Como era Ourinhos há 50 anos: mapa revela uma cidade rural e cercada de café

Ilustração por IA a partir de foto de Francisco de Almeida Lopes. | Jornal Biz

Por Bernardo Fellipe Seixas

Mapa do IBGE mostra um município com cheiro de cana, aroma de café e muito chão de terra batida

Em 1973, Ourinhos ainda era uma cidade com os dois pés fincados no campo. O que hoje é uma mancha urbana pulsante, há pouco mais de 50 anos era cercado por plantações de cana-de-açúcar e café, rios sinuosos e propriedades rurais que modelavam o relevo suave da região. Um mapa elaborado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e reeditado naquele ano revela a geografia e a alma de uma cidade em transição — da enxada para o asfalto, da porteira para o portão.

JornalBiz.com

Segundo dados do Censo de 1970, Ourinhos abrigava 49.221 habitantes, número modesto diante da pujança agrícola que a região já apresentava. O prefeito era Rubens Bortolocci, e o município já era considerado estratégico por sua posição fronteiriça com o Paraná, cortado por ferrovia e a recém-ampliada rodovia Raposo Tavares.

Cana, café e chão vermelho

A análise do mapa mostra o predomínio de lavouras de cana-de-açúcar, especialmente ao norte e oeste do núcleo urbano. Os talhões organizados em faixas e retângulos demonstram uma agricultura já mecanizada. O café, por sua vez, ocupava áreas em declive mais suave, típico das encostas a leste da cidade, onde as manchas de verde se confundem com os traços finos das curvas de nível.

Apesar de Ourinhos já ser polo regional, a cidade era rodeada por sítios, fazendas e pastagens, e bairros hoje populosos como Jardim Matilde, Itamaraty e Parque Minas Gerais sequer aparecem no mapa, ou figuram como pequenas formações dispersas. O centro urbano é compacto, com vias principais já delineadas, mas rodeado por longas áreas agrícolas e mata esparsa.

Trilhos, rios e a promessa da energia

Outro destaque do mapa é a presença marcante da linha férrea, que cruza a cidade no sentido norte-sul, conectando Ourinhos a cidades do interior paulista e do norte do Paraná. A estação ferroviária, então central na economia local, era um ponto de escoamento para a produção agrícola e de chegada de mercadorias, antes do predomínio do transporte rodoviário.

Ao sul, o Rio Paranapanema já aparece represado, sinal da recente implantação da Usina Hidrelétrica de Chavantes, concluída no início da década. O espelho d’água da represa e o traçado sinuoso do Rio Pardo completam o cenário natural que, aos poucos, começava a ser transformado por barragens e pontes de concreto.

Território ainda rural

A comparação com os limites urbanos atuais impressiona: o mapa de 1973 (abaixo) mostra uma Ourinhos com muito mais área rural do que urbana. A cidade ainda cabia em poucas quadras e seu crescimento era contido por estradas de terra e cercas de arame farpado. Mas a presença da ferrovia, da hidrelétrica e da Raposo Tavares já indicava o que viria: um ciclo de urbanização acelerado, expansão industrial e crescimento populacional constante nas décadas seguintes.

Mapa de Ourinhos, ano 1973 | Reprodução IBGE

Onde era o quê: o mapa antigo e os bairros de hoje

Para o leitor se situar melhor, é possível cruzar o que mostra o mapa de 1973 com os bairros que hoje formam o corpo da cidade:

  • Ao norte, as grandes plantações de cana e café ocupavam áreas que hoje abrigam os bairros Guaporé, Jardim Josefina e Vila Brasil. À época, tudo ali era chão batido e lavoura.

  • Ao sul, a expansão urbana ainda não havia alcançado as regiões onde hoje estão o Jardim Itamaraty, o Pacheco Chaves e a Vila Musa. Na década de 70, essas áreas eram cortadas por estradas de terra e serviam, majoritariamente, para cultivo e pastagem.

  • Na porção leste, que inclui hoje o Jardim Europa, o Recinto da FAPI, a Vila Sândano e o São Carlos, predominava o relevo suavemente ondulado, com faixas de mata e lavouras de café. O mapa mostra terrenos amplos e pouco ocupados, com traçados rudimentares.

  • Já a oeste, onde atualmente se localizam bairros como Jardim Santos Dumont, Santa Fé e Nova Ourinhos, o cenário em 1973 era de propriedades rurais e pequenos sítios margeando a represa de Salto Grande, recém-formada na época.

Clique para ver o mapa atualizado e ampliado.

Essa transposição de nomes ajuda a entender o salto da cidade: o que antes eram glebas de produção agrícola e espaços vazios, hoje são bairros consolidados, com escolas, comércios, igrejas, campos de futebol e ruas asfaltadas.

  • Clique aqui para ler outras matérias sobre a história de Ourinhos.
  • Quer ver os conteúdos do Jornal Biz em primeira mão? Clique aqui e entre para o nosso grupo no WhatsApp.

CURTA O JORNAL BIZ NO FACEBOOK
Instagram @JornalBiz
Twitter @jornal_biz

Inscreva-se no canal Jornal Biz no Youtube