão judicial.

“Houve uma exoneração muito grande, parte desses exonerados serão recontratados, a Prefeitura precisa”, disse Anísio.

O “modus operandi” do prefeito atual e também de outros que o antecederam em Ourinhos é ter centenas de cargos comissionados para garantir apoio político. Para conseguir seu intento, Pocay contou com a cumplicidade dos vereadores, que como era previsto, votaram favoráveis à criação de novos cargos, já que poderão indicar apaniguados para ocupá-los.

“Gestão de todos os cargos”, criticou Cícero Investigador ao justificar seu voto contrário ao projeto. “Todas as secretarias municipais tem por obrigação a inclusão, mas o prefeito só se deu conta disso no quinto ano de mandato. O Lucas Pocay não diminuiu um cargo da estrutura por que quis ou para economizar recursos; foi só porque o Poder Judiciário obrigou”, ressaltou o vereador.

“Nesse governo não tem transparência nem compromisso com a população. É uma gestão de perseguição, pois qualquer funcionário que queira fazer uma denúncia, precisa ser sob anonimato”, criticou Cícero.

A criação de duas novas secretarias, de “Planejamento” e “Inclusão” foram duramente criticadas pelos vereadores Cícero Investigador (Republicanos), Roberta Stopa (PT) e Guilherme Gonçalves (Podemos). Durante toda a semana perfis nas redes sociais simpatizantes ou comandados pela Administração “dinamitaram” esses vereadores, insinuando que eles seriam contra as políticas de inclusão para os deficientes, por votarem contra o projeto. Cargos comissionados da atual gestão foram responsáveis pela distribuição em massa dessas mensagens via WhatsApp. Até o Jornal Biz recebeu!

Roberta é assistente social e tem doutorado em políticas públicas. “Estou na luta há anos pelos benefícios sociais para pessoas com deficiência e idosos. Essas fake news não vão manchar minha história”, respondeu sobre publicações difamatórias que tem sido alvo.

Roberta Stopa, que representa o Coletivo Enfrente, apresentou proposta de emenda ao projeto, solicitando a inclusão de pessoas LBGTQI+ nas políticas públicas de inclusão, mas a proposta foi rejeitada, já que o parecer do relator concluiu que não seria função legislativa. Em seu pronunciamento, Roberta disse que o entendimento dos vereadores para a “inclusão” é equivocado, afirmando que o termo abrange muito mais do que apenas deficiência. A vereadora, que é funcionária pública concursada do INSS e trabalha atendendo deficientes, afirma que não há necessidade de se criar uma secretaria específica para isso, onerando o município e confrontando a Justiça. “As políticas públicas para pessoas com deficiência podem ser executadas dentro dos quadros já existentes. O que precisamos é de pessoas competentes. Espero que pelo menos o Prefeito coloque como secretário (a) uma pessoa com deficiência, que conhece o problema de fato, e não algum político despreparado”.

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Os vereadores da base governista rejeitaram uma emenda de Roberta para incluir os interesses das pessoas LGBTQI dentre as políticas inclusivas. “Eu tentei incluir as LGBT, pessoas negras, mulheres e movimento antiracista, mas infelizmente não consegui”, disse emocionada a representante do Coletivo Enfrente.

Guilherme Gonçalves apresentou um áudio do período em que  Lucas Pocay era vereador e o mesmo problema se apresentava. No áudio, Pocay critica políticos “que se vendem”, considerando a prática imoral.

Moral da história: “Façam o que eu digo, não façam o que eu faço”.

Como presidente da Câmara, o vereador Santiago, que é um dos líderes do prefeito Lucas Pocay, não precisou votar.

Votaram contra  a criação das novas secretarias e mais cargos comissionados os vereadores Cícero Investigador, Guilherme Gonçalves e Roberta Stopa. O vereador Carlinhos do Sindicato, que está internado por complicações da Covid, declarou por meio de familiares que votaria contra o projeto.

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