Uma grande barragem será construída no rio Pardo, no município de Botucatu. A realização da obra promete resolver o problema de abastecimento de água na cidade pelas próximas décadas, mas deverá causar rebaixamento do leito do rio e dificultar a captação de água nas cidades próximas, principalmente Avaré e Pardinho. Santa Cruz do Rio Pardo e Ourinhos também poderão ser prejudicadas.
O volume total de água previsto é de 9 bilhões de litros, armazenados numa área de 280 hectares. O projeto prevê recuperação ambiental de 130 hectares. A represa ficará 9 km à montante da Represa do Mandacaru, acima da Cachoeira do Véu da Noiva. Seu volume total de reserva é de 9 bilhões de litros de água. Sua área chegará a 280 hectares, sendo 130 de Área de Proteção Permanente. Somente a barragem terá 600 metros de extensão, com profundidade que varia entre 15 e 20 metros.
___continua após publicidade___
Acontece que a construção da barragem vai resolver o problema de abastecimento de água dos moradores de Botucatu, mas o líquido precioso poderá faltar nos municípios vizinhos banhados pelo rio Pardo.
Segundo Luiz Carlos Cavalchuck, técnico ambiental e um dos dirigentes da ONG Rio Pardo Vivo, “a entidade participa do Comitê de Bacias do Paranapanema, e foi contrária à construção da barragem”. A ONG tem importante trabalho no reflorestamento das margens de rios e córregos da região. Nos próximos meses deverão ser plantadas 12 mil mudas em Pardinho, na nascente do rio Pardo.
Cavalchuck avalia que a redução do leito do rio Pardo deverá prejudicar principalmente os pequenos agricultores. “É uma obra muito grande para um rio muito pequeno”, avalia.
A obra está orçada em R$ 42,7 milhões, e terá financiamento da Caixa Econômica Federal. A Sabesp deverá assumir a obra, e já fez um depósito judicial no valor de R$ 6.662.800,00 para pagamento de 8 das 11 áreas que serão desapropriadas pela Represa.
Segundo Cavalchuck, a elaboração do projeto e discussões sobre o assunto não tiveram como foco o prejuízo nos municípios próximos. “É uma obra de interesse da região. A ONG vai fiscalizar de perto se serão cumpridos os itens previstos como compensação ambiental. É preciso reflorestar as nascentes e proteger as áreas de proteção permanente (APP)”.
No dia 8 de janeiro o Jornal Biz encaminhou para a SAE de Ourinhos algumas questões sobre a construção da barragem em Botucatu. As dúvidas são sobre a realização de estudo de impacto ambiental em Ourinhos, se a obra pode trazer prejuízo na captação de água na ETA e se houve comunicado da Prefeitura de Botucatu com a poder executivo ourinhense. Até o fechamento dessa reportagem, a assessoria da SAE não havia respondido às perguntas. Também não conseguimos retorno do presidente do Conselho de Meio Ambiente de Botucatu, Rafael Romagnoli.
___continua após publicidade___
Uma das soluções apontadas pelo prefeito Lucas Pocay para resolver o problema da falta d´água em Ourinhos é o aumento da capacidade de captação da Estação de Tratamento de Água, a ETA. Acontece que, com a vazão do rio Pardo diminuída, haverá poucas chances de sucesso nesse projeto. “O rio Pardo vai sofrer com a construção de duas barragens, uma no município de Santa Bárbara e outra em Botucatu. Isso com certeza vai causar grande rebaixamento no leito do rio”, diz Cavalchuck.
*Com informações do Jornal Debate, portal Acontecebotucatu, Botucatu.sp.gov.br, Jcnet.com.br
CURTA O JORNAL BIZ NO FACEBOOK
Instagram @JornalBiz
Twitter @jornal_biz