A banda gaúcha Axes Connection é dona de um rock and roll cru, com notáveis influências de rock progressivo e de hard rock. Foi a maneira que os irmãos Marcio e Marcos resolveram para homenagear o baterista e irmão Vitor, logo após seu falecimento. Hoje a banda é formada por Marcio Machado nos Vocais, Marcos Machado na Guitarra, Magoo Wise no Baixo e Cristiano Hulk na Batera. Seus integrantes tem uma longa experiência musical, tocando a frente de bandas como Distraught, The Wise, Vômitos & Náuseas, Grosseria e na lendária Apocalypse, que tocou em Ourinhos em 2009. Confira abaixo a entrevista exclusiva que o guitarrista Marcos Machado concedeu ao Os Rockers.
Como surgiu a Axes Connection?
Marcos Machado – A ideia surgiu de uma conversa que tive com meu irmão e vocalista Márcio Machado logo após o falecimento de nosso irmão e baterista Vitor Machado, entre março e abril de 2013. Foi uma maneira que achamos de honrar todo o trabalho que tivemos junto com ele (Vitor) para representar músicas que eram muito importantes para nós.
Qual o significado do nome da banda?
Marcos – Significa “Conexão dos Machados”, nosso sobrenome. Seria a conexão que existe entre nós e também de alguma maneira nosso falecido irmão. Acreditamos que ele está participando sempre conosco mesmo que em pensamento nesse trabalho que fizemos.
Há quanto tempo estão na estrada? Quantas formações tiveram desde o início do grupo?
Marcos – Tudo começou de forma modesta e sem grandes pretensões. Primeiro surgiu a ideia de rearranjar, criar riffs e solos, inclusive músicas nova. No início era apenas eu, montando no Cubase Metrônomo (software) e gravando apenas a guitarra base. Depois criei e rearranjei as músicas. Adicionei um sampler de bateria e gravei um baixo bem básico. Em seguida mostrei para meu irmão Márcio. Imediatamente ele se convidou para montar o grupo. Seguimos assim até a criação das primeiras linhas vocais. E seria então um projeto de duas pessoas apenas. Eu não tinha ideia de montar uma banda mesmo. Um certo dia, no estúdio, publicamos uma nota no Facebook e lá estava o Magoo (Wise) sem ouvir nenhuma música se convidando para participar no grupo. Isso já era 2014. Em seguida descobri que toda a linha de baixo que eu havia feito era um lixo porque o Magoo enriqueceu muito o trabalho todo criando linhas que eram muito criativas e independentes do que a guitarra fazia, o que somou muito à música. O Magoo trouxe o Jesiel para fazer os primeiros trabalhos na bateria. Devido a problemas de agenda Jesiel saiu e deu entrada a Lourenço Gil que foi a pessoa que me convenceu que alguém poderia representar o Vitor melhor que uma bateria eletrônica. Gravamos, mixamos e fizemos um videoclipe da “Wisdom Is The Key” (veja o clipe no final da matéria). Já em 2015 surgiu uma oportunidade para Lourenço entrar em uma faculdade em Pelotas, e então ele acabou nos deixando. Dessa forma o Cristiano Hulk assumiu as baquetas.
Qual foi a maior dificuldade que enfrentaram com a banda?
Marcos – Eu diria que o início foi difícil. Lidar com todas as lembranças a cada nota executada e a cada música que fui rearranjando. Tive que garimpar muito e escutar muitas versões de gravações caseiras antigas com a bateria executada pelo Vitor e depois tentar aproximar no sampler de bateria. Não sou baterista, mas tenho uma noção e isso ajudou.
O primeiro trabalho autoral da Axes Conection, “A Glimpse of Illumination”, é uma homenagem ao seu irmão Vitor. Poderia nos contar essa experiência em relação a capa, músicas, etc.
