Comerciantes e empresários preveem quebradeira após pandemia

Apoio da Prefeitura para o setor é insignificante e desânimo toma conta de comerciantes

Com as lojas fechadas há quase 60 dias, comerciantes e empresários ourinhenses vivem momentos de angústia. Sem ter como arcar com os compromissos financeiros, a demissão de funcionários e fechamento de empresas é uma triste realidade.  Além das incertezas provocadas pela epidemia, o apoio vindo dos governos é pequeno e não alivia a enorme crise.

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O governo federal, através do Ministério da Economia, prevê retração da economia em torno de 4,7%, mas especialistas estimam que a queda pode chegar a 10%. Cada semana de isolamento significa para o país a perda de cerca de 20 milhões de reais.

Em Ourinhos o prefeito Lucas Pocay (PSD) aprovou poucas medidas de apoio aos empresários , como o sistema “passe e retire” (drive thru) no comércio, o funcionamento de óticas e indústrias e o prazo de 30 dias sem corte no pagamento da conta de água.

Porém, o prefeito não atendeu e sequer respondeu aos pedidos da Associação Comercial e Empresarial de Ourinhos e da Câmara Municipal.

Pontos comerciais para locação “pipocam” no centro da cidade.

O vereador Alexandre Zóio (Republicanos) solicitou a prorrogação do prazo de pagamento de contas de IPTU, ISS e demais taxas municipais e cobrança da tarifa mínima de água. Os comerciantes pediram que o valor da conta de água que ultrapassasse o mínimo possa ser parcelado no próximo ano. Outras iniciativas de apoio a comerciantes e empresários foram sugeridas pela Câmara:  O vereador Flávio Ambrozim (PL) apresentou requerimento pedindo que a Prefeitura solicite à CPFL a suspensão do corte de energia elétrica durante a epidemia, e um requerimento apresentado pelo vereador Santiago (DEM) em 30 de março,  pediu a suspensão do corte de água por 6 meses. O vereador Edvaldo Lúcio Abel, o Vadinho, (PSDB), apresentou o requerimento 772/20, que foi aprovado pela Câmara, pedindo ao Prefeito estudos para a redução de salários do prefeito, secretários, vereadores e cargos comissionados da Prefeitura e SAE, e que os recursos economizados fossem repassados para a Santa Casa da cidade.  Como dissemos, o prefeito Lucas Pocay nem respondeu aos requerimentos.

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O empresário Rogério Lazanha, proprietário do Restaurante “Só Massas” possui dois estabelecimentos comerciais: um no centro da cidade e outro instalado no Shopping Plaza. Apesar de estar funcionando em sistema “delivery”, Rogério está desanimado: “O consumo está muito baixo, e os produtos mais caros”, lamenta, continuando que “Tirando a ajuda que o governo federal dá aos funcionários, não temos apoio nenhum. O aluguel continua normal, e estamos vendendo o mínimo. Talvez eu tenha que fechar o negócio, porque ser empresário neste país é impossível”. Rogério diz que comerciantes de Ourinhos estão atendendo pedidos feitos pelas cidades vizinhas. “Isso quer dizer que não estão vendendo nada em Ourinhos, e o delivery vai para a região”, denuncia.

Na rua Antonio Carlos Mori, centro de Ourinhos, comerciante deixou mensagem carinhosa aos clientes e informou sobre o delivery.

Enquanto em Ourinhos a Prefeitura fez pouco para apoiar os empresários, na cidade de Ilhabela, litoral norte de São Paulo, as coisas aconteceram de forma diferente, o que projetou o município como referência de ações durante a pandemia.

Entre as medidas de socorro aos empresários, previstas no Projeto enviado pela prefeita  Maria das Graças Ferreira dos Santos à Câmara da cidade para apreciação constam: repasse de um salário mínimo para o proprietário da empresa, em forma de cartão alimentação, considerando-o como um cidadão que também tem família e é trabalhador; subsídio da Cesta-básica ou Vale Alimentação do empregado que não foi demitido; segurar o contrato de trabalho suspenso do empregado por mais tempo, caso a Medida Provisória do governo federal termine (a previsão é de 2 meses) antes do fim da pandemia; lançamento de um pacote de medidas tributárias por meio decreto da prefeita e compra  de pacotes turísticos para serem usados em ações promocionais, como  tem acontecido em países como a Itália e Nova Zelândia. A justificativa é que essa seria uma forma de injetar recurso em restaurantes, hotéis e agências de turismo da cidade, que receberão o recurso e depois prestarão o serviço.

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A prefeita de Ilhabela, que é do mesmo partido que Pocay, o PSD, reservou R$25 milhões para um programa de apoio aos trabalhadores, denominado “Ilhabela Unida pelo Trabalhador “. Até esse início de maio já haviam sido entregues aproximadamente R$ 5 milhões, quase 5 mil em cartão de auxílio ao trabalhador (no valor de R$ 1.045,00), e em torno de 300 beneficiados com o Auxílio Aluguel Emergencial (R$ 960,00), além da entrega de cestas-básicas. Os R$ 25 milhões atenderão, por três meses, as medidas socioeconômicas voltadas ao enfrentamento da crise econômica no período da pandemia. A cidade é a única do estado de São Paulo que tem programa amplo de socorro ao trabalhador.

Interessante é que a cidade também tem planejado ações para o período pós-pandemia, e elabora o Projeto de Retomada Econômica. Em Ilhabela os números impressionam. A cidade, com uma população de 40 mil habitantes, tem orçamento de um bilhão de reais. A cidade recebe 30% do valor total dos recursos de royalties sobre exploração de petróleo no Estado. Apesar dos números altos de orçamento, na prática este ano a cidade deve receber menos dinheiro, com a baixa no preço do barril de petróleo.

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