Ourinhos não é referência no combate ao Covid19

Imagem: captura de tela de vídeo publicado no Facebook

por Bernardo Fellipe Seixas

Se existe uma cidade que se revelou no combate à Covid foi Araraquara, SP, onde, depois de lockdown rígido, nas últimas 24h não houve uma única morte pelo coronavírus. Em Ourinhos morreram 10 moradores nos últimos 4 dias, sendo três ontem.

A população  ourinhense dá sinais de irritação e cansaço com a obsessiva preocupação do prefeito Lucas Pocay (PSD) em afirmar que a cidade é referência no combate à Covid 19, já que a realidade escancara um cenário muito diferente.

Referência por que mesmo? Até pouco tempo atrás cobrávamos a falta de medidas mais rígidas como distanciamento social e fiscalização. Agora a situação é muito mais dramática, com hospitais e UTIs sem vagas e pessoas morrendo enquanto aguardam a liberação de leitos. Sim, Manaus é aqui também, onde falta oxigênio, equipamentos, leitos, medicamentos  e profissionais para atendimento. Há quase 4 meses as UTIs da cidade estão lotadas, e só no mês de março choramos a morte de 66 ourinhenses. Enfim, o sistema de saúde entrou em colapso, é um salve-se quem puder. E somos referência no combate à Covid? É preciso muita cara de pau para continuar insistindo nessa ideia fantasiosa.

Segundo o prefeito reitera insistentemente, a criação do hospital Covid é fato inédito na região, e colabora para o que ele afirma ser “referência” durante a epidemia. Não há dúvidas que foi necessária a implantação do hospital de campanha, já que Ourinhos é centro de região e atendemos cidades vizinhas. Mas, com a proporção que a pandemia foi tomando, há tempos o hospital não atende mais ao crescente número de contaminados. E o que foi feito para atenuar essa situação? Quando teve oportunidade de trazer para Ourinhos mais 10 leitos de UTI (que seriam instalados no AME), Pocay destinou-os para Assis, arrumando encrenca com os prefeitos das cidades vizinhas que formam a UMMES. O acordo com o governo do Estado para recusar os 10 leitos de UTI, trocando por recursos para gerir o Hospital Covid de Ourinhos por mais tempo foi “costurado” por Pocay, pelo deputado estadual Ricardo Madalena e diretores da Organização Social que gerencia o AME da cidade, que justificaram que o hospital ourinhense não possuía estrutura para novos leitos. O fato causou estranheza, já que o AME é um equipamento hospitalar onde são realizadas cirurgias e possui alta tecnologia.  Prefeitos da região comentam que a parte mais interessada em encaminhar os leitos de UTI para Assis foi justamente a OS que administra o AME de Ourinhos e, coincidentemente, também administra a Santa Casa e o Ambulatório Médico de Emergência de Assis.

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Numa situação de grandes dificuldades, em que as cidades precisam unir esforços para salvar vidas, é no mínimo estranho o comportamento do prefeito Lucas Pocay, que criou uma situação de inimizade com os gestores dos municípios vizinhos. Pocay não participa das reuniões da UMMES, comportando-se como o garoto que, num jogo de futebol, percebendo que não pode brilhar sozinho, pega a bola e tenta acabar com a peleja.

Mas a cidade que Pocay considera “referência” tem outros problemas além desses. Na semana passada, em plena pandemia, a UPA mudou de gestão. Outra Organização Social agora administra a entidade, a INCS, Instituto Nacional de Ciências da Saúde, e além de demitir dezenas de funcionários já treinados, precisou transferir às pressas pacientes com Covid-19 internados por falta de oxigênio. Pura lambança.

Ninguém engana as pessoas o tempo todo, e nas redes sociais os ourinhenses criticam a postura de Pocay na administração da cidade durante a pandemia. Para amenizar as cobranças e tentar melhorar sua imagem, depois de ter sido acusado pelo vereador Guilherme Gonçalves (PODE) de bloquear cerca de 2 mil pessoas em sua página, por causa de críticas ou perguntas que o prefeito considera inconvenientes, agora Pocay resolveu responder algumas delas em sua página. Ficou pior a emenda… as respostas revelam um prefeito imaturo e sempre preocupado em esculpir uma imagem que não condiz com a sua maneira de agir.

Gostaríamos muito de ser referência no combate à pandemia, mas infelizmente isto não acontece. Se existe uma cidade que se revelou no combate à Covid foi Araraquara, SP, onde, depois de lockdown rígido, nas últimas 24h não houve uma única morte pelo coronavírus.

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