Treta na Câmara: contratos da gestão Lucas Pocay viram motivo de bate-boca entre vereadores

Imagens: Reprodução TV Câmara Ourinhos

por Bernardo Fellipe Seixas

Discussão sobre serviços de manutenção em escolas e creches vira ringue político

A sessão da Câmara de Ourinhos, realizada na noite de ontem (28), foi marcada por uma discussão intensa entre parlamentares. O que era para ser um simples requerimento sobre um serviço de roçada e troca de areias virou um ajuste de contas.




A vereadora Raquel Spada (PSD) só queria saber se a empresa terceirizada contratada para capinar e manter limpas as áreas das NEIs e EMEIs estava de fato trabalhando. “Esse cronograma que eu tenho não é do mês de abril”, alertou Raquel, que aguarda o documento atualizado para conferir se a roçada aconteceu ou se ficou só no mato alto da burocracia. Raquel sugeriu a notificação da empresa contratada para que o serviço emergencial seja cumprido com maior celeridade.

O vereador Kita (MDB) apoiou a iniciativa e afirmou que a empresa IGEV, responsável pela limpeza nas unidades escolares, tem causado transtornos à administração municipal. Segundo ele, a Secretaria de Serviços Urbanos está sobrecarregada por ter que executar serviços que deveriam ser prestados pela terceirizada. Kita defendeu a exigência de mais transparência, especialmente sobre o número de funcionários alocados pela empresa, e criticou o alto valor do contrato, que classificou como “milionário”.

Mas bastou soprar o nome da empresa, a tal da IGEV, para que os governistas vestissem a capa de justiceiros seletivos.

João Gonçalves e Gil Carvalho se uniram para questionar fiscalizações na gestão do ex-prefeito Lucas Pocay. | Imagens: reprodução TV Cãmara

Gil Carvalho, com seu tom de conciliador desconfiado, tentou defender a atual gestão jogando o abacaxi para trás: “Esses contratos vêm da gestão passada… cadê a cobrança da gestão passada? Eu não via, eu estava aqui!”. Esqueceu-se Gil — talvez por conveniência — que foi base do ex-prefeito Lucas Pocay (PSD) por anos. Criticar hoje o que não criticou ontem é como esquecer que o espelho também reflete a própria cara.

O vereador João Gonçalves (PP), irmão do atual prefeito Guilherme Gonçalves (Podemos), endossou a fala de Gil e questionou nominalmente os vereadores Alexandre Enfermeiro (PSD) e Kita sobre a ausência de cobranças à gestão passada. “Por que na gestão passada ninguém cobrava? Será que alguns (vereadores) tinham benefícios e outros não?”, provocou.

Alexandre Enfermeiro e Kita responderam às acusações de João e Gil. | Imagens: reprodução TV Câmara

A fala gerou reação imediata. Alexandre respondeu de forma firme, defendendo sua atuação parlamentar ao longo de quatro mandatos. Ele criticou o que chamou de tentativa de desviar o foco do problema central — a qualidade da prestação de serviços — e alertou para a demora na abertura de nova licitação, uma vez que os contratos estão prestes a vencer. “Para quem não sabe como é que se procede uma licitação no município, está em tempo de começar já, porque senão, não dá tempo. Vão continuar com a mesma empresa? Cadê o edital de licitação? Faltam só três meses!”, questionou, indignado.

Kita respondeu de maneira contundente, acusando João Gonçalves de agir como defensor pessoal do irmão-prefeito, em vez de cumprir seu papel de fiscal do Executivo. “Aqui ele não é seu irmão, aqui ele é o prefeito da cidade”, afirmou. Kita também criticou a ausência de novos editais de licitação e acusou o atual governo de segurar contratos milionários herdados da gestão anterior. “Estão afundando a cidade de Ourinhos e deixando um rombo nas finanças”, disparou.

Apesar das acaloradas discussões, o requerimento da vereadora Raquel Spada foi aprovado. As discussões serviram como um termômetro da força política do prefeito Guilherme na Câmara, onde apenas dois vereadores se dispuseram a defendê-lo, evidenciando a fragilidade de seu apoio entre os parlamentares.

No fundo, o mato que cresce nas escolas — e a areia suja onde as crianças brincam — é só a metáfora perfeita para a política de Ourinhos: desordenada, resistente ao corte e cada vez mais enraizada. A cada legislatura, os papéis se invertem — oposição vira governo, governo vira oposição — mas o script continua o mesmo: terceirizações gordas, fiscalizações capengas e uma paixão desenfreada por terceirizar até a culpa. E o povo, como sempre, fica com o prejuízo.

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Confira abaixo o trecho da sessão da Câmara de Ourinhos de 28 de abril de 2025.

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