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por Bernardo Fellipe Seixas
Na sessão da Câmara de Ourinhos da última segunda-feira, 12, a vereadora Raquel Spada (PSD) usou a tribuna para defender a sua participação na Comissão de Assuntos Relevantes (CAR) criada pelo Legislativo para investigar possíveis casos de “fura-fila” em Ourinhos. Minutos antes, o vereador Cícero Investigador (Republicanos) havia pedido que vereadora não participasse da CAR, por ter sido envolvida em um caso semelhante ao do objeto da CAR.
Entenda o caso – Desde 10 de fevereiro, quando esteve no drive thru de vacinação instalado no estacionamento do ginásio do Monstrinho, e publicou vídeos e fotos com a equipe de vacinação, Raquel Spada enfrenta boatos de que teria sido imunizada irregularmente. Naquele dia, a vereadora publicou em seu Facebook uma foto ao lado de profissionais de saúde, com texto informando datas para vacinação. O que chamou a atenção foi um suposto cartão de vacinação em sua mão. Na época, Spada disse que se tratava de uma folha de caderno com telefones anotados.
O laudo do Laboratório Ourilab exibido por Raquel Spada em pronunciamento transmitido ao vivo pela TV Câmara, no último dia 12, aponta que a vereadora fez a coleta de sangue no dia 12 – o resultado ficou pronto no mesmo dia – e mostra que ela não possui imunidade para SARS COV2: valor de referência menor do que 3,80 AU/ml para “anticorpos neutralizantes para SARS COV2”, equivalente à “ausência de imunidade”. No item “Nota 1”, o parecer diz que “este exame não discrimina resposta vacinal ou de exposição viral”. E continua: “A dinâmica da resposta imunológica após a vacina depende de alguns fatores como: tipo de vacina utilizada e estado imunológico do paciente”.
Além da questão técnica e laboratorial do exame, outros fatores criaram um novo fato ao se observar detalhes do exame: a possibilidade da Prefeitura de Ourinhos ter custeado o exame de Raquel.
O laudo da Ourilab exibido pela vereadora durante a sessão informa que a origem da paciente é o CS1 Ourinhos-UBS (Posto Central – Postão), e o campo que deveria indicar o médico que solicitou o exame está em branco. Como contratante está a Prefeitura de Ourinhos (Convênio PMO Covid II). A data de entrega do exame é do dia 12.
Vale ressaltar que os laudos de exames realizados pela Ourilab para a população ourinhense, pagos pela Prefeitura de Ourinhos possuem preenchimento “PMO COVID” no campo Convênio.
Consultas feitas pelo Jornal Biz junto a laboratórios de Ourinhos mostram que o custo do exame pode variar entre R$149 e R$472. A Ourilab é a única empresa em Ourinhos que entrega o resultado no mesmo dia. No Laboratório Dr. Monzillo o prazo é de até 12 dias, e no Santa Paula, três dias.
Por meio de troca de mensagens de aplicativo, Raquel Spada disse ao Jornal Biz que o exame foi feito sem solicitação médica e pago com cheque nominal à Ourilab. Quando solicitamos cópias do exame e do pagamento, a vereadora disse que estávamos “passando dos limites”. Mesmo com a negativa de Raquel, o Jornal Biz conseguiu acesso ao cheque.
Em conversa por telefone, um funcionário do Laboratório Ourilab relatou que o preenchimento do contratante do exame como “Convênio PMO” teria sido um erro da empresa, e confirmou que a vereadora pagou pelo exame em cheque, no dia seguinte (13). A nota fiscal do serviço foi emitida ontem (14).
O colaborador também disse que ontem foi emitido um novo laudo da análise, com o campo do contratante como “Particular”. A origem do paciente também é diferente do exame mostrado na sessão da Câmara do último dia 12, e agora diz “PCD3” em vez de “CS1 OURINHOS-UBS”. O número da matrícula também não está mais em branco. A data da entrega passou do dia 12 para 14.
Confira abaixo os dois laudos do exame para anticorpos neutralizantes para SARS CoV2 da vereadora Raquel Spada:
Contradição – Em fevereiro, quando o boato da suposta “furada de fila” da vereadora ganhou repercussão, o Jornal Biz entrou em contato com Raquel, e ela informou que na verdade segurava “uma folha de caderno” e seu aparelho celular. O assunto foi publicado na Canetada do dia 15 de fevereiro. Na última sessão da Câmara, porém, a vereadora mudou a versão, dizendo que tinha em mãos um cartão de vacinação, que teria usado como rascunho para anotar números de telefones para informações sobre a vacinação.
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