Déficit da prefeitura seria de R$240 milhões sem a venda da SAE, revela Guilherme Gonçalves

Coletiva de imprensa no gabinete da prefeitura de Ourinhos. | Foto: Divulgação

por Bernardo Fellipe Seixas / Jornal Biz

Venda da SAE salvou Prefeitura de Ourinhos da falência em 2024, mas população vai pagar caro

Em sua primeira entrevista coletiva como prefeito de Ourinhos, Guilherme Gonçalves (Podemos) expôs a delicada situação financeira herdada da gestão anterior. O saldo positivo de R$37 milhões registrado em 2024 só foi alcançado graças a venda da Superintendência de Água e Esgoto (SAE) por R$277 milhões, realizada pelo ex-prefeito Lucas Pocay (PSD). Sem essa transação, o saldo negativo da prefeitura de Ourinhos seria de mais de R$240 milhões.

“Eles (gestão anterior) iam me entregar a prefeitura falida. Isso só não aconteceu porque venderam a SAE”, afirmou Guilherme. O prefeito ressaltou que, com a privatização, a prefeitura agora precisa pagar até pela água consumida nas escolas municipais, postos de saúde e praças, algo que não ocorria quando a SAE era pública. “Isso não acontecia antes, porque a SAE era do povo de Ourinhos. Agora até prefeitura paga uma conta de água altíssima todo mês”, ressaltou.

Cortes e reformas para evitar déficit

Diante dos desafios financeiros, Guilherme anunciou um plano de austeridade para evitar que a prefeitura termine o ano com um déficit de R$90 milhões, como previsto caso os contratos atuais sejam mantidos. Entre as medidas estão revisão de contratos, redução de gastos desnecessários, como aluguéis, combustíveis e pequenas despesas, além de uma reforma administrativa que inclui o corte de cargos comissionados e funções de confiança. “É preciso cortar na própria carne”, disse o prefeito, que prometeu priorizar o pagamento dos salários dos servidores, o abastecimento de medicamentos nas farmácias municipais e a realização de cirurgias eletivas.

Guilherme também criticou os contratos milionários firmados de forma emergencial e sem licitação pelo ex-prefeito Lucas Pocay, que contribuíram para a explosão dos gastos públicos. “Se continuarmos todos os contratos do jeito que estão, vamos terminar o ano com um déficit de R$90 milhões e a cidade falida”, alertou. Gonçalves não descartou a necessidade de empréstimos bancários para equilibrar as contas públicas municipais neste ano.

Obras paralisadas e eventos ajustados

Sobre as obras iniciadas na gestão anterior, o prefeito foi claro: “Não tem dinheiro em caixa para concluir essas obras. Não deixaram recursos nem para o pagamento dos funcionários até dezembro”. Apesar das dificuldades, Guilherme garantiu que honrará o compromisso com os servidores públicos e buscará alternativas para evitar prejuízos ao reajuste salarial da categoria.

Em meio ao ajuste fiscal, o prefeito anunciou o cancelamento do show de Carnaval que aconteceria no dia 28 de fevereiro com o Grupo Revelação. No entanto, confirmou a realização da FAPI, a tradicional festa popular de Ourinhos e região, como um sinal de esperança e resiliência para a população.

Transparência e compromisso com a população

Ao final da coletiva, Guilherme exibiu um documento detalhado com as contas públicas da gestão anterior e colocou as informações à disposição de todos os cidadãos. “Não estou aqui para acusar, e sim para mostrar dados”, afirmou, reforçando seu compromisso com a transparência e a responsabilidade fiscal.

Apesar dos desafios, o prefeito encerrou a entrevista com uma mensagem de otimismo: “Não vamos deixar a cidade afundar. Ourinhos será uma cidade próspera, vamos dar a volta por cima”. Resta agora à população acompanhar as medidas adotadas pela nova gestão para superar os desafios financeiros e reconstruir as bases de uma administração sustentável.

Até o momento da publicação desta reportagem, o ex-prefeito Lucas Pocay ainda não havia se manifestado sobre o assunto.

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