Às vésperas de um novo posicionamento da Prefeitura, esperado para a noite de hoje, comerciantes de Ourinhos vivem a expectativa pela reabertura de seus estabelecimentos, fechados por determinação do prefeito Lucas Pocay (PSD) desde a última quarta-feira, 13. Somente atividades econômicas consideradas essenciais estão sendo permitidas.
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Pocay foi o primeiro prefeito do Estado de São Paulo a regredir o município para a fase vermelha do Plano SP de flexibilização das atividades econômicas, mesmo quando o governo estadual colocava Ourinhos na fase laranja. Nos dias seguintes, governantes de diversas cidades seguiram o mesmo caminho. O argumento para a imposição de mais restrições é o alto nível de novos contaminados e as UTI’s lotadas. No dia 15, o governo estadual rebaixou para a fase vermelha a região de Marília, e colocou Ourinhos e outras 42 cidades do estado em situação de alerta.
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Desde a véspera do fechamento, comerciantes se articulam em grupos de WhatsApp para pressionar Pocay pela reabertura. Carreatas foram realizadas e um caminhão de som anda pelos bairros com uma mensagem ressaltando a necessidade da volta das atividades comerciais. Reeleito nas últimas eleições com 65% dos votos, o prefeito puxou para si o desgaste político. Mas e os vereadores ourinhenses, o que pensam? Nas redes sociais, silêncio total até dos integrantes da base governista. Seria o recesso parlamentar ou medo das opiniões contrárias?
Um dia após o fechamento, Lucas Pocay publicou em rede social, sem mostrar a origem dos dados, que “99% concordavam com as medidas adotadas”. Uma enquete criada no Instagram @JornalBiz mostrou que 78% aprovavam a atitude de Pocay. Vale lembrar que nem enquete em rede social, muito menos a própria opinião, servem como dado estatístico e pesquisa.
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Há uma semana, o Jornal Biz entrou em contato com todos os vereadores através de mensagem de WhatsApp, e perguntou o posicionamento de cada: a favor ou contra o decreto municipal? Também abrimos espaço para que cada um argumentasse sua decisão, garantindo a publicação na íntegra do material que nos fosse enviado.
Infelizmente, a maioria dos vereadores não demonstrou compromisso em expor o que pensa aos seus eleitores, e ficou em cima do muro.
A vereadora Nilce Protetora dos Animais (PSD) respondeu ser favorável ao decreto, e justificou: “Vivemos um momento crítico, não temos leitos para internação, as pessoas não usam máscara adequadamente ou nem usam, muita aglomeração. Essa medida é uma forma de conter o vírus, infelizmente o comércio será afetado, mas todos sofremos com isso. A vida vem em primeiro lugar, a prefeitura arca sozinha com os custos do hospital covid, que está lotado, e esperamos que tudo passe logo. Cada um deve fazer sua parte para que tudo acabe bem para todos nós”!
Para o vereador Cícero Investigador (Republicanos), o comércio não é o responsável pelo grande aumento de casos do Covid19. “No período das eleições a pandemia ficou em segundo plano. Todos os candidatos, sem exceção, mantiveram contatos com inúmeras pessoas, foram realizadas reuniões com centenas de pessoas e a população viu isso nas redes sociais. Os salões de festas do Pedrão Queijeiro foram palco de muitas dessas reuniões. Os “pagodes” também funcionaram; quantas pessoas foram registradas nesses eventos?
Não acho que devemos apontar o comércio como grande vilão desse aumento da contaminação. Comerciantes e funcionários deveriam continuar trabalhando, tomando todos os cuidados para a prevenção. No início se restringiu horários, o que mostrou ser um grande equívoco, pois as pessoas tinham menos tempo para fazer suas compras, e isso aumentou a exposição ao vírus.
Tudo da pandemia é muito novo para nós, mas o fato é que a corda sempre arrebenta do lado mais fraco: vamos ter que pagar IPVA, IPTU, Taxa de Publicidade e outros tantos impostos sem descontos ou parcelamentos a mais, em virtude do vírus. Nos tornamos um verdadeiro experimento no meio a tantas decisões políticas”.
Novato na cargo mas com experiência na política ourinhense, Gil Carvalho (PL) tem linha de raciocínio semelhante:
“Não acho que deveria fechar totalmente, e sim aumentar a fiscalização e punir exemplarmente aqueles que não estão seguindo as orientações da Prefeitura. Talvez seria interessante diminuir o horário de funcionamento, com um sistema de rodízio entre os segmentos, como está acontecendo em outras cidades. Porém, o prefeito estabeleceu o decreto para seguir uma recomendação do Ministério Público, e poderia ser judicialmente penalizado se não acatasse, como declarou aos meios de comunicação. Também segue recomendações do Comitê Técnico do COVID. Acho que outras instituições, como a ACE, Câmara Municipal, sindicatos e associações deveriam fazer parte deste Comitê, para discutir essas decisões tão importantes para todos ourinhenses”.
Independente de opinião favorável ou contra o fechamento do comércio, o pequeno número de vereadores dispostos a responder ao Jornal Biz sobre o tema é uma temeridade. Se existe alguém que pode estimular a discussão política é o vereador eleito. Como o assunto diz respeito à epidemia que já matou mais de 60 ourinhenses, é de se lamentar a omissão. Do que tem medo os nobres edis? Querer agradar a todos neste momento não é o caminho.
Nos últimos quatro anos, o legislativo ourinhense viveu à sombra do executivo, e nas redes sociais virou motivo de piada com a Câmara Municipal sendo chamada de “Casa dos Parabéns”, pelo excesso de troca de elogios entre os vereadores e falta de interesse em investigar a fundo os principais problemas da cidade.
A falta de posicionamento independente com o prefeito, que se negou durante todo o mandato até a responder requerimentos de informações aprovados por unanimidade pela Câmara, é um indicativo do que pode continuar acontecendo até dezembro de 2024. Tomara que com o fim do recesso, no próximo 31 de janeiro, os vereadores passem a participar dos acontecimentos da cidade, sem medo de serem criticados por opiniões contrárias e em respeito à imprensa e aos votos que receberam de seus eleitores nas últimas eleições.
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