Denúncia afirma que esposa de ex-vereador de Ibirarema recebeu auxílio emergencial

Foto: redes sociais

No último domingo o Fantástico, programa da Rede Globo, veiculou reportagem mostrando casos de pessoas da alta sociedade gaúcha que haviam recebido o auxílio emergencial pago pelo Governo Federal em virtude da pandemia de coronavírus. A comerciante Ana Paula Brocco, denunciada pela matéria, tentou até judicialmente impedir a divulgação. Não conseguiu.

Entre outros casos, a reportagem mostrou que Ana Paula costuma viajar para vários países do exterior e  nordeste brasileiro e está com casamento marcado em Cancun, no Caribe. Mesmo com todo esse “perrengue” ela recebeu o pagamento de R$600 do Governo. Dados do Tribunal de Contas da União indicam que mais de 620 mil pessoas receberam a ajuda financeira sem ter direito.

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Em Ibirarema, um caso ganhou repercussão nas redes sociais na manhã de hoje. Uma publicação de José Silva, num grupo chamado “Ibirarema Sim Senhor”, denunciou que um conhecido casal da cidade, “dono de mansão e carrão”, teria recebido o auxílio. Vera Lúcia Martins Gonçalves é casada com o ex-vereador Pedro Manoel Correa (PRP), conhecido como Sargento Pedro, que é 2º tenente da Polícia Militar aposentado, com remuneração mensal acima de R$10 mil. Pedro foi o vereador mais votado nas últimas eleições municipais, mas foi cassado pela Câmara Municipal em novembro de 2019 por improbidade administrativa quebra de decoro parlamentar. Sua declaração de bens para as eleições de 2016, registrada no site do TSE, apontava patrimônio pouco superior a R$309 mil.

Denunciante anexou fotos e documentos na postagem.
Foto de casa luxuosa de Sargento Pedro ganhou repercussão nas redes sociais. | Foto: redes sociais

As redes sociais do casal mostram uma vida com conforto, uma grande casa com piscina, vida social intensa e lembranças de diversas viagens pelo Brasil e exterior.

Colagem de fotos publicadas no Facebook.

Menos de três horas após a publicação da denúncia no grupo, Vera Lúcia usou seu perfil no Facebook para se posicionar. “Então eu pedi o auxílio sim, dereito (sic) meu e de todos”. Vera argumentou que é muito bem casada, que pediu o auxílio porque tem direito, mas que quem ganha bem é o marido. “Ele é aposentado ganha mais de 10 mil por mês”, escreveu.

Publicação de Vera Lucia no Facebook.

Segundo o site oficial do Auxílio Emergencial da Caixa Econômica Federal, Vera não se enquadra no perfil com direito ao benefício. A renda individual mensal deve ser inferior a R$520, e do casal não pode ultrapassar três salários mínimos (R$3.135,00). Somando o salário de Pedro com os valores das notas fiscais emitidas por Vera, no mês de junho o valor foi superior a R$16 mil.

Site oficial do Auxílio comprova pagamento da primeira parcela do benefício para Vera.

Além da aposentadoria de Pedro, o orçamento da casa também conta com uma boa ajuda da mulher. O Jornal Biz teve acesso a documentos que provam que Vera, que é microempreendedora individual, neste ano recebeu R$39.098,00 de uma só empresa de Ibirarema, a Rudolf-Sizing Amidos do Brasil, o que dá uma média acima de R$6,5 mil mensais.

No Facebook, Vera e o marido demonstram apoio ao presidente Jair Bolsonaro. | Foto: redes sociais

Apoiadora do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), nas redes sociais Vera tem postagens contra a corrupção e até cita uma passagem bíblica que diz que “o rei que quer ficar rico às custas do povo acaba destruindo sua nação”.

Postagem de Vera Lucia no Facebook em 24 de novembro de 2019.

Ao Jornal Biz, Pedro respondeu que apóia quem quiser investigar o caso, e se colocou à disposição para fornecer mais dados pessoalmente, caso necessário. Vera Lúcia esclareceu que apenas se cadastrou no programa, e recomendou que perguntássemos para quem aprovou seu auxílio. “Faz o seguinte vai lá e pergunta para o Bolsonaro, nosso presidente. Ou o responsável que aprovou meu auxílio“.

Entre ofensas e ironias, Vera escreveu “xiiii desculpa… TE BLOQUIEI” quando foi perguntada sobre os vencimentos que recebeu da Rudolf-Sizing no valor de R$39.098.00 nos seis primeiros meses de 2020. Em seguida bloqueou mesmo o nosso número.

Editado em 02/07, às 15h23 | Correção: o motivo da cassação do vereador foi quebra de decoro parlamentar, e não improbidade administrativa.

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