100 Anos Ourinhos: Os desafios que precisamos superar

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Redação Jornal Biz

Para encerrar a Série 100 Anos Ourinhos o Jornal Biz ouviu depoimentos de alguns ourinhenses, que falaram sobre as suas expectativas sobre o desenvolvimento da cidade. Se durante todo o ano de 2018 a Série apresentou textos produzidos através de pesquisas sobre o passado e também informações atuais, agora é a vez de pensarmos no que o futuro reserva para Ourinhos, quais os desafios que a cidade deverá superar e de que forma isso será possível.




Dentre os temas recorrentes destacam-se a necessidade de geração de empregos, investimentos em infraestrutura urbana e a expansão de projetos ligados à educação, além do aperfeiçoamento e ampliação do atendimento à saúde. Confira a opinião dos entrevistados:

ROQUE QUAGLIATO, empresário e presidente da Fundação Educacional Miguel Mofarrej

Os desafios são muitos. Ourinhos, como todo Brasil, é carente de quase tudo. Todas as soluções se apoiam no tripé: Saúde, Educação e Segurança. Também precisamos de infraestrutura básica, como água, esgoto e energia para todos. Uma coisa puxa a outra; está tudo interligado. Se tiver saúde, fica mais fácil a educação, se tiver educação diminui a criminalidade e  tem mais segurança.

Ourinhos hoje é uma cidade universitária. Somente a UNIFIO oferece 20 cursos superiores nas mais diversas áreas. São ofertados centenas de profissionais anualmente para o mercado de trabalho. Então a cidade hoje possui mão de obra especializada. Além das faculdades, Ourinhos tem escolas técnicas profissionalizantes, que igualmente oferecem mão de obra para toda a região.

Tendo saúde, educação e segurança, podemos sentir que não será difícil manter as empresas já existentes a todo vapor e atrair novos investidores, mas também é importante  que se embeleze a cidade.

JOSÉ HENRIQUETO DEALIS, policial civil

A criação de empregos é o maior desafio de Ourinhos para os próximos anos, principalmente no setor industrial. Temos um comércio relativamente forte, mas sem atrairmos grandes indústrias nossos jovens continuarão saindo para outras cidades em busca de oportunidades.

O desemprego provoca graves problemas sociais, pois a ociosidade aumenta a violência, o consumo de drogas, alcoolismo, trabalho informal e provoca desagregação da família.

APARECIDO BRUZAROSCO, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Ourinhos e região

O abastecimento de água e o tratamento do esgoto são dois pilares que precisamos resolver urgentemente. Para termos um novo parque industrial e atrair grandes investidores, gerar empregos, a cidade precisa oferecer uma rede de infraestrutura completa. Dificilmente um grande empresário vai instalar seu negócio em uma cidade onde falta água e o esgoto não é tratado.

Nas áreas da educação e da saúde é preciso ir além do básico, do serviço essencial, e fazer Ourinhos se tornar referência. Temos exemplos de cidades que se desenvolveram investindo na educação, como Marília; ou na saúde, caso de São José do Rio Preto. Investindo nesses dois segmentos a cidade vai ganhar em serviços de qualidade e gerar empregos.

JOSÉ ALBERTO MINGARDO TORRES, médico

Em comparação com outras cidades do Estado de São Paulo e de outros Estados, Ourinhos é uma cidade privilegiada. A cidade oferece uma razoável assistência à saúde, tanto a nível primário quanto secundário.

O grande desafio será sempre aprimorar este atendimento em todos os aspectos, ofertando mais profissionais da saúde, mais exames diagnósticos e maior resolução das doenças. Para os próximos anos devemos investir em prevenção de doenças, vacinação e saneamento básico.




ALINE ANTONANGELO, assistente social

Com a implantação e implementação do SUAS, a partir de 2005, a política de assistência social avançou no âmbito normativo. Uma política que opera com benefícios e serviços, com financiamento a partir da seguridade social e sob o controle social, atendendo aos direitos do cidadão.

Atualmente o município de Ourinhos conta com 4 CRAS, 1 CREAS e 1 Centro POP, ainda que não supram a demanda em sua totalidade, fica evidente que o município avançou muito nos últimos anos no que tange a área da Assistência Social. Entretanto infelizmente vivenciamos o retrocesso de todas as conquistas sociais, o cenário atual do País é muito preocupante, os cortes de orçamento que vem sendo realizados representam a inviabilidade de garantir a oferta de serviços. Sem recursos é impossível garantir um Sistema Único de Assistência Social de qualidade, que proteja a população mais vulnerável.


