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Conteúdo original Jornal Biz
Muitos ourinhenses circulam pela rodoviária diariamente, mas poucos sabem que aquele local já foi o campo de treinamento de um esporte que hoje nem é mais praticado na cidade. Até o final dos anos 1970, aquela área abrigava o campo de beisebol da colônia japonesa da cidade.
Mais do que simples lazer, o beisebol era levado a sério pelos descendentes de japoneses.Tanto é que equipes ourinhenses chegaram a conquistar dois títulos brasileiros: em 1971, com a equipe infantil; em 1974, com a equipe mirim.
O técnico era o médico Takashi Masuda, que também foi jogador e chegou a atuar no Clube Pinheiros de Curitiba, quando ainda cursava a faculdade de medicina. Uma fotografia da conquista de 1974 mostra o time desfilando pela cidade em um carro do Corpo de Bombeiros, exibindo o troféu da vitória.
Na gestão do prefeito Aldo Matachana Thomé (1977-1983) após uma negociação com a Associação Esportiva e Cultural de Ourinhos – AECO, entidade que representa a colônia japonesa, a área foi transferida para a prefeitura com o objetivo de construir o Terminal Rodoviário de Passageiros.
O fim do campo de beisebol da Vila Perino desmotivou os jogadores e o esporte foi abandonado. Com o tempo, outro esporte foi conquistando o gosto dos mais velhos: o Gateball, que é praticado até hoje na sede da AECO Campo, instalada no Jardim Santa Fé.
Os imigrantes japoneses chegaram ao Brasil em 1908 para trabalhar nas lavouras de café, e logo se espalharam pelo interior do país. A construção da estrada de ferro e a existência de terras férteis atraiu a atenção dos primeiros japoneses que chegaram nesta região. Com ambições maiores, muitos arrendaram terras para o plantio de algodão, frutas e hortaliças, formando alguns dos primeiros bairros rurais de Ourinhos, conhecidos como Sobra, Águas do Jacu, Mundo Novo, entre outros. Para organizar a comercialização desses produtos, os imigrantes fundaram a Cooperativa Agrícola de Ourinhos, em 1940.
Durante a Segunda Guerra (1939-1945) o Japão se aliou à Alemanha e o Brasil rompeu relações diplomáticas com o país. Os imigrantes japoneses sentiram os efeitos do conflito mundial. O presidente Getúlio Vargas adotou medidas determinando que empresas e entidades dirigidas por japoneses passassem a ser administradas por brasileiros, e por isso, em Ourinhos eles tiveram que deixar a direção da Cooperativa Agrícola. As perseguições aos japoneses incluíam ainda o batismo forçado na igreja católica e o fechamento da escola japonesa que existia na cidade.
A primeira metade do século 20 é o período no qual se registra a maior quantidade de imigrantes chegando ao país. Entre 1904 e 1933, mais de 140 mil japoneses aportaram em território brasileiro. Com o final da guerra, entre 1945 e 1955, mesmo com a diminuição desse fluxo migratório, cerca de 34 mil pessoas vieram do Japão para tentar a sorte no Brasil. No início dos anos 2000, Ourinhos contava com cerca 500 famílias de origem japonesa, um número significativo para uma cidade que na época registrava quase 94 mil habitantes.
Os imigrantes desempenharam importante papel no desenvolvimento de Ourinhos, mas a colônia japonesa sempre se destacou pela capacidade de organização e colaboração entre seus membros.
Prova disso foi a fundação da AECO em março de 1951, na mesma Vila Perino. Torataro Tone foi o primeiro presidente da entidade. Em 1958, durante o tradicional desfile de 7 de setembro, houve uma participação especial dos integrantes da colônia.
Representando o cinquentenário da imigração, um caminhão F600, dirigido por Hissao Kobata, trazia uma reprodução do navio Kasato Maru, que trouxe os primeiros imigrantes ao país.
A culinária japonesa é conhecida dos ourinhenses. O yakisoba é servido nas festas realizadas na sede da AECO, e durante a FAPI. Mas o que poucos sabem é que a relação da colônia japonesa com a FAPI começou bem antes disso.
Com o objetivo de expor sua produção agrícola, os japoneses foram responsáveis pela primeira edição da feira realizada em 1967, no Ginásio de Esportes “Monstrinho”.
Em 2008, acompanhando as comemorações oficiais do centenário da imigração japonesa no Brasil, Ourinhos foi palco de uma intensa programação cultural, com a realização de shows, exposições e lançamento de livro, um importante reconhecimento da valiosa contribuição dos imigrantes e de seus descendentes para o desenvolvimento da cidade.
Uma escultura criada pelo artista José dos Santos Laranjeira foi instalada na praça em frente à rodoviária, para comemorar o centenário da imigração e homenagear o esporte que foi praticado ali pelos japoneses durante muitos anos. A obra reproduz um ideograma japonês que representa a ideia de “força”, traduzindo acertadamente o espírito desses imigrantes.
A série 100 Anos Ourinhos tem o apoio da Fundação Educacional Miguel Mofarrej. Faça parte desse importante registro histórico sobre o primeiro centenário ourinhense. Fone (14)99888-6911.
Série 100 Anos Ourinhos
Para produzir este texto, a Equipe Jornal Biz pesquisou em “Um olhar sobre a presença japonesa em Ourinhos”, organizado por Neusa Fleury e Marco Aurélio Gomes, publicado em 2008 pela Prefeitura de Ourinhos durante as comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, (disponível em https://pt.scribd.com/document/103407009/Um-Olhar-Sobre-a-Presenca-Japonesa-Em-Ourinhos); “Redes sociais e migrações laborais: múltiplas territorialidades. A constituição da rede nipo-brasileira em Ourinhos (SP) e no Japão”, tese apresentada pela professora Lirian Melchior em 2008 na Unesp-Presidente Prudente (SP); Jornais “A Voz do Povo” (01/10/1938 e 23/10/1948) e “Diário da Sorocabana” (05/06/1958), (disponíveis em http://www.tertuliana.com.br/docs).
Fotos históricas: Acervo Tutomu Hayachida; Acervo Museu Municipal de Ourinhos.
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