Um Príncipe passou por aqui

Carnaval de rua de Ourinhos, década de 1990: Fordinho e Hélio Brizola (in memorian) saudam o Príncipe, bloco do Incena. | Foto: arquivo pessoal Cícero de Pais

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Crônica de Cícero de Pais

Acreditem, amigas & amigos, Ourópolis já teve seus dias de glória! Sem que ninguém soubesse, o Príncipe herdeiro da Família Real de Pindorama, apareceu num passe de mágica e foi recebido com pompa e circunstância pelo povo do coração de ouro, da cidade abençoada pelas águas dos rios Turvo, Pardo e Paranapanema.

Dono de invejável cultura e sabedoria, o Príncipe encantou madames, empresários, religiosos e vassalos que ansiavam pelo retorno da monarquia na pátria de reis famosos: Pelé, Roberto Carlos e até o Rei do Gado, se não me falha a memória.
Felicíssimo com a gentileza do povo do coração de ouro, o Príncipe deixou-se levar para finos jantares, onde brilhavam os talheres de prata e a etiqueta dos nobres era seguida à risca. Por meses, os eventos frequentados pelo herdeiro da Família Real, eram os mais comentados na sauna de um clube chique no centro da cidade, na saída das igrejas, nos botecos…sem dúvida, a chegada do Príncipe elevou a autoestima do povo ouropolense à níveis impensáveis!

Mas, – sempre existe um mas ! – descobriram, por acaso, que o nobre era reles vassalo, sem títulos, ouro, prata, nada. Foi um choque! Suas aulas inesquecíveis, a maneira como falava sobre o mistério das coisas e o seu amor pela querida pátria mãe gentil, cairam no descrédito. Prenderam-no, sem piedade…

Se a chegada do Príncipe foi um mistério, sua partida também foi assim: de repente, não mais que de repente, – como diria o poeta- o Príncipe herdeiro botou o pé na estrada, deixando uma legião de fãs na maior tristeza, sem os jantares memoráveis, as belas fotos nos álbuns de família e nas colunas sociais, enfim, aquele sonho de que Ourópolis seria habitada por condes, duquesas, comendadores, barões, princesas…foi levado pelas águas turvas da realidade. Segundo um famoso professor, haveria até um castelo para a morada do dragão, porque reino sem um draģão que se preze, não passa de uma piada.
Ourópolis terá outros dias de glória? Vamos aguardar…

  • Texto publicado no livro “Ourópolis, meu humor“, de Cícero de Pais.
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