TOSHIO MISATO, engenheiro e ex-prefeito de Ourinhos

A cidade caminha para se consolidar como polo universitário e polo formador de mão de obra qualificada. É preciso expandir o parque industrial das micros, pequenas e médias empresas, com todos os incentivos possíveis.

Também defendo fortemente a realização do projeto do contorno ferroviário para desafogar o trânsito da cidade e urbanizar a região do trecho atual da ferrovia, melhorando a mobilidade urbana. Além disso, ainda é preciso ampliar e melhorar a rede pública de saúde.

MÁRIO FERREIRA, empresário e político

É preciso modernizar a gestão pública, substituindo as práticas atrasadas do clientelismo e do fisiologismo pela transparência e participação popular. Instituir um programa permanente de geração de empregos e renda, integrando todas as secretarias municipais.

Planejar e executar ações para enfrentar os grandes desafios da sustentabilidade, considerando de forma especial as questões do lixo e do esgoto. Modernizar a SAE, mantendo a condição de empresa pública e usá-la para enfrentar o problema do tratamento de esgoto e lixo.

PETÚLIA RÉGIA, empresária do ramo de entretenimento

Ourinhos está crescendo muito em todos os setores, atraindo empresas de peso como Lojas Americanas, Burguer King e o novo Shopping que vem aí. O setor de entretenimento tem crescido bastante, o volume de eventos na cidade cresceu 80% comparado há três anos.

Como proprietária do Pub 744 e da London Chopp, eu apostei na diversidade de gêneros musicais, desde eletrônico, rock, pop e sertanejo, trazendo atrações para todos os gostos e atraindo a população da cidade e região. O desafio maior que enfrentamos é conscientizar nossa população a prestigiar eventos de gastronomia, lojas e shopping da cidade, fazendo a economia ficar centralizada em Ourinhos, facilitando para empresários que assim podem baixar os preços e todos ganham.



FERNANDO MACEDO NOGUEIRA DE SOUZA, comerciante e empresário

Nossa cidade vem num ótimo desenvolvimento como polo comercial, possui indústrias consolidadas e a educação também se desenvolveu através dos cursos superiores e outros.

Nos próximos anos precisamos continuar buscando a formação, pois tendo profissionais qualificados surgem oportunidades no município, junto com o planejamento de estrutura para recebermos mais investimentos.

COLETIVO GENI

Entendemos que o grande desafio para Ourinhos é aliar o desenvolvimento estrutural da cidade com o desenvolvimento social, consolidando cada vez mais espaços democráticos de participação, mantendo um espírito mais humanizado e acolhedor junto à população menos assistida e as minorias.

No seu primeiro centenário, Ourinhos é uma mistura entre o tradicional e o moderno, entre o provinciano e a vanguarda. A vinda de indústrias, faculdades, comércios e outras instituições retratam o desenvolvimento. Entretanto, essas mudanças ainda não são vivenciadas pela maioria da população, e o Coletivo GENI, enquanto movimento feminista interseccional, entende que as desigualdades e preconceitos vivenciados no cotidiano, se intercalam uns aos outros formando uma trama difícil de ser rompida. Assim, gênero, raça e classe se sobrepõem impedindo as minorias de viverem uma vida digna. Nesse sentido, é eminente a valorização das necessidades de cada grupo, das múltiplas identidades que formam nossa cidade, a partir de mecanismos e políticas públicas.




GUSTAVO GOMES, professor universitário, arquiteto e urbanista

Ourinhos tem um modelo de desenvolvimento com zoneamento monotípico (um uso exclusivo residencial ou comercial).  Isso provoca uma enorme dependência dos veículos individuais e uma ineficiência das infraestruturas. Dessa forma, a cidade tem que investir toda a infraestrutura em uma área residencial (que fica subutilizada durante o dia) e toda infraestrutura em uma área comercial (que fica subutilizada à noite). Isso gera redes mais caras de implantação e de manutenção, e isso impede que a cidade invista em melhoria do sistema. Isso ocorre com a água, com o esgoto, com energia, iluminação, coleta de lixo e limpeza, transportes e praças e parques. A baixa densidade é nociva à qualidade dos serviços, apesar de existir um marketing agressivo contra as áreas públicas e a favor do grande quintal de lazer particular.

