O centenário de Paulo Freire e a urgência de sua obra para o futuro do Brasil

Arte: AROEIRA

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por Redação Biz

A comemoração do centenário do nascimento de Paulo Freire, no último dia 19, tomou conta das redes sociais e das páginas dos jornais. Quem é professor sabe de sua importância, mas é necessário que o conhecimento de sua obra ultrapasse os profissionais da área.

Considerado o Patrono da educação brasileira, Paulo Freire inovou o processo de alfabetização, ensinando que a aprendizagem deve levar em conta os conhecimentos já trazidos pelos alunos. Assim, as frases das cartilhas de antigamente, como “Ivo viu a uva” podem parecer sem sentido para quem está aprendendo a ler. Do contrário, as primeiras palavras a serem ensinadas devem levar em conta o vocabulário e experiências do aluno, e não apenas os ensinamentos do professor.  Para o educador, a liberdade é a palavra chave na educação, e só através dela é possível entender os processos sociais em que estamos inseridos, e lutar por justiça social. É fácil entender porque ele incomoda tanto os autoritários.

Numa de suas obras mais conhecidas, o educador Paulo Freire afirma que “fazer a história é estar presente nela e não simplesmente estar nela representado”. Retirado de um dos três artigos publicados no livro A importância do ato de ler, o trecho revela a perspectiva que orienta a concepção de educação do pernambucano nascido na cidade do Recife, na segunda década do século passado. O livro, assim como boa parte de sua obra, conta com mais de cinquenta edições brasileiras e foi publicado também em diversos países.

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Mas o que mais chama a atenção, numa das tantas contradições da sociedade brasileira, é que no ano em que se comemora o centenário de seu nascimento e instituições do mundo todo enaltecem a relevância do seu trabalho, Paulo Freire passa por um processo de “apagamento”, propagado por quem mais deveria zelar pela integridade da sua contribuição no pensamento e na prática pedagógica no Brasil. As ações do governo comandado pelo capitão reformado do exército para deslegitimar Paulo Freire foram tão intensas que uma juíza da 27ª Vara Federal do Rio de Janeiro determinou que o governo brasileiro ficará proibido de atacar o “patrono da educação brasileira”, com previsão de multa em caso de descumprimento. A medida atendeu a um pedido do Movimento Nacional dos Direitos Humanos.

Google fez homenagem em comemoração ao centenário de Paulo Freire

Não é a primeira vez que Paulo Freire enfrenta o autoritarismo. O golpe militar que instaurou uma ditadura no Brasil em 1964, não apenas impediu que a experiência de alfabetização de adultos que o educador havia implantado em Angicos (RN) se expandisse pelo país, como fez com que seu criador fosse preso e forçado a se exilar no Chile. No período de exílio, participou de experiências educacionais em outros países, publicou livros e se tornou uma referência mundial. Retornou ao Brasil com a anistia decretada em 1979. Foi ainda secretário de Educação de São Paulo no governo da prefeita Luiza Erundina.

Paulo Freire publicou mais de 20 livros, traduzidos em vários países. Considerada sua obra mais importante, Pedagogia do Oprimido foi publicado em 1968 e ganhou traduções em 20 idiomas. Em 1997 publicou Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa, com mais de 1 milhão de exemplares vendidos. Em clara contradição com o discurso negativo do governo federal, a obra de Paulo Freire permanece como tema de seminários e eventos voltados à educação, e seu legado o mantém na posição de educador brasileiro mais lido no mundo.

No momento em que a educação brasileira sofre com a diminuição de investimentos, da implantação do equivocado projeto das chamadas “escolas cívico-militares”, além de um viés religioso que beira o fundamentalismo, torna-se urgente a retomada de uma discussão sobre os rumos da educação no país. A obra de Paulo Freire permanece indispensável nesse processo.

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