Chavantes gastou mais de R$17 mil em serviço de desinfecção sem eficácia comprovada

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por Bernardo Fellipe Seixas

Anvisa já emitiu nota técnica informando que “não há evidencias sobre eficácia do gás ozônio contra o novo coronavírus”

A Prefeitura de Chavantes já gastou neste ano pelo menos R$17.681,16 com uma empresa de sanitização e desinfecção por ozônio. A contratação foi feita com dispensa de licitação, e os serviços foram reivindicados pelo Gabinete e secretaria de Administração.

Três empenhos constam no Portal da Transparência, e valor total ultrapassa R$17 mil

A desinfecção de ambientes com o uso de ozônio não possui eficácia comprovada, e foi tema de Nota técnica emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no dia 4 de novembro de 2020. O documento relatou que “uma revisão de dados de estudos nacionais e internacionais concluiu que não foram apresentadas evidências científicas relacionadas à eficácia desinfetante do ozônio contra o vírus”.

A agência também alertou para os riscos do ozônio para os seres humanos: “…embora tenha ação desinfetante na água de consumo humano e seja utilizado com esta finalidade, principalmente na Europa, o uso do ozônio tem potencial para causar danos agudos e crônicos em humanos, caracterizados por lesões na pele, nas vias respiratórias e nos olhos, e por reações alérgicas”.

A nota esclarece, porém, que serviços de desinfecção e o uso de equipamentos ou estruturas que utilizam ozônio “não estão sujeitos a regularização junto à Anvisa”.

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Na última sexta-feira (14) a Prefeitura de Chavantes encerrou o expediente às 11h30, sob o argumento de desinfecção para Covid19. Por telefone, uma funcionária nos informou que o trabalho realizado foi de sanitização e desinfecção por ozônio.

A empresa contratada pela Prefeitura de Chavantes tem sede em Assis, e propaga ter “excelência em oxi-sanitização”. Segundo o site da companhia, a tecnologia utilizada é com geradores de ozônio e plasma frio em ambientes fechados, “aonde o próprio gás ataca alguns pontos de estrutura dos vírus, germes e bactérias, causando danos a integridade dos mesmos”.




Por meio de troca de mensagens por aplicativo, a empresa respondeu ao Jornal Biz que até o momento não há laudo que comprove a eficiência do uso do ozônio contra o vírus da Covid, mas citou um estudo da Unicamp que relata que “existe ação virucida com eficiência de 99,99%, mostrando o potencial da aplicação com gerador de ozônio em ambientes fechados para vírus do grupo coronavírus”. A pesquisa citada, no entanto, é desenvolvida pela startup Wier, que nasceu de um trabalho de conclusão de curso (TCC) em 2011, no laboratório do Instituto de Biologia da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).

A Prefeitura de Chavantes não respondeu os questionamentos enviados pelo Jornal Biz.

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