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por Bernardo Fellipe Seixas
Capitão Augusto, Arnaldo Jardim, Marcos Pereira, Luiz Carlos Motta, Paulinho da Força e Tiririca são alguns dos parlamentares que recebem votação expressiva na região e se posicionaram a favor do “Pacote do veneno” da bancada ruralista
A Câmara dos Deputados aprovou na última semana o projeto que ficou conhecido como “Pacote do veneno”. A medida flexibiliza as normas que tratam da adoção de agrotóxicos no país, facilita a abertura do mercado para novos pesticidas e abre a porteira para “passar a boiada” com o uso legalizado de substâncias que há anos são proibidas nos países de origem. A articulação política foi liderada pela bancada ruralista.
A partir de agora, quem vai fiscalizar o uso de pesticidas no país é o Ministério da Agricultura. Em entrevista ao site UOL, a ex-Ministra do Meio Ambiente Marina Silva afirmou que “Ainda que seja feito o discurso da modernização, da ciência, na verdade o que estão fazendo é tirar o Ibama e a Anvisa do processo de decisão em relação à liberação desses agrotóxicos”, apontou, citando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
O Governo Bolsonaro tem batido recordes sequenciais de liberação de veneno para utilização nas lavouras. Em 2021, houve autorização para 585 novos produtos, segundo o Ministério da Agricultura. Em 2020 foram 493, e em 2019 os ruralistas conseguiram aprovação para 475 substâncias desta natureza. É mais veneno na mesa do brasileiro.
O Congresso ficou com o “pacote do veneno” durante 20 anos engavetado, mas enxergando a fraqueza política do Palácio do Planalto, os deputados sentiram que seria o momento ideal para a polêmica proposta ser aprovada, como aconteceu em sessão de urgência na última quarta-feira (9).
Os agrotóxicos são substâncias utilizadas para o controle de pragas nas lavouras, mas seus potenciais maléficos para a saúde das pessoas e do meio ambiente vêm sendo cada vez mais ressaltados e estudados. O uso de controle biológico é uma alternativa, mas ainda insuficiente para atender toda a produção agrícola mundial.
Segundo Marina Silva, com a grave situação climática que já estamos vivenciando, com longos períodos de seca, alteração nas temperaturas ou muita chuva, “a aprovação de um projeto como esse pode ser visto como um perigo à saúde pública”, já que a população será a vítima com a contaminação dos alimentos que consome.
Veja abaixo como votaram os deputados paulistas no “Pacote do Veneno”:
Votaram a favor do “Pacote do veneno” vários deputados que frequentemente buscam votos na região, como Capitão Augusto, Arnaldo Jardim, Baleia Rossi, Eduardo Bolsonaro, Carla Zambelli, Joice Hasselmann, Kim Kataguiri, Luiz Carlos Motta, Marcos Pereira, Paulinho da Força, Pastor Feliciano e Tiririca, entre outros.
A bancada ruralista não conseguiu cooptar 25 parlamentares paulistas, entre eles alguns com atuação em Ourinhos e região, como Alexandre Padilha, Arlindo Chinaglia, Eduardo Cury, Ivan Valente, Jefferson Campos, Orlando Silva, Rodrigo Agostinho, Rui Falcão, Sâmia Bomfim e Vicentinho.
Brasil: paraíso dos agrotóxicos
Há 10 anos o Brasil se tornou o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e a maioria dos produtos utilizados por aqui já são proibidos em países europeus e norte-americanos. De acordo com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Abrasco, aproximadamente 70% dos alimentos in natura consumidos no País estão contaminados por algum tipo de agrotóxico. Recentemente, o Instituto Nacional do Câncer, INCA, concluiu um estudo inédito no País, que investiga a relação entre o uso de agrotóxicos e o surgimento de um tipo de câncer no sangue, cujo prevalência tem crescido nos últimos anos em todo o mundo. Foram analisadas as substâncias 2,4-D, diazinona, glifosato e malationa, que foram relacionadas a esse tipo de câncer. O glifosato e o 2,4-D são os dois agrotóxicos mais utilizados no Brasil. O glifosato é classificado como “pouco tóxico”, pois só é considerado o risco do contato imediato com o produto, mas segundo Márcia Sarpa de Campos de Mello, que é uma das autoras da pesquisa:
“A toxicidade aguda é a pontinha do iceberg, o problema maior está na toxicidade crônica, aquela relacionada à exposição frequente a pequenas doses do produto. Entre os efeitos conhecidos da toxicidade crônica estão problemas de fertilidade, de desenvolvimento do feto, de má formação congênita, de desregulamentação endócrina, de mutações e de variados tipos de câncer”.
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva, Abrasco, e a Associação Brasileira de Agroecologia, ABA, já haviam escrito um dossiê sobre os malefícios dos agrotóxicos. De acordo com Paulo Petersen, vice-presidente da ABA é preciso desmentir informações amplamente difundidas na sociedade. “Uma das principais narrativas do que a gente chama de falsa verdade é a que o agrotóxico é um mal necessário. Essas são afirmações que confundem o debate público. A agroecologia demonstra que isto não é verdade e que é possível produzir em qualidade, diversidade e quantidade sem uso de veneno. O agrotóxico é um elo de uma cadeia de alimentos que precisa ser rompido, mas as políticas públicas continuam induzindo para o fortalecimento desse modelo”.
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