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Conteúdo original por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira G1
Foi a menor taxa desde 1980 e a primeira queda em 2 anos. Preços da gasolina recuaram 15,48% no mês e os do etanol, 11,38%. Por outro lado, inflação dos alimentos acelerou.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, teve queda de 0,68% em julho, após ter registrado alta 0,67% em junho, segundo divulgou nesta terça-feira (9) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, o país registrou uma deflação – inflação negativa – a primeira depois de 25 meses seguidos de alta de preços.
Segundo o IBGE, foi a menor taxa registrada desde o início da série histórica, iniciada em janeiro de 1980.
No ano, a inflação acumulada é de 4,77%. No acumulado nos últimos 12 meses a taxa desacelerou para 10,07%, contra os 11,89% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Apesar da trégua no mês de julho, já são 11 meses seguidos com a inflação anual rodando acima dos dois dígitos e num patamar mais de duas vezes acima do teto da meta oficial para 2022.
O resultado veio dentro do esperado. A mediana das projeções de 36 instituições colhidas pelo Valor Data era de queda de 0,65% no IPCA de julho.
O que explica a deflação?
A deflação em julho é explicada principalmente pelo recuo dos preços dos combustíveis e energia. As variações negativas destes itens refletem a queda nos preços praticados nas refinarias da Petrobras e também a redução das alíquotas de ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) aplicada a partir da Lei Complementar 194/22, sancionada no final de junho.
Os preços da gasolina caíram 15,48% e os do etanol, 11,38%. O recuou do preço gasolina, item de maior peso individual sobre o IPCA, representou o impacto mais intenso entre os 377 subitens que compõem o índice (-1,04 ponto percentual). O custo da energia residencial teve queda de 5,78% e o preço do gás de botijão recuou 0,36%.
O IBGE destacou que além da redução da alíquota de ICMS cobrada sobre os serviços de energia elétrica, outro fator que influenciou o recuo do grupo habitação foi a aprovação, pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), das Revisões Tarifárias Extraordinárias de dez distribuidoras espalhadas pelo país, o que acarretou redução nas tarifas a partir de 13 de julho.
A diminuição dos impostos, em ano eleitoral, foi uma estratégia adotada pelo governo e pelo Congresso. No entanto, apesar de segurarem a inflação em 2022, essas medidas pressionam os preços para 2023, conforme alertam diversos economistas.
6 em cada 10 itens pesquisados ficaram mais caros em julho
Dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados, dois apresentaram deflação em julho, enquanto os outros sete tiveram alta de preços. O resultado do mês foi influenciado principalmente pelos custos dos grupos Transportes (-4,51%) e Habitação (-1,05%).
Veja a inflação de julho para cada um dos grupos pesquisados:
- Alimentação e bebidas: 1,30%
- Habitação: -1,05%
- Artigos de residência: 0,12%
- Vestuário: 0,58%
- Transportes: -4,51%
- Saúde e cuidados pessoais: 0,49%
- Despesas pessoais: 1,13%
- Educação: 0,06%
- Comunicação: 0,07%
Embora a deflação tenha ficado concentrada em poucos grupos, a alta de preços teve menor espalhamento em julho. O índice de difusão desacelerou de 67% em junho para 63% no mês passado – o menor desde março de 2021. Isso significa que dos 377 produtos e serviços investigados pelo IBGE, 237 tiveram alta de preços no mês – em junho, foram 252 em alta.
A inflação de serviços também desacelerou de 0,90% em junho para 0,80% em julho. Em 12 meses, porém, chegou a 8,87%, o maior patamar desde junho de 2014, quando ficou em 9,20%.
Alimentos mais caros
A inflação do grupo alimentos e bebidas acelerou de 0,80% em junho para 1,30% em julho. A maior pressão veio do leite longa vida (25,46%) e pelos derivados do leite como queijo (5,28%), manteiga (5,75%) e leite condensado (6,66%).
“Estamos no período de entressafra, que vai mais ou menos de março até setembro, outubro, ou seja, um período em que as pastagens estão mais secas e isso reduz a oferta de leite no mercado e o fato de os custos da produção estarem muito altos”, explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
A alta do leite contribuiu especialmente para o resultado da alimentação no domicílio, que acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho. Já a alimentação fora do domicílio (0,82%) desacelerou em relação a junho (1,26%), em virtude das altas menos intensas do lanche (1,32%) e da refeição (0,53%).
Outro destaque de alta foram as frutas, com aumento de 4,40%. No lado das quedas, os maiores recuos de preços vieram do tomate (-23,68%), da batata-inglesa (-16,62%) e da cenoura (-15,34%).
Além dos alimentos, outros itens que tiveram alta relevante em julho foram passagens aéreas (8,02%), taxa de água e esgoto (0,96%), empregado doméstico (1,25%) e cigarro (4,37%).
Todas as 16 áreas pesquisadas pelo IBGE tiveram deflação em julho, sendo que em 10 delas a variação negativa foi mais intensa que a média nacional
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