Marcos – Bem, eu diria que tem a mão do Vitor em quase tudo que gravamos, inclusive o a parte do refrão da “Journey To Forever” é dele. Essa foi uma música que pegamos um riff isolado dele, que tocava seguido esse trecho sozinho em um violão e seguido comentávamos que era algo meio “viajandão”. Acabou que rearranjamos toda a música para colocar esse trecho e o resultado ficou excelente. O Vitor era muito bom de arranjo e a “conexão” que existia entre nós dois era algo incrível. Ele parecia muitas vezes adivinhar o que eu queria na bateria. Quanto a capa, é uma maneira que achamos de representar ele junto a nós nessa caminhada. Tentei várias ideias de capa mas o Márcio junto com o Aldo (Marcondes – artista gráfico) conseguiu exatamente o que queríamos. Não é algo Heavy Metal como o som, mas acho que as vezes temos que sair do lugar comum e inovar ou as vezes ir contra as regras e padrões estabelecidos. Recebemos algumas críticas por causa da capa, mas aceitamos numa boa. O mais importante era estarmos satisfeitos com o resultado. Se pensarmos em agradar a todos vamos ser apenas mais um no cenário. Precisamos ser nós mesmos e por isso temos que ser fortes para aguentar a crítica disso.
Qual foi o show mais marcante?
Marcos – Na verdade fizemos um show bastante obscuro em 2016, sem nenhuma divulgação, e depois tivemos muita dificuldade de encaixar uma data. Esperamos então o momento de poder fazer o show de abertura para uma banda conceituada como a Corrosion Of Conformity, que com certeza é o show mais marcante para nós.
Veja abaixo o clipe de “She sells sanctuary”, cover de The Cult.
Qual a canção que a banda toca que mais gostam?
Marcos – Eu gosto realmente de todas. Eu diria que cada música representa alguma coisa diferente. Pela reação de algumas pessoas eu diria que “Prepare Your Soul” deverá agradar muitos e também a “Journey To Forever”, por ser um pouco diferente. No geral eu espero que gostem de todas ou quase todas as músicas. Todas foram muito bem trabalhadas e nasceram com muita inspiração.
Quais cantores ou bandas que até hoje usam de inspiração e influenciaram o trabalho da banda?
Marcos – É muito amplo o número de bandas que nos influenciaram. Temos influência dos anos 70/80 para ser mais específicos. Rock, Rock Progressivo, Hard Rock e Heavy Metal claro. Fizemos uma mistura disso e adicionamos a nossa maneira de compor, de criar. Existe um toque pessoal de cada integrante como uma assinatura eu diria. Fora a maneira como o Márcio interpreta as músicas que é única e muito pessoal.
Qual o maior sonho da banda?
Marcos – Já estamos realizando e vivendo esse sonho, porque desde o início do projeto não tínhamos muitas pretensões. Eu diria que hoje temos diversas resenhas positivas e alcançamos pessoas que jamais pensamos que iríamos alcançar. Não estabelecemos nada além de agradar a nós musicalmente falando. Fizemos tudo com muita alma e certamente onde o Vitor estiver deve estar orgulhoso do que fizemos até agora.
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Para vocês, o que ainda falta para que nosso país consiga revelar novos talentos musicais na cena Rock and Roll ?
Marcos – Seria utopia esperar alguma coisa de nosso país. Temos uma mídia que controla tudo. Música para eles é funk, samba, pagode, sertanejo, não necessariamente nessa ordem, mas o rock nem aparece como uma preferência nacional. Estamos num país que cada um tem que fazer por si mesmo. Esperamos que continuem aparecendo bandas de qualidade suficientes que influenciem as novas gerações. Se não aqui no Brasil, pelo menos no exterior. Normalmente é o que acontece. Uma banda ou um movimento estoura no exterior e o reflexo acontece em seguida no resto do mundo e no Brasil. Desculpe não ser tão otimista mas e o que penso no momento
Uma mensagem para pessoas que acompanham o trabalho de vocês.
Marcos – Agradeço demais os comentários positivos e também negativos. Pelo tempo que as pessoas perderam para nos conhecer. Agradeço pela assessoria do Som do Darma, que nos proporcionou um alcance maior de público apreciador de boa música.
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Uma mensagem final a todos os Rockers desse país.
Marcos – Obrigado pela oportunidade de compartilhar com o público nossas opiniões e pensamentos. E ao “Os Rockers”, por corajosamente continuar a dar espaço ao rock em geral, pois precisamos continuar a lutar por espaço. Os Rockers em geral são a nossa família. Somos muitas vezes estranhos, exóticos e muitas vezes ranzinzas, mas diferentes e muito originais. Continuemos sendo assim e andando contra as tendências e modas desse país. Sejamos nós mesmos.
Veja abaixo o clipe de “Wisdow is the key”
Para ouvir o disco “A Glimpse Of Illumination”:
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