O Contorno ferroviário deve acontecer. Sem dúvida, a retirada dos trilhos terá muita influência sobre a mobilidade da cidade. Mas não deverá ser transformando as linhas dos trilhos em avenidas para automóveis. Pelo contrário. Todas as cidades que buscam melhorar a mobilidade investem na criação de corredores exclusivos para o transporte público. Mas sempre é preciso reduzir a área de automóveis para fazer os corredores. Ourinhos terá a oportunidade única de criar estes corredores sem reduzir um centímetro das vias atuais, ao criar pistas exclusivas de transporte e ciclovias ao longo da linha férrea atual. As cidades precisam aprender a investir em planejamento urbano de longo prazo. A sociedade precisa se estruturar para participar das decisões para que os planos e programas sejam menos dependentes das oscilações políticas.




FÁBIO ZANOTTO BREVE, engenheiro ambiental, especialista em gerenciamento ambiental

Existem três temas prioritários que podemos considerar como ações imediatas dentro do município. A adequação no tratamento de esgoto, a correta disposição final de resíduos sólidos e a arborização urbana. Esses três temas estratégicos fazem parte do Programa Município VerdeAzul. Segundo o Governo do Estado de São Paulo, o Programa é composto por dez diretivas norteadoras da agenda ambiental local e o município de Ourinhos ocupa apenas a posição nº 357 no Ranking de pontuação considerando todas diretivas do Programa, de um total de 589 municípios cadastrados, segundo a atualização do ano de 2017 no site do Programa.

Seria necessária uma maior atenção e atuação do poder público nos temas relacionados ao Meio Ambiente do nosso município. Vale destacar a importância desses temas para a melhoria da qualidade de vida da população, e consequentemente, de outros setores como da Saúde Pública e do Desenvolvimento Urbano, através da implantação de mecanismos de articulação e integração entre as secretárias.

LEANDRO FARIA, diretor do Grupo de Teatro Soarte

Os desafios a serem superados na área da cultura serão muitos, mas um dos principais seria a articulação dos coletivos (grupos independentes), com o objetivo de fomentar a cultura na cidade de forma mais representativa. A meu ver, as ações artísticas na cidade ainda acontecem de forma muito individualizada e dispersa. No atual momento em que a cultura sofre uma patrulha moralista, que tem o objetivo de sufocar sua liberdade de criação artística, essa união é fundamental.

A gestão pública da cidade passa por um momento muito delicado, pois os últimos gestores não conseguiram manter a qualidade das ações e eventos culturais realizados na cidade. Ourinhos já foi reconhecida como referência na área da cultura, e infelizmente este reconhecimento foi perdido. O descaso com a pasta fez a cidade perder projetos importantes, como o Circuito Cultural Paulista, que oferecia espetáculos profissionais gratuitos para a população. Os gestores deveriam apoiar os coletivos independentes. Serão muitos os desafios e incertezas, mas nada disso vai diminuir nosso desejo de fazer com que Ourinhos volte a ser uma referência na área cultural.

DANIEL DE MARCO, professor

A cidade precisa avançar na infraestrutura de transporte público, em quantidade e qualidade, desde a conservação de vias até a ampliação de transporte público urbano (que é muito ruim e não atende a necessidade da população) e intermunicipal (poucas linhas e horários para qualquer lugar, inclusive para cidades que ficam num raio de 150 km daqui). Essa duplicação da Raposo deve melhorar a questão dos fretes, pelo menos. Com relação ao trânsito na cidade, acho que é caso de educação para o trânsito. A cidade tem ruas largas e retas, e mesmo assim o povo se arrebenta. Falta muita cortesia com pedestres e ciclistas.

Quem comandar a cidade no futuro precisará aproveitar o posicionamento estratégico da cidade no que tange à logística de transporte e atrair investimentos em produção e serviços. Ourinhos poderia ser um ponto de distribuição no Mercosul, se este sobreviver. Não tenho dados sobre o sistema municipal de ensino, mas ouço que a qualidade da educação supera o ensino estadual. Porém, sempre dá pra buscar alguma melhora.

SARA BEATRIZ CARDOSO BERNARDES, 10 anos, aluna da EE, Prof. José Paschoalick

Ourinhos tem muita gente desempregada e passando dificuldades, então acho que precisa ter mais emprego, mais empresas e indústrias. Também precisa melhorar o atendimento nos hospitais.

Fotos: Bernardo Fellipe Seixas, Anderson Nunes, Arquivos pessoais, redes sociais.




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