Ourinhos, mostra a tua cara: Sessão da Câmara expõe forma de fazer política na cidade

Já dizia o músico Cazuza, em seu sucesso “Brasil“: “Não me convidaram pra essa festa pobre que os homens armaram pra me convencer”. E foi assim a sessão da Câmara Municipal de ontem, dia 15. O povo não foi convidado, e a armação teve início na sessão anterior, onde os vereadores chamados “da base governista” tentaram parar com a CPI que eles mesmos haviam criado para investigar a tentativa de extorsão da qual o empresário Ricardo Xavier Simões se diz vítima.

Além disso, a Câmara de vereadores, “programada para só dizer sim”, também queria cassar o vereador Vadinho (PSDB), relator da CPI e que teria incentivado o empresário a fazer a denúncia na Polícia Federal. O motivo da cassação seria uma denúncia apresentada por um funcionário público da SAE, Márcio Roberto Fermiano, que ocupa função de confiança (indicação política). Quem conhece o denunciante sabe que ele é incapaz de escrever o texto apresentado, e seus comentários nas redes sociais se resumem a elogiar descaradamente o prefeito.

Márcio e o prefeito Lucas. | Foto: redes sociais

O presidente da Câmara, Alexandre Enfermeiro (PSD), decidiu colocar em votação a denúncia apresentada por Fermiano antes mesmo de discutir a questão. O texto se refere a um áudio que comprovaria a participação de Vadinho em uma “armação” para incriminar o prefeito. A gravação está inaudível e não foi periciada para averiguar sua veracidade. Após pedido do acusado, Alexandre lhe concedeu 10 minutos para sua defesa.

O vereador Edvaldo Lucio Abel (Vadinho) só conseguiu participar da reunião de ontem graças a uma liminar, já que a denúncia pediu sua cassação e convocação do suplente, André Paladino. “Se não fosse a Justiça eu nem estaria aqui para me defender. É muito grave o que está acontecendo no poder legislativo ourinhense”, diz o vereador.

“Estão destruindo a imagem do legislativo”, protestou Vadinho. | Imagem: captura de tela TV Câmara

Continuando com Cazuza: “Grande pátria desimportante, em nenhum instante em vou te trair” – colocada a proposta em votação, o resultado foi o que todo mundo já sabia: governo 10 x 04 oposição. Votaram a favor da aceitação da denúncia: Abel Fiel, Alexandre Enfermeiro, Anísio Felicetti, Cido do Sindicato, Caio Lima, Carlinhos do Sindicato, Eder Mota, Sargento Sérgio, Raquel Spada, Santiago Lucas. Votaram contra a aceitação denúncia: Alexandre Zóio, Cícero Investigador, Vadinho e Flavinho. Companheiro de partido de Vadinho, o médico Dr. Salim Mattar não participou da sessão, pois sofrerá uma cirurgia amanhã, em São Paulo.

O presidente da Câmara abriu a palavra para justificativa de voto para todos os vereadores. Cada um teve dois minutos: “Essa sessão está na história da nossa cidade como uma farsa armada, uma situação onde um vereador recebe uma denúncia e é impedido de fazer seu papel, de fiscalizar. Vereadores da base, da base da vergonha, aceitam uma situação dessas. Conheço muitos dos vereadores, e tenho certeza que não gostariam de estar votando dessa forma, mas a mão do executivo aqui no legislativo está muito pesada. Essa situação é uma vergonha”, lamentou o vereador Flavinho.

“A denúncia é ilícita e inconstitucional, e não tenho dúvida que iremos judicializar essa questão”, criticou Cícero.

O presidente da CPI da Delfim Verde, Cícero Investigador, disse que “a Câmara é totalmente aparelhada pelo Executivo”, e que o precedente aberto pela Casa atinge a todos os vereadores. “Não se pode questionar, exercer o trabalho de fiscalizar. É uma tristeza muito grande, mas justiça será feita”, finalizou Cícero.

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Vereadores que apoiam o prefeito Lucas Pocay (PSD) também justificaram o fato de aceitar a denúncia contra Vadinho e sua saída como relator da CPI: “Estou tranquilo com minha decisão e não sou pau mandado”, disse Anísio Felicetti. Sargento Sérgio opinou que: “A CPI era um desejo unânime nessa Casa, diferente de uma acusação que acho que foi orquestrada pela oposição, fruto de armação política e com nítidos objetivos eleitorais”. Caio Lima argumentou dizendo que “votou com consciência”.

Foram então escolhidos por sorteio os vereadores que irão compor a Comissão Processante que vai analisar a denúncia apresentada por Márcio Fermiano. Participarão os vereadores Salim Mattar (PSDB), Eder Mota (MDB) e Flávio Ambrozim (PL).

Sorteio dos integrantes da Comissão Processante. | Imagem: captura de tela TV Câmara

Não poderia ficar melhor para o vereador Vadinho, já que Salim e Flavinho fazem parte do bloco de oposição ao prefeito Lucas Pocay, e deverão investigar a fundo as acusações contra Vadinho, partindo do fato de que o uso dos áudios, vazados ilicitamente, é inconstitucional.

Na sequência, o vereador Santiago Lucas (DEM), fiel defensor do prefeito Lucas Pocay, pediu mais uma vez que a Câmara suspendesse os trabalhos da CPI até o julgamento final de Vadinho. Após reunião entre os líderes de partido, ficou decidido que a CPI continuaria os trabalhos. Só sobrou para Santiago ter que retirar seu pedido.

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A tentativa do prefeito Lucas Pocay de “embananar” o cenário político tumultuado pela acusação contra ele feita pelo empresário Ricardo Simões deu com os burros n’água. Se os vereadores da situação aceitaram participar da cena montada para acabar com a CPI e afastar o vereador Vadinho, devem estar frustrados, porque a estratégia não deu certo e expôs toda a fragilidade do Legislativo ourinhense.

O empresário Ricardo Simões, autor da denúncia contra o prefeito Lucas Pocay que motivou a criação da CPI, será ouvido nesta quinta-feira, às 9 horas, na Câmara. Vadinho segue como relator da Comissão.

Enfim, como dizia Cazuza, seria bom “saber quem paga pra gente ficar assim”.

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