por Bernardo Fellipe Seixas
Imagine que você é patrão, e um funcionário que foi trabalhar bêbado resolve assediar uma colega de trabalho na frente de todo mundo. O que você faria? Pois foi isso que aconteceu em plena Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) durante a sessão da última quarta-feira.
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A deputada Isa Penna (PSOL) estava no balcão conversando com o presidente Cauê Macris (PSDB), quando o deputado Fernando Cury (Cidadania) chegou por trás dela, passando a mão em sua cintura e encostando nos seios. A deputada reagiu irritada, tirando a mão do colega, que segundo ela, “estava com bafo de uísque”. Toda a cena foi registrada em vídeo pelo sistema de câmeras da Alesp.
Perguntas respondidas por mulheres nas redes sociais mostram o quanto ainda estão longe de acontecer mudanças no comportamento masculino. Se perguntadas sobre se já foram alvo de algum tipo de assédio, a imensa maioria das mulheres confirma. Ao contrário do que alguns homens podem imaginar, atitudes importunas e machistas não são nem um pouco aceitas ou do agrado das mulheres, que se sentem invadidas e violadas. Se não houver permissão da mulher para o toque, pode ser considerado assédio.
O deputado Fernando Cury está sendo acusado formalmente por Isa Penna por assédio sexual e deverá também sofrer sanções da Assembléia. O caso já foi encaminhado para a comissão de ética, e deve ser tratado como falta de decoro. Ele também já foi afastado de suas funções no Cidadania, e pode sofrer expulsão do partido.
Fernando é natural de Botucatu e pertence à uma família com tradição política. Seu pai, Antonio Jamil, e seu irmão mais velho, João, foram prefeitos por dois mandatos cada. Em Ourinhos o deputado tem como cabos eleitorais os vereadores Abel Fiel (PSD) e Santiago (DEM), que não se manifestaram sobre o caso.
Um caso como esse, com o assédio escancarado em vídeo na sala das pessoas, deve ser exemplarmente punido, principalmente porque foi protagonizado por autoridade política, que deveria dar o exemplo de respeito à mulher e colega de trabalho. A última vez que a Alesp cassou o mandato de um deputado foi em 2016, quando acatou determinação da Justiça contra Mauro Bragato, por improbidade administrativa.
Os índices de feminicídios, geralmente crimes cometidos pelos companheiros, cresceram 41,4% em São Paulo durante a pandemia, segundo estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública publicado no início de junho. O indicador mostra o quanto é preciso mudar o comportamento masculino. Respeito é bom e todas as mulheres merecem.
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