O número de contaminados pelo novo coronavírus em Ourinhos só cresce. Acompanhar o boletim diário divulgado pela Prefeitura é constatar o que se percebe em uma rápida volta no centro da cidade: Com o afrouxamento das regras, os casos aumentaram. E agora, com o comércio aberto e as ruas cheias, quem segura o vírus?
Tudo começou com a pressão da Associação Comercial e Empresarial (ACEO) para que as lojas voltassem a funcionar nos dias que antecederam ao domingo das mães, 10 de maio. Para isso, a Prefeitura teve que “fechar os olhos” para o decreto emitido por ela própria, determinando o fechamento do comércio. Desde então, com a aquiescência da Prefeitura, as lojas foram voltando a funcionar, e o número de contaminados disparou.
Desde o início da epidemia, o prefeito Lucas Pocay (PSD), como é de seu perfil, optou por ser o protagonista das ações municipais de enfrentamento ao vírus. A população ourinhense praticamente não ouviu técnicos da Secretaria de Saúde ou epidemiologistas falando sobre a realidade da cidade. Não se pode negar que houve a realização de ações preventivas como a instalação de hospitais de campanha pela Prefeitura Municipal. No início da pandemia em Ourinhos a Prefeitura divulgou a lavagem das ruas próximas a locais de aglomeração com água clorificada, mas a ação está diminuída. Também não se percebe a ação dos fiscais da Prefeitura coibindo aglomerações ou fiscalizando uso de máscaras. Até a entrada de famílias inteiras em supermercados é cena comum em vários estabelecimentos.
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Para enfrentar a maior crise da nossa história, Ourinhos realizou pouquíssimos testes. Se contabilizarmos os testes positivos e negativos realizados, apontados nos boletins da Prefeitura, chegamos ao número de 316 pessoas testadas, número irrisório em uma cidade com mais de 110 mil habitantes. As informações divulgadas a respeito do número de contaminados tem sido falha. Não se realizam estatísticas apresentando sexo e a idade dos pacientes. O mapeamento dos casos por bairro é divulgado sem periodicidade.
O Jornal Biz enviou algumas questões para a assessoria de comunicação da prefeitura, mas não houve resposta até o fechamento dessa reportagem. Perguntamos:
- A Prefeitura tem atualizado o número de testes Covid19 feitos em Ourinhos?
- Quantos testes a Prefeitura recebeu do Ministério da Saúde? E do Governo do Estado? Quantos foram comprados com recursos próprios?
- As instalações para pacientes Covid19 no Idhal (antigo hospital psiquiátrico) estão prontas? Há previsão para início de operações?
Com um número de contaminados só crescendo (temos mais que na cidade de Marília) e ontem contabilizando 143 pessoas, tem-se a impressão que o prefeito Lucas desistiu de insistir nas regras de isolamento social. Com a possibilidade de ser candidato à reeleição, ele parece ter optado por não “bater de frente” com os comerciantes. Segue as orientações do governo do Estado para não parecer que a decisão impopular é sua, e relaxa na determinação de fiscalização.
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Com tantas informações objetivas pela mídia, insistindo no fato de que o número de contaminados aumenta quando as pessoas se aglomeram, em Ourinhos o comércio abriu justamente quando o boletim divulgado diariamente mostrava o crescimento dos casos.
O médico e neurologista Miguel Nicolelis, em entrevista ao site UOL esta semana, disse que “A quantidade de erros no combate à epidemia vai ficar para a história. A gente vai contar essa história daqui a 50 anos e os erros crassos vão ser tão claros que as pessoas vão ler o livro e dizer “eu não acredito nisso aqui”.
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