A sessão da Câmara de ontem, 6, teve um momento inesperado. O vereador Vadinho reivindicou, para o dia dos professores do ano que vem, um “ato contra os governantes e administradores por não reconhecer (sic) o valor que tem um professor em nosso país”. Logo depois ele pediu que a Câmara fizesse uma moção de repúdio e enviasse para todo o país.
Desde 2007 Vadinho é do PSDB, partido que já presidiu em Ourinhos, mesma agremiação de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo.
Alckmin e o PSDB tem um longo histórico de desvalorização e confrontos com o funcionalismo público, principalmente professores e policiais. Em abril de 1995, o governador Mário Covas e Alckmin, então vice, foram homenageados por professores com uma chuva de ovos e tomates, num evento em Carapicuiba. Em maio de 2000, durante o Fórum de Desenvolvimento do Vale do Paranapanema, Covas e deputados tucanos enfrentaram grande protesto de professores na porta do Teatro Municipal de Ourinhos, local do evento.
Em outra parte do discurso, Vadinho lembra as agressões que os professores sofrem na salas de aula e nas greves, quando lutam por melhores salários. “Nós estamos assistindo que quando um professor vai pra greve, ele está apanhando”. Vadinho deve ter se lembrado do dia 29 de abril de 2015, quando Beto Richa, governador do Paraná e também do PSDB, ordenou que a polícia agredisse professores que faziam manifestação na Assembléia Legislativa. O ato deixou mais de 200 feridos, 56 em estado grave.
O vereador Flavinho do Açougue fez coro à iniciativa de Vadinho. Flavinho é do PMDB, partido de Michel Temer, que logo que assumiu a presidência do Brasil congelou os investimentos em educação pelos próximos 20 anos. “Acho que essa moção (de repúdio) deve ser apresentada hoje. Solicito à Mesa que tome as devidas providências… uma moção de repúdio a todos os governantes que não valorizam esses profissionais (professores).
Mise em scène
Os discursos acalorados foram dirigidos, especialmente, para professores presentes no plenário da Câmara, mas não terão nenhum resultado prático. O Brasil tem 5.570 municípios e seria muito difícil identificar, e comprovar, um governante que valoriza os professores. É só lembrar que existem eleitores do PSDB entre professores e policiais nos estados de São Paulo e Paraná.