Prefeitura de Ourinhos ignora a natureza e concreto toma conta da Praça da Santa Casa

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por Neusa Fleury Moraes

Prefeitura de Ourinhos retira arbustos, árvores históricas e gramados, e concreto toma conta da Praça da Santa Casa.

Apertei os olhos para ver se não estava vendo coisas. Onde estava o jasmim manga, com suas perfumadas flores coloridas, tão cheirosas? Num instante, no lugar onde a árvore permaneceu imponente durante anos, agora havia um espaço cimentado, feito para estacionamento de carros. Fiquei angustiada o dia todo. Quantas vezes a visão da árvore florida me emocionou, lembrando das belezas que estão perto de nós e que às vezes a correria da vida impede de perceber?

Estou falando da Praça da Santa Casa, em Ourinhos. E não foi só o jasmim manga, outras árvores foram sacrificadas, assim como espaços antes gramados sumiram para dar lugar ao cimento. A praça virou uma ilha de calor, enquanto todos reclamam das altas temperaturas.

Concreto tomou conta da praça.

Sei que faltam vagas para estacionar os carros naquela região. Mas vamos lá, o que tem mais importância: os carros ou as pessoas? As áreas verdes da cidade precisam ser preservadas, para o bem de todos, e construir estacionamentos deveria ser função da iniciativa privada, sem o sacrifício de praças. Só uma pergunta impertinente: Houve autorização da Prefeitura e Câmara para a intervenção naquele espaço? Afinal, é público ou privado?

Apesar de manter uma secretaria do Meio Ambiente, com quadro de funcionários e cargos de confiança, nos últimos oito anos a Prefeitura não colocou em prática nenhuma destacada política pública voltada à preservação do meio ambiente ou de conscientização da população sobre a importância de manter o que ainda resta de áreas verdes na cidade.

A manutenção e preservação de árvores e espaços verdes nas cidades não são importantes apenas para a vida animal como a dos pássaros e insetos. As áreas verdes como jardins e gramados drenam a água das chuvas, ajudando a evitar enchentes. Ao contrário disso, os espaços cimentados, além do calor, colaboram para que a água da chuva se avolume provocando alagamentos. Sem esquecer que a cidade fica muito mais bonita de se viver com o verde das árvores e praças floridas e bem cuidadas.

Em 31 de agosto de 2024, morador registrou o corte absurdo de um frondoso ipê amarelo, localizado na praça. | Foto: redes sociais

Em cada árvore arrancada (em Ourinhos é prática recorrente) desaparecem a moradia de pássaros, de abelhas e outros insetos. Se você nunca leu sobre aquecimento global e mudanças climáticas, com certeza está sentindo na pele. Nunca tivemos temperaturas tão altas, prolongados períodos de seca, queimadas, desmatamentos, tempestades e alagamentos. Não é possível dizer se ainda dará tempo de recuperar todo o mal que os humanos fizeram à própria casa. É triste constatar o que deixaremos para nossos descendentes, já que toda a destruição vai ser cobrada. Pelo que se pode constatar, dentre outras desgraças, faltará água, já que as chuvas diminuíram, os rios estão secando e até a reserva do Aquífero Guarani diminuiu seu volume. A conseqüência da nossa irresponsabilidade irá muito além, e talvez fique muito difícil habitar este planeta. E não estou falando que a culpa é da imensa maioria de brasileiros pobres. A responsabilidade por essa crise mundial é sim dos ricos fazendeiros, dos donos de usinas hidrelétricas, dos políticos que ganham propinas com a compra de asfalto para impermeabilizar toda a cidade, da falta de educação ambiental… e por aí vai.

Enquanto escrevo, lembro do perfume do jasmim manga e dos bancos de madeira que existiam na praça. Sem saudosismo, mas com um sentimento de perda.

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