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por Bernardo Fellipe Seixas e Neusa Fleury | Jornal Biz
A antiga Casa dos Ingleses foi pintada de vermelho, sem estudos e aprovação da Comissão Municipal de Tombamento
O único imóvel tombado na cidade, localizado na avenida Rodrigues Alves e conhecido como “Casa dos Ingleses” passa por processo de pintura sem que o prefeito Lucas Pocay (PSD) tenha sequer constituído a Comissão Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico. O grupo é responsável por acompanhar qualquer intervenção no prédio, conforme exigência da Lei 4.813, de 08 de dezembro de 2003, criada durante gestão do tio do prefeito, Claudemir Alves da Silva.
Segundo o Artigo 17º. da Lei de Tombamento, “os bens tombados não poderão ser destruídos, demolidos ou alterados de modo que possam ser descaracterizados”. No Parágrafo Único desse mesmo artigo, o texto diz: “Quaisquer propostas de alteração, reparos, pintura ou restauro de bens tombados serão previamente apreciadas e autorizadas pela Comissão Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico”.
A Casa dos Ingleses, onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Cultura, foi tombada como “patrimônio histórico” da cidade em 2010 durante gestão do prefeito Toshio Misato. O objetivo do tombamento foi garantir que o imóvel mantivesse sua arquitetura e fachada preservadas, remetendo à sua origem, a “época dos ingleses” em Ourinhos. Foi um longo processo para se conseguir que o governo Federal doasse o imóvel da antiga Fepasa para a Prefeitura, o que aconteceu graças ao início do processo de tombamento e reconhecimento da importância histórica do prédio para a cidade.
Toda a área que pertencia à Ferrovia foi tombada pelo pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), órgão da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.
Os ingleses chegaram na cidade no início dos anos 20 do século passado, para acompanhar a construção da estrada de ferro São Paulo-Paraná, responsável por alavancar o crescimento da cidade e a economia com o escoamento da produção de café da região até o porto de Paranaguá. Em 1923 foi iniciado a construção do trecho Ourinhos-Cambará. Os ingleses fizeram parte da sociedade que ajudou a financiar a construção da ferrovia, e também adquiriram grandes extensões de terra no Paraná. Em sua maioria, eram engenheiros e técnicos.
Das casas construídas para abrigar os engenheiros na avenida Rodrigues Alves, a única que ainda mantém sua fachada original é a Casa dos Ingleses, onde morou o engenheiro Wallace Hepburn Morton e sua família. Ele foi Superintendente da Ferrovia, e chegou na cidade em 1929. Em 1941, durante uma palestra no Rotary Club local, Morton descreveu o que ele considerava problemas que os ourinhenses precisariam resolver: água, esgoto e calçamentos.
Além da importância na construção da ferrovia, os ingleses tiveram uma participação ativa na sociedade ourinhense, chegando a criar uma Big Band, além de incentivarem a prática de esportes como o basquete.
Para autorizar a pintura da Casa dos Ingleses, o prefeito Pocay precisa nomear a Comissão de Preservação Histórica, que em sua constituição deve ter um representante da Associação dos Engenheiros, Arquitetos e Agrônomos da Região de Ourinhos – AERO. A função deste representante será analisar se a fachada continua mantendo as características dos imóveis feitos à época, que certamente não eram pintados com a cor vermelha que se vê nas paredes do único imóvel tombado no município.
- Em abril de 2021, o Jornal Biz denunciou a falta de conservação do único imóvel tombado como patrimônio histórico de Ourinhos. Veja abaixo:
Tombada como patrimônio histórico, Casa dos Ingleses tem telhado coberto com saco plástico
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