Poetas soltam o verso no 4º Slam Subversão

O 4º Slam Subversão aconteceu na tarde do último domingo, 27, na Praça dos Skatistas, em Ourinhos.  O numeroso grupo de jovens que se reuniu na escadaria da praça segue um movimento iniciado em Chicago, EUA, no ano de 1980, que utiliza a poesia como instrumento de contestação e denúncia social.

Tem quem só fique assistindo, incentivando os poetas com a frase que caracteriza o movimento: “Solta o verso e passa a visão: Slam subversão!” Os que participam falando seus poemas, são chamados através de sorteio, e um júri popular avalia, dando notas de 0 a 10, observando a poesia e a performance.

São jovens da geração “plugada”, que se comunica e se encontra utilizando redes sociais e têm acesso fácil à informação. Na maioria são estudantes de escolas públicas, e vem de diversos bairros da cidade.

Os temas explorados pelos poetas são encontrados em qualquer noticiário do país: o preconceito, violência contra a mulher, miséria e exclusão social, assassinatos, racismo, corrupção. Mas outros temas também aparecem, como a ausência da figura paterna nas famílias e a importância da escola e do professor. Acontecimentos vividos na cidade também são temas de poesias. A morte de um jovem santa-cruzense durante uma abordagem policial na Fapi do ano passado, motivou a realização do primeiro encontro.

Em meio às denúncias contra o capitalismo e opressão, um dos poetas refere-se ao deputado federal ourinhense Capitão Augusto, tachado de “capitão do mato” por sua posição em defesa de práticas autoritárias (o deputado defende a redução da maioridade penal e declarou apoio ao ultradireitista Jair Bolsonaro).

Não é fácil falar o poema amparado apenas no ritmo das palavras. “O slam é feito à capela, sem o auxílio de percussão”, explica Henrique Nascimento, um dos organizadores, que destaca que o evento constitui-se em oportunidade de lazer e estímulo à produção poética como crítica social.

O aparente “despojamento técnico” pode ser atribuído à opção de realizar um evento por iniciativa própria, de forma espontânea. “Não temos equipamento de som, somos nós e a praça; e a organização do evento é coletiva. Existe uma programação, e as coisas acontecem de forma natural. Existe o momento da batalha poética, e depois o espaço fica livre para quem quiser se apresentar com música ou performance”, afirma Henrique.

Aliás, essa parece ser uma tendência nas ações culturais que acontecem na cidade, iniciativas coletivas e descentralizadas que se colocam como uma alternativa à agenda oficial. No dia 9 de setembro, a partir das 14 horas, a mesma praça será palco da segunda edição do Remonta, feira de artes realizada pelo Coletivo Geni, com uma programação que inclui apresentações musicais, oficinas, exposições, trocas de livros e performances. As postagens no perfil do coletivo no Facebook destacam o fato de não ser um evento patrocinado pelo poder público.

O Slam Subversão acontece sempre no segundo domingo do mês, no período da tarde, na praça dos Skatistas em Ourinhos.

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