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por Bernardo Fellipe Seixas / Jornal Biz
Postagem em rede social discrimina população LGBT, calunia candidatos a vereador e prefeito e mente sobre Marcha para Jesus
Embora a campanha eleitoral ainda não tenha começado oficialmente, o prefeito Lucas Pocay (PSD) já indica que seus posicionamentos serão marcados por ataques de baixo nível. Na última sexta-feira (26), ele compartilhou em seu Instagram uma publicação homofóbica e repleta de mentiras.
A postagem alega, de maneira caluniosa, que o candidato a prefeito Guilherme Gonçalves e o candidato a vereador Lucas Totty, ambos do Podemos, planejariam criar uma “Secretaria LGBT” em Ourinhos, e seriam contra a realização da Marcha para Jesus. O vídeo insinua que o “esquerdista Totty, defensor da Parada Gay em Ourinhos”, teria uma ‘relação antiga’ com Guilherme Gonçalves”. A publicação também mente ao afirmar que a “oposição tenta acabar com a Marcha para Jesus”, e usa um áudio de Totty, fora de contexto, extraído de um grupo de WhatsApp. O autor da postagem é Tiago Galan, funcionário da Prefeitura, que possui função de confiança na Secretaria de Governo.
Em entrevista ao Jornal Biz, Lucas Totty expressou sua decepção com o ocorrido. “É lamentável e inacreditável o que o atual prefeito é capaz de fazer para tentar se manter no poder. Fui seu apoiador no passado, todos sabem da minha longa trajetória de luta em defesa das causas da comunidade LGBTQIAPN+, e não vai ser isso que vai me incomodar”, declarou, afirmando estar com a documentação pronta para abrir processo criminal contra o autor do post e todos os que compartilharam.
Totty também comunicou o ocorrido ao presidente da Aliança Nacional LGBTI, Toni Reis. “Não vamos tolerar discurso de ódio. É jogo sujo para tentar ganhar votos, é crime. Vamos acionar o prefeito no Ministério Público, Tribunal Regional Eleitoral e Tribunal Superior Eleitoral”, afirmou Reis.
A tática covarde e indecorosa de Pocay em atacar adversários, sem citá-los nominalmente, é recorrente desde o início de seu primeiro mandato, em 2017. O prefeito generaliza como “oposição” qualquer pessoa que tenha ideias diferentes das suas. Nossa reportagem contatou três pré-candidatos a prefeito de Ourinhos, e todos afirmaram não serem contrários à Marcha para Jesus. Guilherme Gonçalves, Mário Ferreira e Toninho do PT também ressaltaram desconhecer qualquer ação para impedição do evento.
Citado na publicação, o vereador Guilherme Gonçalves manifestou revolta com o nível das publicações de Pocay. “Isso exemplifica o desespero do prefeito, e mostra que seu grupo está disposto a fazer ataques baixos e gratuitos. Apoio toda e qualquer manifestação religiosa. Sou casado com a Jayne, pai de três filhos, e acredito que todas as pessoas devem ser respeitadas”, respondeu Gonçalves ao Jornal Biz. O pré-candidato informou que já encaminhou o caso para seu departamento jurídico. “Liguei para o Totty para expressar minha solidariedade. Não tolero preconceito, discriminação nem discurso de ódio. É muita mentira. Fui citado e caluniado, e irei até a última instância da justiça”, finalizou.
O candidato a prefeito pela Federação Rede/Psol, empresário Mário Ferreira, também se posicionou. “Não misturamos política com religião, e não aprovamos o uso de mentiras e ataques pessoais como formas de fazer política. Estamos fazendo uma campanha limpa e propositiva; nossa preocupação é unir pessoas que gostam de Ourinhos para cuidar da cidade e das pessoas”.
O ex-vereador Toninho do PT, também pré-candidato à prefeitura, condenou a propagação de desinformação e lembrou que a Marcha para Jesus foi instituída no Calendário oficial do Brasil em 2009, no segundo mandato do atual presidente. “Foi o Lula que assinou a lei oficializando o evento. Nós respeitamos todas as manifestações religiosas. Minha saudosa mãe era pastora, sou a favor do evento e, inclusive, estarei presente na edição de Ourinhos, se Deus permitir”.
JUDICIÁRIO CONTRA NOTÍCIAS FALSAS
O combate às fake news tem sido um dos pilares de atuação do Tribunal Superior Eleitoral nos últimos anos. A criação do Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (CIEDDE), em março, reafirma a preocupação do órgão com o assunto. “Não vamos admitir discurso de ódio, não vamos admitir deepfake e notícias fraudulentas utilizadas contra o processo eleitoral”, afirmou o ministro Alexandre de Moraes, na inauguração do CIEDDE. A proposta do CIEDDE é promover, durante o período eleitoral, a cooperação entre Justiça Eleitoral, órgãos públicos e entidades privadas (em especial, plataformas de redes sociais e serviços de mensagens instantâneas privadas), para garantir o cumprimento das normas eleitorais de forma célere.
Em agosto de 2023, o Supremo Tribunal Federal determinou que atos de homofobia e transfobia contra indivíduos sejam enquadrados como crime de injúria racial. Na prática, quem for responsável por atos dessa natureza não terá direito a fiança, nem limite de tempo para responder judicialmente.
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