Vacinação de adolescentes contra a covid-19: tire dúvidas

Foto: Governo MS

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Adotada em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, França e Chile, imunização de menores de 18 anos começa nesta quarta-feira, 18, no Estado de São Paulo

Já iniciada em países como Estados Unidos, Canadá e Chile, a vacinação contra a covid-19 de adolescentes de 12 a 17 anos começa nesta quarta-feira, 18, no Estado São Paulo — exatamente sete meses após a enfermeira Mônica Calazans ter se tornado a primeira pessoa vacinada contra o novo coronavírus no País.

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Como, além de São Paulo, outros locais também já estão começando a vacinar adolescentes ou se aproximando desse momento, o Estadão preparou uma série de perguntas e respostas sobre a vacinação de adolescentes no País. Quer entender, por exemplo, porque menores de 18 anos só podem se vacinar no Brasil com a vacina da Pfizer? Confira:

Por que é importante vacinar adolescentes?

Os motivos são vários. Não à toa, quando o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou a inclusão de adolescentes de 12 a 17 anos no calendário de vacinação do Estado, especialistas em saúde ouvidos pelo Estadão avaliaram que se tratava de uma iniciativa positiva.

“Vacinar os adolescentes é extremamente importante para chegar ao benefício coletivo da imunidade de rebanho”, disse o epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) Pedro Hallal. “Inclusive, para permitir a volta às aulas presenciais, que é uma grande prioridade do momento.”

Por sua vez, o diretor da Fiocruz-SP e professor de Medicina da Universidade de São Carlos (Ufscar) Rodrigo Stabeli acrescentou que quanto mais rápido a vacinação avança, inclusive entre os adolescentes, mais a cobertura vacinal no País passa a ser significativa, fazendo com que a transmissibilidade e a possibilidade de surgirem novas variantes diminuam.

Outros países já começaram a vacinar adolescentes?

Sim, a faixa etária de 12 a 17 anos, a qual o governo de São Paulo pretende começar a vacinar em 18 de agosto, já passou a ser incluída nos programas de vacinação de países que estão mais avançados na cobertura vacinal, como Estados Unidos, Canadá, Chile, Japão e em grande parte dos países da Europa.

Em meio a isso, segundo o epidemiologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri, que também foi ouvido pelo Estadão quando a vacinação de adolescentes foi anunciada em São Paulo, é pertinente avançar a vacinação dessa população também no Brasil. “Lembrando que, entre os adolescentes, também tem população de risco”, reforçou o epidemiologista.

Adolescentes também transmitem covid-19?

Sim. Embora, segundo Renato Kfouri, os adolescentes não sejam considerados fortes transmissores da covid-19, eles contribuem para a transmissão da doença. “É necessário, à medida que os produtos, em primeiro lugar, se mostram seguros para essa população, que a gente expanda o uso das vacinas anticovid para os adolescentes”, disse o epidemiologista.

“Lembrando que, entre os adolescentes, também tem população de risco”, acrescentou Kfouri. De acordo com o cronograma de imunização do Estado de São Paulo, é justamente o grupo de adolescentes com comorbidades que será priorizado a partir do início da vacinação dos menores de 18 anos.

Vacinar adolescentes é mais urgente do que completar a imunização da população adulta?

Vacinar adolescentes antes de completar o esquema vacinal de adultos é uma questão que recebe ponderação de especialistas. “Se há falta de doses, eu seguiria com os adultos antes. Se não está havendo falta de doses e está dando para já colocar os adolescentes, eu acho ótimo (incluir novos grupos)”, opinou o epidemiologista Pedro Hallal. Segundo ele, quanto mais rápido puder incluir novas faixas etárias, melhor.

A leitura é similar à de Renato Kfouri. O epidemiologista explicou que, enquanto o novo ritmo de vacinação e a previsão de chegadas de novas doses atendem cronogramas como o do Estado de São Paulo, a inclusão de adolescentes é bem-vinda. “Sem inversão de prioridades”, afirma.

Médico infectologista e membro da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Julival Ribeiro explicou em entrevista ao Estadão que a pergunta sobre a priorização da vacinação de adolescentes está, e continuará, sendo muito debatida no Brasil. Isso porque, explica, a maior parte da população está vacinada com apenas uma dose, “o que não protege contra a covid e sobretudo contra a variante Delta.”

“É uma decisão difícil no Brasil, sobretudo porque milhões de pessoas ainda precisam ser vacinadas e milhões de pessoas só tomaram a primeira dose”, complementou o infectologista. Segundo ele, se a vacinação estivesse mais avançada, estratégias como a aplicação de uma terceira dose em idosos e imunossuprimidos, por exemplo, poderiam estar sendo discutidas com mais amplitude.

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Quais vacinas podem ser aplicadas em adolescentes no Brasil?

Até o momento, a vacina da Pfizer é o único imunizante aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para vacinação de crianças e adolescentes no Brasil. Outra possibilidade de vacina para essa faixa é a Coronavac, imunizante do laboratório chinês Sinovac produzido em parceria com o Instituto Butantan.

Com o avanço da vacinação, o Butantan pediu à Anvisa, no dia 30 de julho, aprovação para incluir o público de crianças e adolescentes na faixa de 3 a 17 anos de idade na bula da vacina. Ainda não houve retorno sobre o pedido.

Um estudo divulgado em junho pela revista científica The Lancet apontou que a Coronavac é seguro e eficaz para pessoas na faixa etária de 3 a 17 anos. Os testes foram feitos na China e a taxa de produção de anticorpos contra o vírus foi superior a 96% após 28 dias da vacinação com duas doses.

Conteúdo original Estadão em Terra

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