Quem frequentou os cinemas de Ourinhos nos últimos trinta anos com certeza já se deparou com um personagem que se mistura ao ambiente cheio e cartazes de filmes. Roberto Carlos Argenta, o Beto, vai completar 53 anos no próximo dia 11, e seu envolvimento com a sétima arte começou em 1987 quando foi contratado para trabalhar como lanterninha no Cine Peduti. Na verdade, essa história teve início antes. Seu pai, João Argenta Neto, trabalhou no Cine Ourinhos, onde hoje é o Teatro Municipal.
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“Eu nunca trabalhei lá, mas assisti a muitos filmes do Mazzaropi e faroestes”, lembra Beto. Embora o pai tenha morrido quando ele tinha apenas três anos, Beto atribui a ele sua paixão pelo cinema. Já seu nome vem de uma paixão da avó, o cantor Roberto Carlos: “Eu também gosto, tenho vários discos de vinil dele”.
Beto conta que ficou tão entusiasmado quando foi contratado pela primeira vez, que chegava às 7 horas no cinema: “Não acreditei quando me chamaram, nem dormi. As pessoas me perguntavam por que eu chegava tão cedo. Eu pedia uma vassoura e ia varrer, ia fazer qualquer coisa, queria aprender”.
O Cine Peduti funcionava no prédio onde hoje é o Shopping Cinemarti, possuía uma grande sala com 1.315 lugares, e na fachada eram fixadas placas pintadas por artistas da cidade, reproduzindo cartazes dos filmes.
Na frente da tela havia uma cortina vermelha, que se abria quando o filme estava para começar. Um sistema de ar refrigerado ajudava a suportar o calor: “Tinha um ventilador enorme que puxava o ar de fora, que era ligado numa chave embaixo da tela. No teto, havia umas bolas pretas por onde saía o ar”. Como muitos frequentadores do cinema daquela época, Beto lembra que antes dos filmes era exibido o Canal 100, um cinejornal que apresentava eventos importantes do país, principalmente imagens de jogos de futebol.
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Como lanterninha, Beto se lembra dos casais de namorados que se entusiasmavam demais e acabavam sendo retirados do cinema. E como todo moleque de sua época, ele conta que também aprontou durante as sessões de cinema:
“Minha mãe falava para o seu Romeu que se eu fizesse bagunça era para mandar para fora. Na hora de começar o filme a molecada batia o pé no chão de madeira e assobiava no papel de bala… aquela bagunça”.
Alguns anos depois, no Cine Peduti, ele trabalhou com Romeu Silva, conhecido gerente de cinema da cidade, e sua mulher Glorinha, conhecida pelas famosas balas de café vendidas no cinema.
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Depois de atuar como lanterninha, Beto passou a trabalhar na cabine operando o projetor: “O Carlinhos Bianchi me ensinou a montar filmes, e depois trabalhei com o Gilson (Biguá), que entrou em 1986 como gerente”. Beto lembra com saudade do tempo em que a tecnologia de exibição de filmes era bem diferente dos dias atuais: “Trabalhei na projeção no tempo dos rolos de filme, e de vez em quando algum queimava. Hoje é HD, tem que baixar o filme na internet”.
Além da tecnologia, as antigas salas deixaram de existir, e os cinemas de calçada deram lugar aos cinemas de shopping, onde os filmes se perdem em meio ao burburinho das lojas e das praças de alimentação. Para ele, não foi só os cinemas que mudaram. “Para os casais de outras épocas, a ida ao cinema era um evento especial. Eu acho que a programação de cinema hoje visa a meninada, os casais não vem mais”.
Beto diz que das coisas que fez no cinema, o que mais gostou foi de “mexer com os rolos de filmes, montar as películas”. Mas ele não esconde sua paixão pelos filmes, principalmente as produções do passado: “Gosto muito dos filmes do Mazzaropi, e outros como Dio come ti amo, Sansão e Dalila, Spartacus, Os 10 mandamentos… eu tenho todos esses filmes”.
Seu sonho é montar um projeto de exibição de filmes, que ele já batizou de Cinema Nostalgia. “Eu arrumaria um datashow, um som, e ia passar só filmes raros. Ninguém pagaria, as pessoas levariam um quilo de alimento que seria doado para quem precisa”.
Com tantos anos de cinema, Beto também se recorda com bom humor de alguns apuros que passou durante as projeções. O mais inusitado foi quando durante a exibição do filme Gremlins 2, quando em uma das cenas um bichinho entra numa cabine, corta o filme e a fita pega fogo. Beto, que operava o projetor, se engana e corta também o filme achando que o fogo era real. Logicamente a plateia não perdoou, e Beto teve de ouvir alguns palavrões pelo deslize. Quando soltou o filme novamente, o bichinho do filme dizia: “Te peguei, te peguei”.
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