Curta o JornalBiz no Facebook Instagram Twitter YouTube
por Bernardo Fellipe Seixas / Jornal Biz
Apenas em pagamento de cachês para o padre Fábio e o pastor Fernandinho, administração Lucas Pocay vai desembolsar quase meio milhão de reais
Na última segunda-feira (22), a Prefeitura de Ourinhos divulgou no Diário Oficial dois processos que têm gerado grande polêmica entre os munícipes. A administração do prefeito Lucas Pocay (PSD) vai gastar R$450 mil para trazer duas atrações à Marcha para Jesus, programada para ocorrer no recinto da Fapi no início de agosto. Sem licitação, o padre Fábio de Melo receberá R$290 mil e o pastor Fernandinho, R$160 mil. Outros shows estão previstos, mas os valores dos cachês ainda não foram revelados. Os recursos sairão do orçamento da Secretaria Municipal de Cultura.
ESTADO LAICO? | A utilização de recursos públicos em eventos religiosos é considerada inconstitucional, conforme o inciso I do artigo 19 da Constituição Federal. Diversas cidades, como Sorocaba, Santa Bárbara do Oeste, Itapecerica da Serra e Brasília já foram advertidas pelo Ministério Público e pelo Tribunal de Contas, devido ao descumprimento desta norma.
Em Mato Grosso, no ano de 2016, o Tribunal de Justiça condenou a Prefeitura de Cassilândia a devolver R$30 mil pagos indevidamente à Associação Avivamento Bíblico, após o Ministério Público Estadual declarar inconstitucional uma lei municipal que autorizava o financiamento do evento. Em Ourinhos, o prefeito Lucas Pocay foi ainda mais “ousado”, ao realizar a contratação com dispensa de licitação.
A Marcha para Jesus é um evento que movimenta muito dinheiro. Em Ourinhos, a organização será feita pela VShows Produções Artísticas, empresa especializada em shows religiosos com sede em Presidente Prudente e que também participou da FAPI 2024. O valor do contrato da Prefeitura com a VShows ainda não foi informado.
Política e Religião | Historicamente, até a edição de 2022, a Marcha para Jesus foi dominada por políticos da extrema-direita. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou de diversas edições em várias cidades, discursando em trios elétricos ao lado de senadores, deputados, prefeitos e vereadores, muitos ligados a igrejas evangélicas. Em junho de 2022, Bolsonaro (PL) mencionou uma “guerra do bem contra o mal” durante o evento e pediu orações para que o Brasil não experimentasse as “dores do socialismo”.
Desde o ano passado, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na presidência, a participação de políticos na Marcha para Jesus diminuiu. Lula foi convidado para a edição deste ano em São Paulo, mas devido a incompatibilidades de agenda, enviou o ministro Jorge Messias, membro da Igreja Batista, como seu representante. “É impossível ser o espírito santo em mim e estimular a guerra”, declarou Jorge antes de ler uma carta de Lula ao organizador da Marcha, enfatizando o papel vital da igreja na construção de um país mais justo.
O site oficial da Marcha para Jesus afirma que o evento é pacífico, congrega igrejas cristãs de todo o mundo e é aberto a todos. Desde 2009, a Marcha faz parte do calendário oficial do país, após a sanção da Lei Federal 12.025, durante o segundo mandato do presidente Lula.
CURTA O JORNAL BIZ NO FACEBOOK
Instagram @JornalBiz