Cidade do norte do Paraná “guarda” fósseis raros e parte da geologia mundial

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O município de Guapirama, distante 79 quilômetros de Ourinhos, guarda dezenas ou até centenas de fósseis importantes para a geologia mundial. Recentemente, uma expedição organizada pela Atunorpi (Associação Turística do Norte Pioneiro do Paraná) realizou visitas técnicas para conhecer potenciais geossítios entre os municípios de Guapirama e Joaquim Távora, no norte do Paraná.

Os pesquisadores visitaram seis áreas nas cidades de Guapirama, Joaquim Távora e Ibaiti

A jornada contou com a participação do presidente da Atunorpi, Welington Bergamaschi, o consultor João Gouveia Cezar, o artista plástico e desbravador de atrativos naturais no Norte Pioneiro, Marcos Antônio de Almeida e os geólogos do Instituto Água e Terra, Gil F. Piekarz e Luís Tadeu Cava.

Welington Bergamaschi, presidente da Atunorpi

João Gouveia destacou a presença de vários fósseis em uma pedreira em Guapirama. “Existem fósseis tanto de vegetação quanto de animais. Foi possível encontrar fósseis de peixes inteiros, pequenos animais e plantas. No local há uma pedreira ativa, então o solo ‘trabalha’ muito”. Segundo Gouveia mesmo com a exploração comercial da pedreira, foi possível encontrar diferentes tipos de solo e muita turfa, “que é um solo mais escuro, mais rico em sais minerais para agricultura orgânica”, explicou.

Fóssil encontrado durante a expedição | Foto: Atunorpi

O geólogo Gil F. Piekarz também salientou a presença de fósseis no local e explicou a formação. “Ali existe uma mina de calcário em rochas da formação Teresina, do grupo Passa Dois, da bacia do Paraná. A formação Teresina é de um mar raso, sistema deltaico mais ou menos, onde se depositaram ali os carbonatos. Imagina um mar raso, um clima quente como o da região do nordeste do Brasil, depositando carbonato, antigos arrecifes, assim por diante”, explicou.

“Tem épocas que o mar sumia, então há fósseis marinhos e também de folhas, e assim por diante. Teríamos que encontrar na pedreira um nível com alta concentração de fósseis, que seria o ponto alto, pois só o calcário puro em si não justifica. Reservar um ponto que tenha fósseis do calcário e separar uma parte da pedreira para fazer geoconservação, e com isto abrir para o turismo”, frisou Piekarz.

Pedreira com lago, em Joaquim Távora | Foto: Atunorpi

Piekarz lembrou que este tipo de situação, onde há uma pedreira ativa e exploração turística, já existe no país. “Se não me engano a mina de Poti, da Votorantim, no Rio Grande do Norte, possui seleções muito interessantes de fósseis. A própria Votorantim contratou uma empresa para a pesquisa, e hoje tem visitação. É bastante viável ter a pedreira funcionando junto com o turismo”, explicou Gil.

Pesquisadores observam “paredão” em Joaquim Távora | Foto: Atunorpi

O artista plástico Marcos Antônio de Almeida lembrou que o município de Guapirama faz parte da geologia mundial. “Poucos sabem, mas o Paraná tem a sua parte na história na geologia mundial, na comprovação da teoria da Pangeia. Em Guapirama existe uma jazida de calcário onde foram encontradas espécies de répteis aquáticos pré-históricos conhecido como Mesossauros”, contou Marcos. “Se uma parte de jazida for preservada para a criação do geossítio seria muito bom para o município e para a história da geologia”, finalizou.

Espécime de mesossaurídeo preservado em carbonato, encontrado na região de Guapirama | Imagem: Atunorpi

“Estes animais [Mesossauros] atingiam um pouco mais de 1 metro de comprimento, apresentavam o corpo longo e esguio, com uma longa cauda utilizada como órgão propulsor, mãos e pés dotados de membranas interdigitais, cabeça pequena e afilada com boca munida de longos e finos dentes para captura de pequenos crustáceos.

Reconstituição de mesosaurus tenuidens | Imagem: Atunorpi

No Brasil, fósseis de mesossauros foram primeiramente encontrados em rochas escuras, betuminosas, na região do atual município de Irati-PR. A espécie mais comum de mesossaurídeo no Paraná é denominada de Mesosaurus tenuidens, que também é encontrado no continente africano. Por ocorrerem tanto na América do Sul como na África, eles foram um dos primeiros fósseis utilizados como evidência de que a América do Sul esteve ligada à África (teoria da Deriva Continental)”, diz trecho do livro “Fósseis do Paraná” de Fernando A. Sedor, do Museu de Ciências Naturais – UFPR.

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O consultor da Atunorpi, João Gouveia Cezar, destacou que espera que o local se torne parte do geossítio do Norte Pioneiro. “A área foi validada como possível geossítio, e é particular. Existe uma responsabilidade social e ambiental muito grande por parte dos proprietários, então acreditamos que no futuro poderemos ter algo em Guapirama semelhante ao que aconteceu no antigo Parque do Buda”, disse.

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A expedição com as visitas técnicas também passou por Joaquim Távora, onde foi visitado um local que apresenta potencial para compor o geossítio. “A pedreira de Joaquim Távora, uma das mais belas da região, tem um forte potencial para se tornar um geossítio e também um local como centro esportivo para a prática de vários esportes de aventura como escalada, rapel, bike entre outras modalidades”, disse Marcos Antonio de Almeida.

Rapel em pedreira | Foto: Atunorpi

Marcos destaca que a pedreira tem características únicas: “Possui um lago lindo, rodeado por paredões de aproximadamente uns 50 metros, que já recebeu evento de rapel. Poderia se tornar o primeiro centro de eventos para prática de esportes em rocha no Norte Pioneiro”, ressaltou.

Pedreira em Joaquim Távora | Foto: Atunorpi

O secretário de cultura e turismo de Joaquim Távora, Flávio Luís Ribeiro, o “Cuervo”, comentou sobre o local e destacou que já existem projetos na questão de geossítios. “Temos vários locais em relação a geossítios, mas estamos ainda iniciando esse trabalho e aos poucos vamos melhorando a infraestrutura para acessar esses pontos”.

*Com informações e imagens da Assessoria de imprensa da Atunorpi

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