“À flor do destino” é lançado hoje, dia da Cultura Luso-Brasileira

Luis Barcelos, Lucia Helena Weiss e Glauber Seixas. | Fotos: Divulgação

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Jornal Biz

Hoje, 22 de abril,  é o dia da Cultura LusoBrasileira. Para comemorar, a cantora carioca Lúcia Helena Weiss lança pelas plataformas digitais o EP (Extended play, um disco curto)  “À flor do destino: Uma viagem brasileira no fado português” . O ourinhense Glauber Seixas participa com violão 7 cordas tocando em todas as faixas, e os arranjos e bandolim  são de Luis Barcelos. Todas as canções são antigos fados tradicionais portugueses, com a melodia já em domínio público, rearranjados “à brasileira” por Luiz Barcelos, trazendo elementos do choro, do xote e modinhas. As letras foram criadas pelo poeta português Joaquim Simões.

O poeta português Joaquim Simões. | Foto: Divulgação

Em Portugal é costume que o intérprete crie novos poemas para cantar sobre um antigo fado.  Desta forma, o mesmo fado é gravado com poesias diferentes.  Isto não vale, porém para os fado-canção, como aqueles imortalizados por Amália Rodrigues (Foi Deus, Nem às Paredes Confesso, etc).




A intérprete Lúcia Helena trabalhou como bancária até se aposentar. Sempre estudou música, mas só ousou se profissionalizar depois dos 50 anos, quando lançou o CD “Ternária“, composto por valsas. Seus trabalhos musicais são fruto de pesquisas e resultaram em shows com repertório de músicas de Garoto ou Sergio Ricardo. O lirismo das músicas de seresta tradicional e contemporânea também foram temas de shows realizados no Rio de Janeiro pela cantora.

Disco está disponível nas principais plataformas de streaming.




No trabalho lançado hoje, os fados portugueses são apresentados com uma inédita leitura à brasileira, aos quais Joaquim Simões, poeta e professor português, dedicou novos poemas.  Em interpretações da cantora Lúcia Helena Weiss, acompanhada pelo bandolinista Luís Barcelos e pelo violonista Glauber Seixas, o fado é cantado com a naturalidade de uma canção popular brasileira.

Final de show do trio, no Rio de Janeiro. | Foto: Divulgação

Na concepção musical do projeto, o canto não busca imitar o sotaque ou as características típicas da interpretação portuguesa.  Os arranjos respeitam a forma original do fado com referências estéticas da música urbana brasileira.  A instrumentação utilizada também contribui para esta fusão de culturas musicais: o bandolim toma o lugar da guitarra portuguesa e o violão de sete cordas resume a viola de fado e o contrabaixo, tradicionais no fado português. As letras compostas por Joaquim Simões emprestam aos fados antigos, com letras tradicionalmente muito simples, um novo olhar sobre a existência, como em “Fado menino”, de Joaquim Simões (letra) e Francisco Vianna, em domínio público.

Como quem está a rezar

Alguém se põe a cantar

Co’ a garganta avinhada

Uma frase repetida

Ao passar junto das portas:

Não existem horas mortas

Todas elas são a vida  

O Fado representa musicalmente a cultura portuguesa e tem o status de patrimônio cultural da humanidade reconhecido pela Unesco. Como gênero, é o resultado de um longo processo de fusão de elementos multiculturais. Há historiadores que localizam no Brasil algumas de suas raízes, a exemplo do fado dançado (batido), ainda hoje praticado  em Quissamã (RJ).

Apreciado no Brasil até os anos 30 do século passado, quando grandes companhias portuguesas vinham em turnês por Rio de Janeiro e São Paulo, o fado competia com o tango e o fox-trot na programação das rádios.  Amália Rodrigues e outros grandes intérpretes gravavam discos nos estúdios brasileiros. Houve tempo em que Rio e São Paulo abrigavam importantes casas de Fado. Aos poucos, seu cultivo foi rareando e tornou-se um gênero pouco visitado por compositores e intérpretes brasileiros, que hoje buscam retomar essa parceria.

Clique aqui e ouça o disco na sua plataforma de streaming preferida.

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